Ansiedade, insegurança e medo em crianças pequenas

A criança compartilha de emoções e reações que consideramos fazer parte somente da vida dos adultos.

Criança só quer brincar. Qualquer outro sentimento que contradiga essa afirmativa sugere que algo está errado com o pequeno, certo?

Errado.

A criança compartilha de emoções e reações que consideramos fazer parte somente da vida dos adultos. Elas apenas não sabem como expressar o que sentem, e acabam agindo de forma que os adultos, por vezes, não conseguem interpretar e compreender.

Desde que aprende a se distinguir do ambiente que a cerca, a criança passa a vivenciar diferentes experiências, tanto prazerosas e estimulantes quanto desagradáveis e assustadoras.

Tudo é novidade, qualquer simples movimento ou ação adquire tonalidades mais intensas. E em meio a esse mar de emoções e novidades, os pequenos não sabem o que vem a seguir. E os pais (ou principais cuidadores) já não estão ali do lado o tempo todo para fornecer amparo e acalento.

E nem sempre se pode atribuir esses sentimentos confusos da criança à forma como os adultos a tratam. Claro que, especialmente nos primeiros anos de vida, existe muita facilidade em absorver informações e aprendizados, portanto, se um adulto diz “não vá ali porque o bicho papão vai te pegar”, certamente, isso vai despertar o medo na criança.

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Óbvio também que num ambiente inóspito, violento, ou de desamparo, a insegurança e a ansiedade vão se desenvolver com muito mais facilidade. Mas, com exceção dos casos citados, ou ocasiões semelhantes, esses sentimentos são comuns, e os comportamentos desencadeados por eles também.

Quanto menor a criança, menos ela saberá comunicar aos adultos o que sente, e com isso surgem os comportamentos de esquiva, as enureses noturnas, as crises de choro, as birras, e diversas outras formas de expressar que algo não está bem.

Nem sempre os adultos sabem lidar com essas alterações de comportamento, e acabam agindo de forma inadequada, que pode até agravar os incômodos da criança, como colocar de castigo no quarto, privar de alguma coisa que ela gosta, ou até dar umas palmadas.

Atitudes corretivas são necessárias em determinadas situações, mas se a criança já estiver ansiosa, insegura e temerosa, essas não serão as melhores formas de agir.

A maioria dos medos da criança está relacionada à possibilidade de perder a mãe (ou o cuidador imediato), mas essa não é a única fonte de ansiedade e insegurança. Os pequenos são dotados de muita imaginação, boa parte de suas brincadeiras e experiências são de natureza lúdica.

Isso significa que, um pequeno evento, que a princípio pareça pouco relevante, pode ser associado, mais tarde, a um temor de maior grandeza. Como, por exemplo, uma cena aparentemente inofensiva de um desenho, que seja relembrada na hora de dormir.

Ressalto aqui, que os adultos próximos à criança, em geral os pais, são as referências de apoio e segurança. Portanto, se a postura dos adultos divergir da forma como a criança os vê, isso acarretará uma série de sentimentos confusos, inclusive de desamparo e abandono.

Criança Angustiada

Mas, como agir nessas situações? Como aliviar os sentimentos de ansiedade, segurança e medo nos pequenos?
O ingrediente principal para confortar uma criança assustada e insegura é, sem dúvidas, o carinho. Ao invés de repreender, tente compreender. Imagine-se em uma situação totalmente nova, ou num local desconhecido, por exemplo, onde você não tenha a quem recorrer: angustiante, não é?

Tenha paciência. O que para um adulto parece bobagem, para a criança tem grande dimensão.
Tenha empatia. Mostre ao pequeno que você entende como ele se sente.

Dialogue muito! Sabe aquele modelo de educação baseado no autoritarismo e na falta de diálogo? É coisa do passado. Nossos pais nos criaram assim, nossos avós criaram nossos pais assim. Hoje sabemos o quanto uma relação baseada em conversa é importante para o desenvolvimento dos nossos filhos.

Então, esteja sempre com disposição para conversar, entender o que está acontecendo, identificar as angústias da criança, incentivá-la a verbalizar o que está sentindo e a também compreender os próprios sentimentos, para aprender, aos poucos, a lidar com eles.

Seja companheiro (a), entre no mundo lúdico das crianças para visualizar a situação do ponto de vista delas. Não exija que ela enfrente os medos sem que esteja preparada para isso, mas a conduza a superar suas inseguranças, gradualmente. Jamais use expressões do tipo “pare de frescura” ou “você já é grande para isso”.
E quando eu devo procurar ajuda profissional?

O acompanhamento profissional deve ser considerado somente diante do comprometimento funcional persistente da criança.

Se mesmo diante de todo suporte emocional e tratamento adequado por parte dos adultos, a criança apresentar limitações e não conseguir desempenhar atividades comuns, como ir à escola ou entrar no quarto sozinho, aconselha-se consultar um especialista, a princípio o próprio pediatra e, se necessário, um psicólogo.

Mas o que fica aqui evidente é que o remédio mais eficaz para abrandar a ansiedade, a insegurança e o medo das crianças, é o carinho, a compreensão, o diálogo e o amor da família.

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