10 Erros de Português que você deve evitar

Dominar as regras da língua portuguesa é essencial para quem deseja escrever bem. Além de apresentar boas ideias e bons argumentos, você precisa também ter bastante cuidado com a nossa gramática, que, apesar da fama de difícil, pode sim ser dominada.

Um bom texto precisa respeitar os elementos da textualidade, e o respeito à norma padrão da língua está entre eles. Respeitar a norma padrão significa lançar mão de todo seu conhecimento sobre a sintaxe e sobre a semântica do português, bem como um amplo conhecimento sobre a ortografia. Os erros gramaticais ainda são o maior problema encontrado pelos professores e também pelos corretores de redações de concursos e vestibulares. É um verdadeiro festival de absurdos que acaba evidenciando não só a falta de cuidado do candidato na hora de escrever, mas principalmente a falta de conhecimentos sobre a língua que, teoricamente, deveria dominar.

Muitos erros são justificáveis em virtude da influência da oralidade na escrita, isso é inquestionável. Outros apenas denotam a falta de interesse do candidato pela gramática da língua portuguesa, o que infelizmente pode significar muitos pontos a menos na hora da correção de um texto. Dominar as regras gramaticais é uma das competências exigidas pelo Exame Nacional do Ensino Médio, o que significa que tropeços linguísticos não são admitidos. Aprender as regras não significa decorá-las, mas sim entendê-las e colocá-las a serviço da comunicação, pois um texto quando bem escrito transmite uma mensagem de maneira mais eficiente.

Para ajudar você em sua rotina de estudos, preparamos uma lista com os dez erros mais encontrados na redação de alunos de escolas regulares e também de candidatos em concursos e vestibulares. Esperamos que você aprenda com esses deslizes gramaticais e, principalmente, que você aprenda a evitá-los em suas próximas produções textuais. Vamos lá? Boa leitura e bons estudos!

  1. Confundir haver e a ver e vice-versa

Nada a ver ou nada haver? O correto é nada a ver. Devemos utilizar a expressão não ter nada a ver sempre que quisermos referir que algo não está relacionado e não diz respeito a alguma coisa. É sinônima de: não ter que ver, não ter relação com, não corresponder, não dizer respeito a, não ser do interesse de. Observe os exemplos:

Deve haver uma grande manifestação na Avenida Paulista no dia 15 de outubro por ocasião do dia dos professores.
Deve haver alguma maneira de conseguirmos atingir nossos objetivos.

Desculpe, mas não tenho nada a ver com seus problemas.
Essa roupa que você comprou não tem nada a ver comigo!

  1. Confundir a terminação dos verbos do pretérito do indicativo com a terminação dos verbos conjugados no futuro do indicativo

Se a sua intenção é escrever uma frase na qual o verbo esteja conjugado no pretérito do indicativo, a terminação dos verbos regulares será -am, e não -aõ. Observe o exemplo:

As crianças pediram para passear no shopping. (pediram = pretérito do indicativo)
As crianças pedirão para passear no shopping. (pedirão = Futuro do indicativo)

  1. Trocar o mas pelo mais e vice-versa

Mas é uma palavra usada principalmente como conjunção adversativa, possuindo o mesmo valor que porém, contudo e todavia. Transmite uma noção de oposição ou limitação. Mais é uma palavra usada principalmente como advérbio de intensidade, transmitindo uma noção de maior quantidade ou intensidade, ou como conjunção aditiva, transmitindo uma noção de adição e acréscimo. Tem sentido oposto a menos. Observe os exemplos:

Marcos tem prova na escola amanhã. Devia estar estudando, mas prefere jogar video-game com os amigos. (mas = conjunção adversativa)
Ele viria nas férias, mas aconteceu um imprevisto que adiou seus planos. (mas = conjunção adversativa)

Mariana é mais bonita do que Liliane. (mais = conjunção aditiva)
O funcionário pediu para ficar depois do expediente, pois precisava trabalhar mais e assim receber horas-extras. (mais = conjunção aditiva)

  1. Confundir o emprego dos vocábulos mau e mal

Mau é adjetivo.
Mal é advérbio.

O adjetivo mau é usado principalmente para indicar algo de má qualidade ou alguém que faz maldades, sendo sinônimo de ruim e malvado. Apresenta ainda diversos outros significados, sendo também sinônimo de nocivo, indelicado, incapaz, incorreto, endiabrado, difícil, indecente, entre outros. O advérbio mal é usado principalmente para indicar algo feito de forma errada e incorreta, sendo sinônimo de erradamente, incorretamente, insatisfatoriamente, negativamente, indevidamente, entre outros. Mal também é substantivo, podendo significar doença, moléstia, etc. Veja os exemplos abaixo:

Ele sofreu uma mal-estar súbito enquanto aguardava o voo para São Paulo. (mal = advérbio, contrário de bem)
Clarice mal chegou e já fez várias reclamações a respeito de nossa cidade. (mal = advérbio, contrário de bem)

Fernando foi mau aluno, por isso precisou repetir o ano na escola. (mau = adjetivo, contrário de bom)
Não permita que maus pensamentos te entristeçam. (mau = adjetivo, contrário de bom)

  1. Confundir o uso dos advérbios onde e aonde

Onde: O advérbio onde indica o lugar em que algo ou alguém está e deve ser utilizado para expressar ideia de lugar, de permanência. Observe os exemplos:

Onde você mora?
Onde estão os meus livros?
Você sabe onde deixei meu casaco?
O turista não sabia onde encontrar souvenirs.

