Depois de anos do seu assassinato, Benigna é nomeada beata pelo Papa
A história de Benigna tornou-se popular, e a adolescente adquiriu devotos em todo o estado do Ceará como mártir.
Benigna Cardoso da Silva, de 13 anos, tornou-se emblema dos católicos no Ceará após se defender de um abuso sexual em Santana do Cariri, a 523 km de Fortaleza. Por ter resistido ao ataque, a garota foi brutalmente assassinada com golpes de facão em outubro de 1941. Assim, a história de Benigna tornou-se popular, e ela adquiriu devotos em todo o estado como mártir.
Depois de seu falecimento, a jovem começou a ser venerada e reconhecida na região do Cariri como símbolo de resistência ao feminicídio e à violência sexual contra crianças e adolescentes. Portanto, o Vaticano oficializou na última segunda-feira, 24, a jovem Benigna como a primeira beata do Ceará, e também a quarta mártir do Brasil. A permissão foi concedida pelo Papa Francisco em 2019.
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Um pouco mais sobre Benigna
De acordo com os relatos de pessoas que viveram junto de Benigna, ela foi uma jovem comum, sem vaidade, inteligente e com muita fé em Deus.
“Ela se relacionava bem com todos, era gentil, muito educada, não usava de palavrões e se ocupava responsavelmente com os estudos. Nela, se destacavam a simplicidade e a prudência. Sua fama de santidade e martírio é justa”, diz Raimundo Alves Feitosa, de 98 anos, que conviveu com a jovem. Ele foi uma das testemunhas que depuseram a favor da beatificação ao Vaticano.
Benigna nasceu no dia 15 de outubro de 1928, no sítio Oiti, em Santana do Cariri. O processo de canonização da jovem começou em 2013, quando a Diocese do Crato recebeu do Vaticano o “Nihil Obstat”, ou seja, o “Nada impede” para que a busca pelo título de beata pudesse começar.
A cerimônia teve de ser adiada devido ao surto de Covid-19, uma vez que a data original estava prevista para o ano de 2020.
Peregrinações e comemorações em seu nome
Mais de 80 anos depois, o sofrimento de Benigna continua sendo um marco importante para os católicos da região. O município de Santana do Cariri, onde ela viveu por toda a sua vida, realiza uma procissão em sua homenagem todo mês de outubro, e deve atrair cinco vezes mais visitantes do que a população local.
Os meninos e meninas costumam se vestir com roupas vermelhas de bolinhas brancas, traje característico de Benigna, pois era o que ela vestia quando foi assassinada.
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