Unidades de Conservação

O que é uma unidade de conservação? Preservar e conservar são a mesma coisa?

Quando pensamos em preservação da natureza logo nos vem a cabeças parques nacionais, cheios de animais, verdadeiros santuários da vida silvestre. Antes de tudo, vamos esclarecer alguns conceitos.

Em programas ambientais, geralmente utilizam muito a expressão “preservação da natureza” e algumas vezes falam que é necessário “conservar o meio ambiente”. Conservar e preservar são a mesma coisa? NÃO. E vamos esclarecer essa dúvida agora.

Preservar uma área significa isolá-la de qualquer interferência antrópicas, ou seja, não permitir que nenhum contato humano seja feito nela desse momento em diante. Que seja visitação ou pesquisa. Nenhum contato.

Já conservar uma área, prevê o uso desta com o mínimo de degradação possível é nesse ponto que entram as Unidades de Conservação.

Unidades de conservação

As Unidades de conservação são áreas cujo principal objetivo é proteger a biodiversidade, recursos hídricos, solo e recuperar áreas que tenham sido afetadas por ação antrópica.

Essas unidades podem ser divididas em duas categorias: Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável.

Nas unidades de proteção integral, o uso dos recursos providos só é permitido de forma indireta, ou seja, não podem ser coletados, consumidos ou usufruídos de forma que gere algum dano.  Nessas unidades podem ocorrer apenas atividades como visitações e pesquisas.

As unidades de uso sustentável permitem a coleta e uso dos recursos naturais presentes em suas áreas, mas desde que esse uso seja feito de forma que não esgote o recurso e permita que os processos de sucessão ecológica ocorram naturalmente.

Além dessas duas categorias, essas unidades se dividem em sub categorias específicas, que vão ser estabelecidas de acordo com algum critério específico. Essas subcategorias são:

Unidades de Proteção Integral Unidades de Uso Sustentável
Estação Ecológica (ESEC) Área de Proteção Ambiental (APA)
Reserva Biológica (REBIO) Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE)
Parque Nacional (PARNA) Floresta Nacional (FLONA)
Monumento Natural (MN) Reserva Extrativista (RESEX)
Refúgio de Vida Silvestre (REVIS) Reserva de Fauna (REFAU)
Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS)
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN)

O estabelecimento de uma unidade de conservação não se dá de forma aleatória, geralmente há algumas razões bem específicas para que um local seja inserido em qualquer uma dessas categorias. Alguma peculiaridade geológica, uma espécie ameaçada de extinção com boa ocorrência na área, são alguns critérios que favorece o estabelecimento de uma Unidade de Conservação.

Curiosidades:

– A primeira unidade de conservação estabelecida por decreto legal no mundo foi o Parque Nacional de Yellostone em 1 de março de 1872 abrangendo parte dos estados do Wyoming, Idaho e Montana, nos Estados Unidos.

O parque foi inicialmente criado com o intuito de preservar as áreas dos gêiseres, que são fontes de águas termais que periodicamente entram em erupção, lançando a água por metros acima. No entanto, indiretamente acabou servindo como refúgio para várias espécies ameaçadas, como o bisão americano (Bison bison).

No Brasil, a primeira unidade de conservação criada foi o Parque Nacional do Itatiaia, de 14 de junho de 1937, por decreto assinado pelo então presidente Getúlio Vargas. A área do parque abrange parte dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo e contém várias espécies ameaçadas como o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) e o apuim-de-costas-pretas (Touit melanonotus)

Pico das Agulhas Negras, o ponto mais alto do Parque Nacional do Itatiaia
Pico das Agulhas Negras, o ponto mais alto do Parque Nacional do Itatiaia

Com 3.865.188,53 ha, a maior unidade de conservação do Brasil é o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, estabelecido entre os estados do Amapá e do Pará em 22 de agosto de 2002, durante a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Dentre proteção integral e uso sustentável o bioma brasileiro com o maior número de unidades de conservação é a Mata Atlântica (828), seguida pelo Cerrado (326), Amazônia (304), Caatinga (126), Pampa (20) e Pantanal (19). O Brasil também conta com 98 unidades de conservação estabelecidas em áreas marinhas.

Cuidar da biodiversidade é uma responsabilidade que passa de geração após geração afim de manter que os recursos naturais existentes permaneçam e suas percas sejam reduzidas para que cada vez mais a humanidade compreenda que na nossa maior riqueza está nossa maior chance de futuro.

Paulo Ribeiro
Biólogo, Mestre em Zoologia Aplicada

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