Relacionamento e conflito: por que amamos e odiamos ao mesmo tempo?

Entenda a dinâmica entre amor e ódio em relacionamentos longos e como lidar com os altos e baixos emocionais.

Conviver com alguém por muitos anos traz alegrias, mas também pode revelar um lado mais desafiador da relação. Para muitos casais, o ‘te amo, mas te odeio’ é uma realidade que pode surgir em momentos de conflito e cansaço.

Mas afinal, por que isso acontece em relações longas? Será que é possível amar alguém e, ao mesmo tempo, sentir raiva ou frustração?

De acordo com especialistas, é completamente normal sentir um mix de emoções no casamento ou em relacionamentos longos. Jane Greer, terapeuta familiar, explica que:

“Odiar a pessoa que você ama é a coisa mais comum no mundo.”

Esses sentimentos contraditórios surgem quando pequenos desgastes do cotidiano, como hábitos irritantes ou falta de comunicação, se acumulam.

Esse ciclo pode dar a impressão de que o amor esfriou, mas, na verdade, ele continua ali, convivendo com os momentos de atrito.

A linha tênue entre amor e ódio

É comum ouvir que existe uma linha tênue entre amor e ódio. E, de fato, ambos os sentimentos estão profundamente ligados.

Terri Orbuch, socióloga e autora de estudos sobre casamentos, destaca que pequenos incômodos não resolvidos, como a toalha molhada jogada na cama ou o famoso “esquecer de baixar a tampa do vaso”, podem crescer e se tornar grandes fontes de ressentimento. Ela afirma que:

“O que começa como um hábito irritante pode se transformar em ‘você não me ouve, você não me ama, talvez a gente não seja certo um para o outro.’”

É importante, segundo Orbuch, colocar para fora as pequenas coisas e evitar deixá-las se acumular. Falar sobre o que incomoda, de forma calma e no momento adequado, ajuda a impedir que pequenas mágoas se transformem em um ódio latente.

Encontros, momentos de carinho e reconhecimento dos aspectos positivos do parceiro podem ajudar a manter o equilíbrio emocional e alimentar a relação.

Comunique-se com clareza

No entanto, criticar o parceiro ou a parceira no calor da emoção não é a melhor saída. Muitas vezes, explosões impulsivas acabam machucando mais e não resolvem a questão.

Orburch recomenda adotar a técnica de comunicação XYZ: primeiro, elogie algo positivo no comportamento do parceiro, depois mencione o que incomoda de maneira clara e específica.

Por exemplo: “Quando você deixa as roupas no chão (X), em vez de colocá-las no cesto (Y), eu me sinto frustrada (Z). Podemos conversar sobre isso?”.

Essa abordagem evita que a crítica pareça um ataque pessoal e abre caminho para um diálogo construtivo, sem que a outra pessoa se sinta julgada ou colocada em uma “caixa sem saída”.

Para Greer, é essencial cultivar o ‘reservatório de emoções positivas’ em uma relação. Isso significa que os casais precisam reforçar o que os une, relembrando os bons momentos e reafirmando o amor em pequenos gestos cotidianos.

Gestos simples, como agradecer por um jantar especial ou reconhecer um esforço feito pelo parceiro, podem ser poderosos. Greer fala:

“Quando você está sentindo o amor, é importante nomeá-lo.”

Isso ajuda a criar uma base emocional que serve de proteção nos momentos de conflito. Afinal, os relacionamentos de longa data são construídos diariamente com pequenas escolhas.

Amar alguém, mesmo quando a rotina traz frustrações, é uma dessas escolhas.

*Com informações de Associated Press.

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