Startups sofrem queda nos preços e empresas apostam nesta nova fase
Segundo Fernando Cirne, presidente da Locaweb, algumas empresas continuam cobrando valores altos, mas as investidoras estão liberando poucos recursos.
Com a piora do cenário da economia, o mercado de startups está passando por uma certa mudança. Durante a pandemia, este tipo de investimento “pegou fogo”, o que levou à cobrança de valores irreais por parte das empresas.
Mas com a economia voltando a uma certa normalidade, as empresas investidoras resolveram “congelar” os valores.
Esse “congelamento”, que é uma manutenção estática dos valores, faz com que o mercado tenha um choque de realidade, sendo algo promissor para empresas que querem investir neste tipo de segmento.
Segundo Fernando Cirne, presidente da Locaweb, que foi uma compradora em série desde 2018, algumas empresas continuam cobrando valores altos, mas as investidoras estão liberando poucos recursos. Quem não entender a nova situação, vai acabar falindo, trazendo novas oportunidades a quem deseja adequar sua marca.
Essa queda nos investimentos deve-se ao aumento dos juros, tanto no Brasil quanto no exterior, e isso leva as startups a buscarem alternativas para continuar em crescimento. Entre as alternativas estão os cortes de funcionários e custos, e ainda a contratação de um gerente de vendas.
No segundo semestre do ano a situação deve melhorar para as startups, pois possivelmente haverá uma desaceleração na retomada da economia. E então, grandes empresas vão atrás de startups que ofereçam descontos. “Para quem tiver dinheiro em caixa, a crise vai apresentar uma grande oportunidade, e as grandes empresas devem liderar esse movimento com o uso de ferramentas como os CVCs, ou corporate venture capital (fundos criados por empresas para aquisições)”. Quem explica isso é o sócio da consultoria F5, Renato Mendes.
O Bradesco é uma das empresas abertas para estes negócios, e já adquiriu este ano a Digio, por metade do valor – R$ 645 milhões.
Este tipo de grupos de aquisição está crescendo cada vez mais no País, e saltou de nove para 73, de 2015 a 2021, quando foi feito o levantamento pela consultoria Bain & Company. E, segundo o sócio da companhia, Andre Fernandes, este ano no País, as CVCs devem ultrapassar 100.
Com essa previsão otimista, muitas empresas estão criando fundos para investirem um futuro próximo. É o caso da Stefanini, onde seu criador está criando um fundo independente, para não ter ligação direta com a empresa. “Nosso sucesso com a Stefanini Ventures nos estimulou a investir em formatos diferentes.
A indústria de venture capital no Brasil tem espaço para crescer, e estamos bem otimistas com o novo projeto”, disse Stefanini, que também está à procura de novos sócios para o CVC.
Foram divulgados os resultados das empresas que mais adquiriram startups no ano passado, e quem ficou em primeiro lugar foi o Magazine Luiza, que fez 11 aquisições. A empresa foi seguida pela Locaweb e pela Méliuz, com 8 aquisições cada.
Embora tenha chamado a atenção no último ano, hoje, com a queda nos valores, a Magazine Luiza está sendo vista como exagerada, mas seguirá investindo em aquisições, e por meio de seu próprio caixa, sem fundos independentes.
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