Em crise, startup de US$ 1 bilhão demite mais de mil funcionários

Entre a evolução exponencial das startups no Brasil, o hipermercado Facily se mostrava como um dos grandes casos de sucesso no contexto da inovação.

Entre a evolução exponencial das startups no Brasil, o hipermercado Facily se mostrava como um dos grandes casos de sucesso no contexto da inovação. Um pouco mais de três anos depois da sua fundação, em dezembro do ano passado, a Facily alcançou o status de “unicórnio”, que são as startups com valor de mercado superior a US$ 1 bilhão. Entretanto, a realidade mostrava uma empresa problemática que acabou demitindo, 120 dias depois, aproximadamente mil pessoas, entre colaboradores e terceirizados.

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Sobre a Facily

A Facily tem como função ser um hipermercado digital, que vende alimentos e produtos de limpeza através de um aplicativo próprio. Visando a minoração de custos, a empresa entrega os produtos vendidos em pontos específicos, onde os clientes podem ir retirá-los. A cadeia simplificada acabou atraindo investidores.

A companhia arrecadou US$ 385 milhões entre novembro e dezembro. Essa posição fez com que ela ficasse atrás apenas de empresas como Nubank e QuintoAndar.

O CEO da companhia, Diego Dzodan, falou sobre a evolução da empresa. “Com os novos investimentos recebidos, a empresa irá focar na eficiência logística para acelerar as entregas dos pedidos realizados na plataforma, além de trabalhar na expansão nacional da empresa”, escreveu.

Demissões

Entretanto, depois de quatro meses, chegaram os cortes. A empresa tinha como objetivo minorar 60% dos gastos com funcionários, e mais de 350 colaboradores diretos acabaram perdendo o emprego, conforme informações não oficiais. Ainda que a companhia não falasse publicamente sobre seu quadro de colaboradores, todos sabiam que ele girava entre 800 e 900 pessoas.

Em março, os terceirizados começaram a ser dispensados também. A empresa i9 Xperience Center prestava serviços como atendimento e suporte logístico com cerca de mil funcionários, que exerciam suas funções dentro das dependências da companhia.

Assim, 900 funcionários da i9 foram dispensados devido ao corte na folha, e dentre esses, 700 compõem um grupo de pessoas com contrato de pessoa jurídica com a empresa. Os funcionários da i9 dizem que aproximadamente 200 pessoas que trabalhavam em regime CLT também perderam seus empregos.

Por e-mail, Dzodan escreveu que os cortes foram realizados por uma “repriorização” de projetos. “Até o final do ano passado, o cenário brasileiro era diferente e promissor, mas assim que entramos em 2022 já vimos que o cenário, a contenção e os avanços seriam diferentes e mais cautelosos por todos. Inclusive por conta das altas taxas de juros, a instabilidade política e social que abalou mercados e investidores de todo o mundo”, escreveu ele.

O CEO não confirmou o número exato de funcionários que foram demitidos, tampouco o tamanho da redução na folha de pagamentos. Segundo Dzodan todas as áreas foram “reorganizadas de acordo com a priorização dos projetos”.

Um grupo de ex-funcionários disse que as dispensas foram distribuídas em diversos níveis e setores. Entretanto, o ponto que chamou atenção foi a demissão de 150 colaboradores do departamento de tecnologia, o que vai em direção oposta ao atual mercado de startups.

O CEO nega que tenha havido um mau planejamento: “Contratamos conforme o planejamento organizacional. Os cenários nacionais e globais vão mudando e, automaticamente, projetos vão sendo repriorizados”, justificou.

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