Quiet ambition: como o desinteresse da geração Z pelo trabalho ameaça o futuro das empresas?
Descubra como a ambição silenciosa da Geração Z está transformando o conceito de sucesso no ambiente de trabalho.
Na ensolarada manhã do lado oeste de Los Angeles, Angelica Song, aos 24 anos, prepara-se para mais um dia como gerente de marketing no Google. Ao contrário de muitos outros gerentes, sua rotina matinal é conhecida por centenas de milhares de pessoas.
Song conquistou seu tão desejado emprego na área de tecnologia após um estágio dedicado e longas horas de trabalho. Além do emprego fixo no Google, ela se tornou uma influenciadora social, compartilhando conselhos para recém-formados, detalhes de seus gastos diários e sua experiência ao comprar uma casa.
Como influenciadora, ela firmou parcerias com marcas como Lexus e LinkedIn, fazendo acordos e publicações para seus cerca de 300.000 seguidores no TikTok, Instagram e YouTube. Seu trabalho paralelo gera cerca de duas a três vezes mais do que seu salário no emprego corporativo.
“Posso ser iniciante no meu emprego no Google, mas no meu trabalho paralelo, sou como a CEO da minha própria empresa. Administro meu próprio negócio e tenho uma equipe que me ajuda. É preciso muita ambição para sair do trabalho diário e mergulhar completamente em outro emprego em tempo integral”, diz ela em uma entrevista a revista Fortune.
Geração Z e o mercado de trabalho
Embora a Geração Z tenha ingressado no mercado de trabalho durante uma crise global de saúde única em uma geração, muitos acreditam que esses jovens profissionais são extremamente ambiciosos, mas desinteressados em subir uma escada corporativa antiquada.
Especialistas em ambiente de trabalho concordam que os esforços da Geração Z para redefinir o que significa sucesso terão um impacto significativo na forma como as empresas lidam com seus funcionários mais recentes, moldando o desenvolvimento dessa geração rumo a futuros executivos corporativos.
Heidi Brooks, palestrante sênior em comportamento organizacional na Yale School of Management, destaca que a Geração Z não compartilha a mesma mentalidade de muitos trabalhadores estabelecidos, que veem o trabalho como identidade central.
“Não estão nesse plano. Acontece que existem outras maneiras de pensar sobre a vida e o trabalho, o que é ótimo. É muito refrescante, e devemos estar ouvindo”, afirma Brooks à Fortune.
Uma nova forma de ambição
Camila, de 26 anos, recentemente se candidatou a uma promoção na empresa de relações públicas onde trabalha. Ela diz que os funcionários precisam se apresentar para promoções em sua empresa e explicar por que estão prontos para o cargo.
“Eu pensei, por que não?”, diz ela à Fortune. Embora o aumento de salário de cerca de US$ 10.000 seja atrativo, Camila não está particularmente interessada na designação em sua assinatura de e-mail. Ela também não está preocupada com o que essa promoção poderia significar para suas metas de carreira a longo prazo.
“Minha visão sobre meu trabalho e minha vida tem muito menos a ver com meu título real”, diz Camila. “Eu não preciso ganhar $1 milhão. Sim, seria ótimo, mas eu não preciso disso… O sucesso não precisa ser subir a escada corporativa, pode ser apenas ser muito boa no seu trabalho.”
Amor pelo trabalho
Sophia Kianni, estudante do terceiro ano na Universidade Stanford e fundadora da organização sem fins lucrativos Climate Cardinals, afirma à Fortune que nenhum de seus amigos almeja subir de cargo no escritório. Aos 21 anos, ela não tem intenção de ingressar no mundo corporativo e muitos de seus colegas ainda estão indecisos sobre seguir a rota corporativa.
“Não vi muita vontade de subir a escada corporativa em uma estrutura hierárquica tradicional, especialmente quando significa abandonar a si mesmo, a saúde”, diz ela, acrescentando que entregar às demandas “da estrutura organizacional e às demandas dos acionistas” não é muito atraente.
Ambição silenciosa que assusta as empresas
A Geração Z tem feito demandas claras no ambiente de trabalho. Além da flexibilidade e salário justo, eles buscam principalmente sentir-se respeitados e valorizados pelo seu trabalho. Empresas e líderes precisarão se adaptar a essas demandas para permanecerem competitivos no mercado, já que em aproximadamente dois anos, a Geração Z comporá mais de um quarto da força de trabalho no mundo todo.
O desafio para as empresas agora é entender a fundo esses pedidos, indo além de simples transações para compreender as verdadeiras necessidades dessa geração. O custo de não fazê-lo pode ser elevado, não apenas na atração de novos talentos, mas também no desenvolvimento da Geração Z como futuros líderes executivos.
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