A Questão Judaico Palestina

A região conhecida como Oriente Médio é palco de diversos conflitos envolvendo desde questões religiosas e étnico-culturais até atritos por disputas territoriais.

É comum ligarmos o nosso televisor e nos depararmos com alguma notícia sobre ataques, bombardeios ou outro tipo de conflito na região, chegamos até a pensar que a paz entre os povos que ali habitam é algo impossível de ser alcançada.

Dois personagens estão no centro dessas desavenças: Israel e Palestina, a rivalidade entre os eles é milenar, sendo narrada desde os tempos bíblicos e atravessando os séculos. Autoridades do mundo inteiro já se empenharam em intermediar uma trégua entre os envolvidos, mas os acordos de paz parecem estar longe de se concretizarem.

No período histórico denominado de Idade Antiga, o Império Romano dominou uma extensa faixa de terra que extrapolava o continente europeu. A região conhecida como Oriente Médio que se estende desde o mar Mediterrâneo à Índia também foi atingida pelo expansionismo romano.

Mapa Oriente Médio
Mapa Oriente Médio

Mas, uma das províncias da região se negava a ser submetida ao poder do mais poderoso império, dando início a uma rebelião que mudaria a história dos povos envolvidos.

A Judéia era dominada pelo poder dos romanos, conhecida por ser o berço do cristianismo e local do nascimento de Jesus Cristo, a província liderou uma rebelião contra o domínio do império romano, o que desencadeou uma forte repressão contra os seus habitantes.

A Diáspora

A rebelião dos judeus contra o domínio do império romano desencadeou em uma invasão liderada pelo general Tito no ano 70. A violência dos invasores provocou a destruição dos templos judaicos e a expulsão desses povos para outras regiões como Ásia, a Europa e o norte da África.

O episódio ficou conhecido como Diáspora e foi responsável pela segunda dispersão do povo judeu, a primeira ocorreu quando o rei Nabucodonosor destruiu Jerusalém e enviou seus habitantes para a Babilônia.

A segunda Diáspora não chegou ao fim com a expulsão dos habitantes da Judeia, os romanos não satisfeitos com esse fato, passaram a perseguir os judeus e a combater a sua religião, que se baseava no culto em um único Deus.

A perseguição contra esse povo foi intensificada no século IV quando ocorreu a conversão do imperador Constantino ao cristianismo. Os judeus foram acusados de serem os assassinos de Jesus Cristo, o que levou a sua marginalização e exclusão dentro do continente europeu.

Historicamente os judeus sofreram perseguições em diversos períodos, cabe lembrar que nas primeiras décadas do século XX o chefe da nação alemã Adolf Hitler empreendeu uma grande caçada e matança de judeus baseada na sua teoria fantasiosa conhecida com a teoria da raça ariana, que culminou em um dos maiores massacres da história conhecido como Holocausto.

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A dispersão dos judeus por várias regiões do mundo fez com que eles se tornassem um povo cosmopolita, que influenciou e absorveu costumes e práticas culturais dos lugares por onde passou.

Apesar de se estabelecerem em outras localidades, os judeus nunca abandonaram o desejo de voltar para o seu território de origem. No século XX, eles iniciaram uma intensa onda migratória para a Palestina, o que através de uma sucessão de fatos gerava a necessidade da criação de um estado judaico.

Os planos de reunir os judeus em um estado próprio, Israel, vêm desde o século XIX, essa intenção ficou conhecida como Sionismo. A expressão deriva da palavra Sião, nome de um dos montes localizado nos arredores de Jerusalém.

A Criação do Estado de Israel

A criação de um Estado que abrigasse a população judaica se esbarrava na resistência dos árabes que ali estavam fixados desde o século VII. Os acordos para a divisão do território palestino entre árabes e judeus intensificou a discórdia entre esses povos, que já era antiga devido a questões religiosas.

Com o final da Primeira Guerra Mundial os britânicos passaram a dominar a região da Palestina, e juntamente com os países aliados demonstrava parecer favorável à criação de um Estado judaico.

O controle da Palestina pelos britânicos motivou a migração de judeus para a região. A intensa migração desagradou aos árabes, dando início a uma série de conflitos envolvendo os dois povos.

Com a perseguição sofrida pelos judeus durante a Segunda Guerra Mundial e as barbáries cometidas contra esses povos nos campos de concentração e extermínio, a ONU determinou a divisão do território para a criação de dois Estados independentes: Israel e Palestina. A medida visava além de outros fatores se desculparem historicamente com os judeus.

Divisão entre Israel e Palestina realizada pela ONU
Divisão de Israel e Palestina realizada pela ONU

A divisão do território palestino foi mal recebida por seus habitantes e pelos povos árabes vizinhos à Palestina. A reação negativa desses povos à criação de um Estado judaico dentro do território árabe desencadeou diversos conflitos que se estendem até os dias de hoje.

Entre as razões dos desentendimentos estão às disputas pelos territórios considerados sagrados pelos dois povos. O episódio resultou na primeira guerra árabe-israelense, que terminou com a vitória dos israelenses. Israel conta com a ajuda e apoio dos Estados Unidos na resolução das divergências com os árabes.

Com o fim da primeira guerra entre os judeus e árabes, muitos palestinos abandonaram suas casas e foram viver em regiões não controladas por Israel. O episódio resultou no crescimento no número de refugiados palestinos nos países árabes vizinhos à Palestina.

Para tentar solucionar a questão palestina, em 1964 foi criada a OLP-Organização para a Libertação da Palestina. A OLP era liderada por Yasser Arafat e tinha como objetivo a luta pela afirmação da soberania palestina. Arafat se tornou o principal líder dos palestinos na luta contra o Estado de Israel.

Diversos acordos como o de Camp David e o Acordo de Oslo foram assinados na tentativa de estabelecer a paz no Oriente Médio, mas apesar dos esforços os conflitos ainda continuam deixando o território instável, tornando a região um “barril de pólvoras” prestes a explodir.

Lorena Castro Alves
Graduada em História e Pedagogia

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