Crânio de Luzia encontrado nos escombros do Museu Nacional
A quase totalidade do fóssil humano mais antigo do Brasil já foi identificada, incluindo partes do crânio e um fêmur que estava guardado na mesma caixa.
Quase dois meses após a tragédia do incêndio do Museu Nacional, uma boa notícia! Em meio das cinzas e escombros, foram encontrados os fragmentos do crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo do Brasil! A informação foi confirmada pelos pesquisadores que fazem parte das buscas do acervo da instituição.
De acordo com os técnicos, 80% das partes que constituem o crânio de Luzia já foram identificadas, além do fêmur que era guardado na mesma caixa. No entanto, o trabalho de montagem ainda não foi iniciado. Alexandre Kellner, diretor do Museu, comemorou o fato e tem expectativa de que mais partes do fóssil possam ser encontradas.
Até o momento, foram identificados testa, nariz e a parte lateral do crânio, ossos mais resistentes. Tanto os fragmentos quanto o fêmur estavam acomodados em uma caixa que, por sua vez, era guardada dentro de um armário. Restos da caixa, inclusive, também foram identificados pelos pesquisadores.
Cláudia Rodrigues, membro da equipe de buscas, mencionou que o grupo conseguiu recuperar algumas partes do acervo perdido. Ela lembrou que os fragmentos do crânio de Luzia foram encontrados há alguns dias e que os danos são menores que o imaginado. O que pode ter contribuído foi justamente o lugar estratégico onde estava guardado.
Conheça Luzia
O crânio de Luzia foi encontrado em 1975, no sítio arqueológico de Lapa Vermelha, Minas Gerais. Pertencente à espécie homo sapiens paleoamericano, é talvez o fóssil humano mais antigo encontrado no Brasil. Sua idade estimada é de 11.243 a 11.710 anos. A importância do material está em mudar a teoria acerca da ocupação do continente americano.
Conforme os estudos da morfologia craniana de Luzia, estudiosos identificaram traços que remetiam aos aborígenes australianos e negros africanos. A busca pelo crânio era parte das obras emergenciais empreendidas há cerca de um mês no local do incêndio. As intervenções têm valor estimado de R$ 9 milhões e devem seguir até fevereiro de 2019.
Além do crânio, outros itens do acervo desaparecidos com o incêndio também foram encontrados, porém não foram mencionados quais. O trabalho de buscas começou há três semanas e deve levar ainda cerca de 150 dias.
Incêndio e reconstrução
O Museu Nacional do Rio de Janeiro foi destruído por um incêndio de grandes proporções ocorrido na noite de 02 de setembro. As causas do desastre ainda estão sendo investigadas pela Polícia Federal. Na ocasião, a própria estrutura foi criticada inclusive por dificultar o trabalho dos Bombeiros.
As atividades do Museu devem ser retomadas em alguns dias, depois que a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) cedeu uma área que abrigará laboratórios para pesquisa, além de espaços de visitação. O terreno, localizado em São Cristóvão, tem 49,3 mil metros quadrados, cuja área será dividida com o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ RJ).
Nesta semana, Alexandre Kellner, diretor da instituição, se reuniu com deputados federais em Brasília pedindo verbas para a reconstrução do Museu. No encontro, o gestor pediu R$ 56 milhões sob a forma de emendas parlamentares. O valor seria destinado para a fachada, uma das principais partes históricas, mas a obra total foi estimada em R$ 300 milhões.
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