Futebol de 5 – História, Regras, Curiosidades, Campo e Como Jogar

Deficientes visuais têm nesta modalidade a oportunidade de disputar partidas do esporte que é a maior paixão nacional.

Que o Brasil é um dos maiores nomes do futebol mundial todo brasileiro já sabe. O que muita gente desconhece é a existência de outra seleção brasileira de futebol que dá show dentro de campo, e também é um referência mundial.

Trata-se da seleção brasileira de Futebol de 5, uma modalidade voltada exclusivamente para atletas cegos. No Brasil, os campeonatos do esporte acontecem desde 1978, mas somente a partir de 2004 é que ele tornou-se parte do programa dos Jogos Paralímpicos.

Desde então a nossa seleção é campeã absoluta da competição, além de ser pentacampeã mundial. O quinto título foi conquistado em 2018, quando o Brasil venceu a Argentina por 2×0, em Madri, na Espanha. Vale lembrar que esta foi a sétima Copa do Mundo, o que destaca a soberania verde-amarela.

História

Os primeiros relatos da prática de futebol por cegos no Brasil são da década de 50. Naquela época as pessoas praticavam a modalidade usando latas, garrafas e até mesmo sacolas plásticas.

As disputas eram muito comuns nas instituições criadas para a apoiar os deficientes visuais, como por exemplo o Instituto Padre Chico, em São Paulo, o Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro e o Instituto São Rafael, em Belo Horizonte.

Oficialmente, o Comitê Paralímpico Internacional (IPC) reconhece que o primeiro campeonato de futebol entre clubes, disputado por cegos, aconteceu em 1986, na Espanha.

Entretanto, em 1978 aconteceu a primeira competição desta natureza no Brasil. As Olimpíadas das APAEs, realizadas no Rio Grande do Norte, marca o início das disputadas do esporte em território nacional. Poucos anos depois, em 1984, na cidade de São Paulo foi realizada a primeira Copa Brasil.

Na América do Sul, a Federação Internacional dos Desportos para Cegos (IBSA) admite como o primeiro torneio do esporte a Copa América de Assunção, organizada pela própria instituição em 1997. Argentina, Brasil, Colômbia e Paraguai participaram do torneio no qual a seleção brasileira sagrou-se campeã.

No ano seguinte foi realizado o primeiro campeonato mundial, na cidade de Paulínia, interior de São Paulo. Na final, em uma disputa acirrada contra a Argentina, o Brasil mais uma vez foi campeão.

Aqui, a entidade responsável por gerir o Futebol de 5 é a Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV). A nível mundial, a Federação Internacional dos Desportos para Cegos (IBSA) fica a cargo da gestão.

Regras

Veja as principais regras do Futebol de 5 e como praticar o esporte, que ainda é praticado apenas por atletas do sexo masculino. De modo geral elas são muito similares às do futebol, mas sempre guardando suas especificidades:

  • Somente atletas cegos ou com deficiência visual podem disputar as partidas;
  • Para garantir a igualdade de condições, todos eles jogam vendados;
  • O goleiro é o único jogador que enxerga;
  • Dentro da bola há alguns guizos que permitem que os jogadores sejam guiados pelo som;
  • As partidas possuem dois tempos de 25 minutos com um intervalo de 10 minutos entre eles;
  • Cada time é formado por cinco jogadores, sendo quatro na linha e um goleiro;
  • Há, ainda, um guia, que recebe o nome de “chamador”. Ele fica atrás do gol adversário e é o responsável por orientar o ataque do seu time, alertando para a direção do gol, posicionamento da diversão adversária, quantos adversários estão marcando e as dicas para armação das jogadas;
  • Mas vale frisar que o guia só pode dar essas informações a partir do momento em que o jogador encontra-se no terço de ataque;
  • Há uma pequena área de 5×2 metros, na qual o goleiro não pode pegar na bola e nem sair para fazer defesas;
  • Depois da terceira falta é cobrado um tiro livre da linha de oito metros ou do local onde a falta foi sofrida;
  • Para evitar choques, sempre que vão se deslocar no sentido da bola os jogadores precisam falar a palavra “voy”, que em espanhol significa “vou”;
  • Se o juiz não ouvir a pronúncia da palavra ele marca falta para o jogador.

Classificação

Apesar de existirem três classes, nos Jogos Paralímpicos somente os atletas totalmente cegos da classe B1, podem competir. Eles não têm nenhuma percepção da luz, ou podem percebê-la, mas sem reconhecer uma mão a qualquer distância ou direção. As classes são indicadas pela letra B, de blind, que em inglês, significa cego.

B1 – Os atletas são totalmente cegos e não possuem percepção de luz em qualquer um dos olhos, ou se a tem, não conseguem fazer a distinção do formato de uma mão a qualquer distância ou direção.

B2 – Os jogadores conseguem perceber vultos e conseguem reconhecer o formato de uma mão, até a acuidade visual de 2/60 e/ou campo visual menor que 5 graus.

B3 – Nesta classe os jogadores conseguem fazer a definição das imagens. A acuidade visual de 2/60 a 6/60 e/ou campo visual maior que cinco graus e menor que 20 graus.

Campo

Inicialmente o esporte era praticado em quadra de futsal adaptadas com bandas laterais. Essas bandas consistem em placas de madeira com cerca de 1,5m de altura, e que vão de uma linha de fundo à outra, dos dois lados da quadra. O objetivo dessa estrutura é evitar a saída da bola do campo.

Ilustração de futebol de 5

Porém, desde as Paralimpíadas de 2004 as partidas vem sendo disputadas em campos de grama sintética, muito semelhantes a um campo de futebol comum, mas medindo 40 metros de comprimento por 20 metros de largura.

O campo é dividido em três porções iguais:

  • Terço de defesa: a orientação é de responsabilidade do goleiro;
  • Terço central: o técnico é o responsável por orientar os jogadores;
  • Terço de ataque: a orientação fica a cargo do chamador.

Marcações como meio do campo e linha lateral são marcadas como no futebol. Outra alteração a ser levada em consideração, é que tanto a área, quanto o próprio gol são consideravelmente menores.

Curiosidades

  • O esporte só começou a fazer parte dos Jogos Paralímpicos em 2004. Desde então a Seleção Canarinho venceu todas as edições: 2004 em Atenas, 2008 em Pequim, 2012 em Londres e 2016 no Brasil;
  • Mantendo a rivalidade do futebol tradicional, Brasil e Argentina disputaram a final dos jogos de Atenas, em 2004;
  • É da seleção brasileira o primeiro gol do esporte em uma Paralimpíada. Seu autor, Nilson Silva, faleceu em 2012;
  • Durante as partidas os espectadores devem ficar em silêncio absoluto. Isso porque os jogadores se orientam pelo barulho da bola, e os ruídos externos ao jogo podem atrapalhar a percepção;
  • Nos Jogos Paralímpicos de 2016 o Brasil foi campeão invicto.
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