História de Goiás – O início da Ocupação

Você já se perguntou por que o termo “roceiro” é negativo, pejorativo? Por que representa uma ideia de atraso?

Você já se perguntou por que o termo “roceiro” é negativo, pejorativo? Por que representa uma ideia de atraso? A história da construção e formação da região de Goiás desde o período colonial pode nos ajudar a entender isso.

Com as primeiras bandeiras começando a acontecer na primeira metade do século XVII, a região central, que hoje corresponde ao Estado de Goiás, era apenas um ponto de passagem para os bandeirantes que saíam de São Paulo em direção ao Norte do Brasil e à Bahia. Essas primeiras bandeiras tinham o objetivo de caçar índios, que começavam a se tornar escassos para o trabalho.

Muitos índios encontravam proteção nos acampamentos jesuítas, alguns membros da Companhia de Jesus defendiam a liberdade do índio e trabalhavam para sua catequização, lutando contra a escravidão dos nativos.

Inicialmente os bandeirantes usavam a malha fluvial dos rios Tietê, Parnaíba, Araguaia e Tocantins. Os primeiros registros das viagens dos bandeirantes por terra são de 1630 e a primeira expedição realizada por eles na região central em busca de ouro, foi registrada em 1664, liderada por Bartolomeu Barreiros de Ataíde, que subiu o Rio Tocantins em busca de uma mina de ouro relatada por uma escrava.Os bandeirantes buscavam acima de tudo, ouro.

Portanto, quando dizem que foi o Anhanguera que descobriu Goiás, isso não é verdade, a região já era frequentada e transitada pelos bandeirantes. O pioneirismo de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, está em ter sido ele, o primeiro a ter intenção de se fixar nas terras goianas, às margens do Rio Vermelho.

Bartolomeu Bueno da Silva - Anhanguera
Bartolomeu Bueno da Silva – Anhanguera

O que levou o Anhanguera a acreditar que em Goiás teria ouro, foi o simples fato de outros bandeirantes terem descoberto minas de ouro no Mato Grosso e em Minas Gerais. Ele intuiu que entre essas duas regiões também haveria de ter o metal precioso e resolveu organizar sua expedição para se fixar em Goiás.

Com a licença do Rei, autorizando o Governador a dar regimento à Bandeira, o Anhanguera sai de São Paulo em busca do ouro goiano. Uma viagem como essa poderia durar mais de três meses e depois de muitos problemas e perto da deserção de toda comitiva, o Anhanguera descobre ouro nas margens do Rio Vermelho, atual região da Cidade de Goiás.

Em 21 de outubro de 1725, Bartolomeu volta a São Paulo triunfante com as boas novas das descobertas de 5 jazidas, clima bom e fácil comunicação. A primeira região ocupada foi a do Rio Vermelho, com a formação do Arraial de Sant’ana que depois seria chamado de Vila Boa e, mais tarde, Cidade de Goiás, sendo por 200 anos, capital do território.

Rio Vermelho - Goiás
Rio Vermelho – Goiás

A região começa a sofrer uma intensa e desordenada imigração em busca do ouro, para onde se aponta uma nova jazida, para lá se arrasta o povo. O aumento da densidade demográfica impressiona, em 1736 registra-se 10.263 escravos negros nas Minas de Goiás.

Atráves do Pacto Colonial, a Metrópole determinava as regras de produção e escoamento do ouro em todas as regiões. Em Goiás, ficou determinado que só se produziria ouro, obrigando a importação dos outros bens na região.

Desta forma, a agricultura e a pecuária ficaram em segundo plano, apenas para a subsistência. Ser mineiro garantia um certo “status” para a pessoa que vivia do ouro nas minas, enquanto trabalhar na lavoura e na pecuária, eram características de atraso, daí o termo “roceiro” ser tão pejorativo para os goianos. Isso vai ser agravar com a decadência do ouro e o abandono da região no final do século XVIII que estudaremos em outro texto.

Carlos Beto Abdalla
Historiador e Mestre em Estudos Literários

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