Sistema Rh e Sistema MN

O sistema Rh foi descoberto em 1940 pelos cientistas Landsteiner e Wiener, usando hemácias de macacos da espécie Macaca rhesus, por isso o nome sistema Rh. Landsteiner e Wiener injetaram as hemácias desses macacos em coelhos e observaram que foram formados anticorpos para tentar combate-las. O sangue das cobaias, no caso os coelhos, foi centrifugado e pode-se obter um soro que continha os anticorpos que aglutinavam o sangue dos macacos. Esses experimentos trouxeram a descoberta do antígeno na membrana das hemácias que eram diferentes dos aglutinogênios A e B, ao qual chamaram de anti-Rh.

Teste realizado em 1940 pelos cientistas Landsteiner e Wiener onde descobriram a existência do fator Rh no sangue humano
Teste realizado em 1940 pelos cientistas Landsteiner e Wiener onde descobriram a existência do fator Rh no sangue humano

Esse antígeno é controlado por genes independentes, ou seja, os genes do sistema Rh não têm ligação com os genes do sistema ABO. Podemos encontrar as mesmas proteínas das hemácias em muitos animais diferentes, como por exemplo os humanos e os macacos superiores, que podem compartilhar vários tipos de sistema sanguíneo existentes. Isso infere em um indício evolutivo para essas espécies.

Na experiência realizada por Landsteiner e Wiener, gotas de sangue de um indivíduo humano que continha o soro anti-Rh, mais de 80% dos indivíduos apresentavam aglutinação e somente o restante não apresentava nenhuma aglutinação. Concluiu-se então que o grupo em que a amostra de sangue aglutinava apresentava o antígeno Rh e eram chamados de grupo Rh+ e o que não aglutinava não possuía o antígeno, sendo assim chamado de grupo Rh-.

Os indivíduos negativos são vão apresentar anticorpos se receberem, em algum momento de suas vidas, hemácias com Rh positivo. A herança do fator Rh é condicionada por três genes: RR, Rr ou rr, sendo R o alelo dominante que expressa o fator Rh+ e r o alelo recessivo que expressa o fator Rh-.

Genótipos Fenótipos
RR Rh+
Rr Rh+
rr Rh-

Eritroblastose fetal

A diferença de fator Rh em um casal pode provocar a doença hemolítica do recém-nascido, conhecida também como eritroblastose fetal. Isso acontece quando uma mulher Rh- tem filhos com um homem Rh+ pois, nesse caso, existem duas possibilidades de fator Rh para os filhos, que serão condicionadas caso o homem seja puro (RR) ou híbrido (Rr). Caso o homem seja puro, todos os filhos desse casal serão Rh+, caso ele seja híbrido, podem nascer tanto filhos Rh+ quanto Rh-.

Quando o primeiro filho apresenta Rh-, ou seja, o mesmo da mãe, não existe incompatibilidade pois os dois não possuem antígenos. Entretanto, se o primeiro filho for Rh+ a mãe poderá entrar em contato com as hemácias do filho no parto e até mesmo dias antes do nascimento quando uma pequena quantidade de sangue do feto escapa para o organismo materno e, ser sensibilizada e passar a produzir o anticorpo anti-Rh.

A produção desse anticorpo não é imediata e o primeiro filho não terá incompatibilidade com a mãe, porém se esse casal tiver mais um filho com Rh+, durante a gestação os anticorpos da mãe já estarão concentrados no sangue e podem atravessar a placenta, provocando assim a aglutinação das hemácias do feto, ai então a criança será portadora da doença hemolítica do recém-nascido ou eritroblastose fetal, que pode causar a morte do bebê.

Em muitos casos graves, ocorre um aborto espontâneo quando a eritroblastose fetal acomete o feto. Se a criança nascer, ela pode ser salva se houver uma troca gradativa de seu sangue por outro que possua Rh-, dessa forma as hemácias não serão destruídas e o organismo da criança terá tempo para eliminar os anticorpos da mãe até que ele produza hemácias Rh+ novamente.

A eritroblastose fetal pode ser prevenida se logo após o primeiro parto de uma criança Rh+, a mãe Rh- receber uma aplicação de anticorpos anti-Rh. Eles destruirão as hemácias positivas que o feto deixou no sangue da mãe e impede a sensibilização do organismo dela, isto é, o desencadeamento da produção de anticorpos maternos que causarão problemas no segundo filho. Como o corpo da mãe não “aprendeu” a fabricar anticorpos, a mãe fica livre para ter outro filho sem a possibilidade da doença.

Eritroblastose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido
Eritroblastose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido

Sistema MN

Existem dezenas de sistemas sanguíneos utilizados na espécie humana pois podemos encontrar muitos antígenos diferentes na superfície das hemácias. No sistema MN os dois genes encontrados são conhecidos como LM e LN. O gene LM produz antígeno M e o gene LN produz antígeno N. Esses genes são codominantes e por isso esse grupo apresenta três genótipos e três fenótipos também, veja o quadro a seguir.

Genótipos e fenótipos do sistema MN
Genótipos e fenótipos do sistema MN

Nesse sistema a produção de anticorpos também só acontece após a sensibilização. O estudo desses grupos sanguíneos diferentes é importante para determinar características de origem e evolução, para realizar transfusões sanguíneas e também para determinação de paternidade nas populações humanas.

Denisele Neuza Aline Flores Borges
Bióloga e Mestre em Botânica

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