Conheça os perigos do ‘sharenting’ e proteja a privacidade dos seus filhos
Perigos do 'sharenting' para as crianças nas redes sociais: segurança, saúde mental e precauções.
A exposição excessiva de crianças nas redes sociais pelos próprios pais, prática conhecida como ‘sharenting’, tem gerado uma crescente preocupação entre especialistas.
Embora muitos pais compartilhem fotos e vídeos de seus filhos com a intenção de celebrar momentos especiais, o que parece inofensivo pode trazer graves consequências para o futuro das crianças.
Além de questões relacionadas à privacidade, a prática pode gerar problemas como bullying, exposição a predadores online e impacto psicológico duradouro.
Em um mundo cada vez mais conectado, as redes sociais se tornaram o principal espaço de compartilhamento de experiências familiares.
No entanto, o que muitos pais não percebem é que ao postar imagens e informações sobre seus filhos, estão contribuindo para a criação de uma pegada digital que acompanhará as crianças por toda a vida.
Segundo a especialista em comunicação Kara Alaimo:
“Muitos adolescentes se preocupam com o uso indevido de fotos que seus pais postaram anos atrás.”
No Brasil, a crescente popularidade de redes como Instagram e Facebook tornou o ‘sharenting’ uma realidade comum, especialmente em datas comemorativas como o Dia das Crianças.
Consequências do ‘sharenting’ para a segurança
Uma das maiores preocupações com o ‘sharenting’ é a exposição das crianças a perigos online. Informações como a localização da escola ou atividades diárias, que muitos pais compartilham sem perceber, podem ser usadas por pessoas mal-intencionadas para identificar e rastrear crianças.
O risco vai além da exposição direta. Fotos aparentemente inofensivas podem ser reutilizadas por criminosos em fóruns obscuros da internet.
Leah Plunkett, autora de ‘Sharenthood: why se should think before we talk about our kids online’ (em tradução livre ‘Sharenthood: Por que devemos pensar antes de falar sobre nossos filhos online’), alerta que as meninas são particularmente vulneráveis aos impactos negativos do ‘sharenting’.
Isso ocorre porque a sociedade tende a julgar de forma mais crítica as aparências e comportamentos das mulheres, desde a infância.
“A prática de posar para fotos pode ensinar meninas que sua aparência é mais importante do que suas habilidades ou conquistas.”
No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê a proteção da imagem e da privacidade das crianças, mas ainda assim, a cultura do ‘sharenting’ permanece amplamente disseminada.
Embora a intenção dos pais seja muitas vezes compartilhar conquistas e momentos especiais, é fundamental que eles estejam cientes dos potenciais riscos.
Impacto psicológico nas crianças
Além dos perigos físicos e de segurança, o ‘sharenting’ pode afetar profundamente a saúde mental das crianças.
Pesquisas indicam que o excesso de exposição pode ensinar os pequenos a buscar aprovação externa constantemente, reforçando a ideia de que sua autoestima depende de quantos likes ou comentários positivos suas imagens recebem.
Em um estudo citado por Kara Alaimo, verificou-se que essa busca por validação externa pode resultar em ansiedade e depressão na adolescência.
No Brasil, onde a utilização das redes sociais é uma das mais altas do mundo, essa pressão por desempenho e aprovação pode ter consequências ainda mais severas.
É necessário que os pais reflitam sobre o impacto a longo prazo do ‘sharenting’ na construção da identidade e da autoimagem de seus filhos.
Como roteger seus filhos ao compartilhar nas redes sociais
Para evitar os perigos do ‘sharenting’, os pais podem tomar algumas medidas simples, mas eficazes. Confira abaixo uma lista de práticas recomendadas:
1. Ajuste as configurações de privacidade
Restrinja o acesso às suas postagens para amigos e familiares próximos. Evite perfis públicos e revise quem pode ver as fotos dos seus filhos, garantindo que apenas pessoas de confiança tenham acesso.
2. Não revele informações sensíveis
Evite compartilhar detalhes como o nome da escola, atividades frequentes ou a localização exata de onde a criança está.
Essas informações podem ser usadas por pessoas mal-intencionadas para localizar seus filhos.
3. Use emojis para proteger a identidade
Uma prática simples é cobrir o rosto das crianças nas fotos com emojis ou desfocar a imagem. Essa técnica protege a identidade da criança, sem deixar de compartilhar o momento especial.
4. Reflita antes de postar
Sempre pergunte a si mesmo: “Essa foto pode ser usada contra meu filho no futuro?” Se houver qualquer possibilidade de constrangimento ou prejuízo, o melhor é não compartilhar.
5. Evite compartilhar em tempo real
Postar fotos de eventos ou atividades em tempo real pode ser arriscado, pois revela a localização exata da criança naquele momento. Considere compartilhar essas imagens posteriormente.
6. Peça o consentimento da criança
Para crianças mais velhas, é importante respeitar sua opinião. Pergunte se elas estão confortáveis com a publicação da imagem, promovendo o senso de privacidade desde cedo.
*Com informações de CNN Internacional
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