A Revolução Farroupilha

O que foi a revolução da farroupilha, quais foram seus líderes e objetivos? Conheça mais sobre a revolução comemorada no dia 20 de setembro.

O que foi a Revolução da Farroupilha? O nome “farroupilha”, segundo alguns historiadores, seria uma referência aos participantes do movimento desprovidos de posses, mas apesar do apelido, os líderes da rebelião eram membros da elite agrária do sul do país. Ocorrida na província do Rio Grande do Sul, a revolta culminou na proclamação da República Rio-grandense.

A revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos estourou durante o período regencial no ano de 1835 e se estendeu até o ano de 1845 já no Segundo Reinado.

Revolução Farroupilha Causas

  • Desigualdade social
  • Péssimas condições de vida de grande parte da população

Ao analisarmos as causas das rebeliões sociais ocorridas durante o Período Regencial (1831-1840), chegamos à conclusão de que em sua maioria foram motivados pelas desigualdades sociais e péssimas condições de vida a qual estava sujeitada uma grande parcela da população brasileira.

A Revolta dos Malês, Cabanagem, Balaiada, Sabinada, tinham em sua essência, o desejo de um povo sofrido por uma vida melhor, os escravos africanos e seus descendentes também aderiram a essas rebeliões em busca de sua alforria. Apesar do forte apelo social contido nessas revoltas, uma delas foi liderada por uma elite agrária que visava emancipação política e econômica: a Revolução Farroupilha.

Revolução Farroupilha Motivos

  • Problemas políticos com o governo imprerial
  • Necessidade de maior autonomia por parte dos liberais
  • Impostos altíssimos cobrado no comércio de couro e charque
  • Contra a entrada de couro e charque importado de países custo valor era mais barato

Durante o período regencial, uma das características do governo federal era a forte centralização do poder. Os presidentes das províncias eram escolhidos para atender aos interesses do imperador ou dos regentes, a falta de autonomia política era um fato que desagradava às elites locais.

Problemas políticos

No Rio Grande do Sul não se fazia diferente, na época da revolução, quem presidia a província era Antônio Rodrigues Fernandes de Braga, sua escolha para ocupar o cargo causava desconforto entre as oligarquias locais em relação ao poder central, o que se tornou uma das razões para a eclosão do movimento.

Autonomia por parte dos liberais

Além desse motivo, os donos de grandes propriedades rurais dedicados à criação de gado e agricultura, chamados de estancieiros, reivindicavam maior autonomia econômica e o fim dos altos impostos sobre o couro e o charque gaúcho (carne de vaca salgada, também conhecida como carne seca).

Altos tributos

Os altos tributos sobre os produtos do sul prejudicava o comércio com outras províncias brasileiras, o que incentivava a população a comprar o charque vindo da Argentina.

Os estancieiros gaúchos faziam parte da elite local, seu poder não era apenas resultado das grandes terras que possuíam, mas também reflexo dos cargos que muitos ocupavam em postos militares nas regiões da fronteira com o Uruguai.

Entrada de couro e charque importado

A carne comercializada por eles também era enviada ilegalmente para o país vizinho, o que foi proibido pelo governo central. A proibição não colocou fim as transações comerciais com o Uruguai, pois o comércio continuou a ser praticado de forma ilegal, porém limitou os interesses agropecuários dos fazendeiros.

Revolução Farroupilha Líderes

O principal líder da Revolução Farroupilha foi Bento Gonçalves, militar gaúcho que entre suas pretensões estava o desejo de proclamar a independência da província do Rio Grande do Sul.

Após alguns confrontos locais, as tropas lideradas por Bento invadiram e dominou a cidade de Porto Alegre, o golpe culminou com a deposição do presidente da província e a expulsão das tropas militares do governo federal. A investida resultou na proclamação da República Rio-grandense, cuja primeira sede foi estabelecida na Vila Piratini.

