Especialistas alertam: horário de verão prejudica a saúde

Manifesto de cientistas critica a volta do horário de verão por seus impactos negativos à saúde.

Recentemente, um grupo de 26 cientistas especializados em cronobiologia assinou um manifesto contra a possível volta do horário de verão no Brasil.

O documento destaca os impactos negativos que essa prática pode ter sobre a saúde humana, defendendo que os supostos benefícios econômicos, como a economia de energia, não compensam os danos fisiológicos causados pela mudança de horário.

O horário de verão, implementado no Brasil em 1931 e extinto em 2019, sempre foi justificado por seu potencial de economizar energia ao ajustar as atividades diárias para aproveitar mais horas de luz solar.

No entanto, diversos estudos científicos indicam que essa economia se tornou irrelevante nos últimos anos.

A crescente utilização de aparelhos como o ar-condicionado, especialmente em escritórios, fez com que a demanda por energia se mantivesse elevada, independentemente da mudança de horário.

Argumentos contrários ao horário de verão

Os especialistas em cronobiologia explicam que o principal problema do horário de verão reside na alteração brusca do ciclo biológico dos seres humanos.

Esse ciclo, também conhecido como ritmo circadiano, é fortemente influenciado pela exposição natural à luz e à escuridão.

Segundo o manifesto, forçar as pessoas a acordarem e iniciarem suas atividades antes do nascer do sol desregula esse ritmo natural, gerando impactos no sono, apetite, humor e até na função cardiorrespiratória.

Estudos apontam que a exposição à luz natural, especialmente durante a manhã, é essencial para sincronizar o nosso ‘relógio biológico’ com o ambiente externo.

Quando o horário de verão é implementado, essa sincronização é prejudicada, levando a uma série de problemas.

O documento assinado pelos cientistas menciona aumentos nos casos de distúrbios do sono, maior incidência de doenças cardiovasculares e até mesmo transtornos mentais e cognitivos.

Além disso, há evidências de um aumento no número de acidentes de trânsito nos primeiros dias de vigência do horário de verão, quando as pessoas ainda estão se adaptando ao novo horário.

O impacto na saúde

Os pesquisadores também destacam que nem todos conseguem se adaptar com a mesma facilidade ao novo padrão de horário.

O manifesto menciona um estudo brasileiro, publicado em 2017, que revelou que mais de 50% da população sofre algum tipo de desconforto durante o horário de verão.

Isso reflete a diversidade nas respostas biológicas ao ajuste dos relógios, uma vez que as pessoas possuem diferentes cronotipos — ou seja, padrões preferenciais de sono e vigília.

Segundo os cientistas, esse tipo de mudança imposta pode gerar distúrbios em uma parte significativa da população, especialmente entre aqueles que já enfrentam dificuldades para sincronizar suas atividades com os horários tradicionais.

Com isso, aumentam as chances de problemas crônicos, como insônia e fadiga excessiva.

Posicionamento dos cientistas

Os especialistas deixam claro que a posição contrária ao horário de verão não está ligada a nenhuma preferência política ou ideológica, sendo fundamentada exclusivamente em estudos científicos.

Pesquisadores de instituições renomadas, como a USP, a UFMG e a Fiocruz, assinaram o manifesto, reforçando que os malefícios à saúde devem ser considerados prioritários na tomada de decisão sobre o retorno dessa prática.

Embora o governo federal ainda esteja considerando a reimplantação do horário de verão como uma medida para enfrentar a atual crise energética, os cientistas sugerem que os danos à saúde superam qualquer possível economia de energia.

Para eles, é mais prudente manter o horário padrão durante todo o ano, evitando os impactos negativos da mudança brusca de rotina na saúde da população.

*Com informações de Super Interessante e CanalTech.

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