Aonde: Ao contrário do advérbio onde, que indica permanência, o advérbio aonde indicará ideia de movimento, lugar para o qual se vai, destino/direção. Se você ficar em dúvida, observe se o verbo com o qual o advérbio onde se relaciona exige a preposição a. Caso a resposta seja afirmativa, a preposição deve ser agregada ao advérbio, formando assim a palavra aonde. Veja os exemplos:

Aonde você vai?
Eu não sei aonde você pretende chegar com essa história.
O funcionário chegou em uma posição na empresa aonde nenhum outro chegou.
Aonde eu vou, nem mesmo eu sei.

  1. Confundir em vez com ao invés de e vice-versa

Em vez de é uma locução prepositiva, significa “no lugar de”.
Ao invés de é uma expressão que deve ser aplicada em situações contrárias: Ao invés de subir, desceu./ Ao invés de andar, parou./ Ao invés de sorrir, chorou.

Veja os exemplos:

Em vez de viajar, ficaremos na cidade e economizaremos dinheiro. (em vez de = locução prepositiva)

Carol preferiu dormir em vez de estudar para a prova de Matemática de amanhã. (em vez de = locução prepositiva)

Ao invés de descer, o elevador subiu.
Ao invés de virar à esquerda, virou à direita

  1. Confundir o emprego das preposições sobre e soba

Sobre: A preposição sobre tem origem no latim super, e traduz a ideia de posição superior, algo que está por cima. Também pode substituir a preposição acerca de.

Sob: A preposição sob tem origem no latim sub e deve ser empregada para indicar algo que está debaixo, ou seja, em posição de inferioridade em relação a alguma coisa ou alguém. Observe os exemplos:

Observe os exemplos a seguir:

Ela deixou os livros sobre a mesa e saiu correndo, pois estava atrasada para a aula de natação.
Eles estavam conversando sobre a reforma da previdência durante o expediente.
Os pedestres tiveram que passar sobre as árvores que caíram devido as fortes chuvas.

As crianças ficarão sob meus cuidados até que os responsáveis venham buscá-las.
O estabelecimento foi reaberto e agora está sob nova direção.
A costureira fez roupas sob medida para a cliente.

  1. Utilizar a palavra mesmo com função de pronome pessoal

A palavra mesmo pode ser um pronome demonstrativo, substantivo ou adjetivo, mas jamais um pronome pessoal, ou seja, não deve substituir um sujeito na oração. Observe os exemplos:

Os suspeitos de assaltar o supermercado no centro da cidade foram encaminhados à delegacia. Os mesmos prestaram depoimentos e aguardarão em liberdade. (errado)

Os suspeitos de assaltar o supermercado no centro da cidade foram encaminhados à delegacia. Eles prestaram depoimentos e aguardarão em liberdade. (certo)

  1. Agente em vez de a gente

A gente é uma locução pronominal muito utilizada na modalidade oral, especialmente quando o coloquialismo dá as cartas no contexto comunicacional. A gente é empregado para substituir o pronome nós, pois ambos equivalem-se semanticamente. Contudo, se a situação exigir adequações à norma culta, prefira o pronome pessoal do caso reto nós. A expressão pode ser facilmente encontrada em textos literários, como poemas e canções. Veja os exemplos:

“(…) A gente não quer só comida
A gente quer comida, diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída para qualquer parte (…)”
(Comida, Titãs)

  1. Confundir o emprego das expressões para eu e para mim

Para eu: A expressão “para eu” deve ser empregada quando o pronome do caso reto “eu” assumir a função de sujeito na oração. Outra dica importante é observar a presença de um verbo: se o sujeito estiver seguido de um verbo no infinitivo que indique uma ação, não tenha dúvidas de que a maneira correta é “para eu”. Observe os exemplos:

Já arrumei minha mala para eu levar na viagem.
Há muito trabalho para eu fazer!

Para mim: A expressão “para mim” deve ser empregada quando “mim” exercer a função de objeto direto, já que “mim” é um pronome oblíquo que não pode exercer a função de sujeito quando esse apresentar um verbo posposto que indique ação. Ou seja, “mim” não faz nada, quem faz sou eu, nós, vós, eles… Observe os exemplos:

Eles trouxeram um belo presente para mim.
Para mim, Machado de Assis é o maior escritor brasileiro.

Luana Alves
Graduada em Letras

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1 comentário
  1. Rony Anderson Diz

    O importante é interpretar o texto assim podemos identificar e utilizar, a palavra que cairá de modo coesivo textualmente evitando erros.

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