IA revoluciona cuidados com pets, mas levanta preocupações

Inteligência artificial melhora cuidados com pets, mas é preciso equilibrar tecnologia e conexão emocional entre donos e animais.

A inteligência artificial está presente em uma série de produtos que facilitam a vida dos tutores e promovem o bem-estar dos pets.

Um exemplo são os robôs cuidadores, como o ORo, que, além de alimentar e brincar com os animais, também monitora seu comportamento.

Esses dispositivos são especialmente úteis para quem passa muitas horas fora de casa, garantindo que os pets tenham companhia e cuidados adequados, mesmo na ausência dos donos.

Outras inovações incluem câmeras inteligentes com distribuidor de petiscos, como as vendidas pela Petcube.

Tais dispositivos permitem monitorar e interagir com o animal à distância, mantendo a vigilância e entretendo-os com laser ou petiscos.

Há também colares inteligentes, como o PetPace, que monitoram a saúde dos pets, rastreando parâmetros como batimentos cardíacos, qualidade do sono e níveis de estresse. Isso permite a detecção precoce de doenças, oferecendo uma ferramenta preventiva valiosa para os tutores.

A IA ainda avança com tradutores de latidos e miados, como o aplicativo MeowTalk, que tenta traduzir os sons emitidos pelos gatos em mensagens compreensíveis aos humanos.

Esses tradutores prometem aproximar ainda mais donos e pets ao decifrar suas necessidades e emoções.

O impacto na conexão entre humanos e animais

Apesar dos benefícios evidentes, especialistas alertam que o uso excessivo da tecnologia pode afetar negativamente a relação entre os donos e seus pets.

Philip Tedeschi, codiretor do Instituto de Senciência e Proteção Animal, ressalta que, embora a IA possa melhorar aspectos práticos da vida com animais, também existe o risco de diminuirmos o contato humano com eles.

Ele aponta que a relação entre humanos e animais é marcada por interações sociais e emocionais únicas, algo que pode se perder com a automatização excessiva.

Gregory Berns, professor de psicologia, compartilha dessa visão ao afirmar que o uso de robôs no cuidado dos pets pode prejudicar sua evolução ao lado dos humanos, algo que é fruto de milhares de anos de convivência. Para ele:

“Se alguém precisa de um robô para cuidar de seu pet, talvez não devesse ter um animal.”

A questão gira em torno do equilíbrio entre o uso da tecnologia para facilitar a rotina e a manutenção dos laços emocionais essenciais para o bem-estar dos animais.

Riscos e considerações éticas

Outro aspecto preocupante é a privacidade dos dados. Muitos desses dispositivos coletam grandes quantidades de informações sobre o comportamento dos pets, o que levanta questões sobre o uso e compartilhamento desses dados.

Embora as empresas garantam que os dados sejam usados apenas para melhorar a vida dos animais, há temores de que essas informações possam ser comercializadas ou usadas de forma indevida.

Além disso, há incerteza sobre a precisão de algumas dessas inovações. O tradutor de miados, por exemplo, tem sido alvo de ceticismo por parte de especialistas em comportamento animal, como Con Slobodchikoff, que afirma que sistemas treinados por humanos podem não ser totalmente confiáveis, já que as interpretações podem variar.

Isso sugere que, apesar de promissoras, algumas dessas tecnologias ainda precisam ser mais desenvolvidas para atingir seu potencial máximo.

O futuro do cuidado com pets

O uso de IA e robótica no cuidado com animais de estimação traz inovações que facilitam a vida dos tutores e promovem a saúde e o bem-estar dos pets.

No entanto, é necessário ter cautela. A adoção dessas tecnologias deve ser equilibrada, mantendo-se o foco no que realmente importa: a conexão emocional e a convivência entre humanos e seus animais.

Como alerta Tedeschi:

“Precisamos garantir que o uso dessas ferramentas seja ético e focado no bem-estar animal, e não em substituir o vínculo único entre donos e pets.”

Essas inovações, sem dúvida, têm o potencial de melhorar a qualidade de vida dos animais, mas o desafio será utilizá-las de maneira que complementem, e não substituam, a conexão afetiva tão essencial para ambas as partes.

*Com informações de Washington Post e Olhar Digital.

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