Com a prisão de Bento Gonçalves (o que não o impediu de ser aclamado presidente da república gaúcha) em 1835, a liderança do movimento passou a ser exercida por Antônio de Souza Neto.

Quanto tempo durou a Guerra dos Farrapos

A guerra dos farrapos teve uma duração de dez anos, o que acabou provocando um saldo de cerca de quarenta mil mortos, o que caracterizou a revolta como a guerra civil mais longa e sangrenta que se tem notícia na história do Brasil.

Com a fuga de Bento Gonçalves da prisão em 1837, finalmente ele pode assumir de fato a liderança da república Rio-grandense.

Em liberdade, o líder dos rebeldes farrapos foi responsável por diversas investidas militares na região, inclusive a tomada da cidade de Laguna na província de Santa Catarina, o que resultou na fundação da República Juliana.

Expansão do movimento

A expansão do movimento para a província de Santa Catarina, contou com a participação de Davi Canabarro e o lendário rebelde italiano Giuseppe Garibaldi.

O “herói” italiano se tornou mundialmente conhecido por sua participação em movimentos de independência e unificação política na Europa e na América do Sul. A proclamação da República Juliana vigorou por pouco tempo, após quatro meses de emancipação ela foi extinta pelas tropas do governo federal.

Constituição da República Rio-grandense

A criação da Constituição da República Rio-grandense buscou embasamento na própria constituição do império, promulgada em 1824, porém alguns pontos inseridos nela davam conta do caráter liberal moderado de seus criadores.

Enquanto o governo federal era orientado por quatro poderes (executivo, legislativo, judiciário e moderador), a nova república partia do princípio da divisão em apenas três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, o Senado também ganhava um destaque especial nessa Constituição.

Teoria dos três poderes

A teoria dos três poderes se originou no movimento intelectual conhecido como Iluminismo, essa divisão visa justamente evitar a ascensão de governos autoritários.

A constituição também demonstrou a preocupação do governo gaúcho em conceder maior liberdade individual e de imprensa, além de incentivar o desenvolvimento do comércio e da indústria através da concessão de maior liberdade econômica.

Educação

Outro ponto que merece destaque é a preocupação com a educação, a carta se comprometia em oferecer a população o ensino primário gratuito.

Seguindo o exemplo da Constituição do império, a religião oficial da República Rio-grandense seria o catolicismo, aos adeptos de outras rebeliões ficava permitida a celebração de cultos apenas domésticos.

Mesmo com algumas características liberais, os líderes do governo gaúcho mantiveram o caráter censitário no processo eleitoral (o direito ao voto era restrito aos indivíduos com maior poder aquisitivo) e a manutenção do regime escravagista.

Abolição dos escravos

A abolição dos escravos era um ponto de divergência entre os participantes do movimento, a medida era vista com ressalvas, já que grande parte dos estancieiros dependia dos serviços dos negros escravizados.

Iniciado durante o período regencial, a guerra dos farrapos se prolongou ainda no Segundo Reinado, mas o movimento começou a perder forças devido a forte repressão empreendida pelo governo federal.

A Batalha

As tropas do governo federal eram comandadas por Luiz Alves de Lima e Silva, conhecido como Duque de Caxias. As sucessivas derrotas das tropas farroupilhas levaram os revoltosos a entrar em acordo com o governo imperial.

Em 1845 os dois lados assinaram um documento chamado de Paz de Ponche Verde, o que simbolizava a pacificação e o fim da Revolução Farroupilha.

Com a assinatura do acordo, ficou determinada a anistia dos revoltosos farroupilhas, a incorporação dos militares gaúchos no Exército Imperial, devolução de terras dos estancieiros, libertação dos escravos que lutaram durante o movimento e o aumento dos tributos sobre o charque argentino, uma das reivindicações iniciais dos participantes da revolta. Com a paz estabelecida, a República Rio-grandense foi novamente incorporada ao território nacional.

Lorena Castro Alves
Graduada em História e Pedagogia

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