Ensino inclusivo passa por desafios e avanços na formação de docentes
Educação inclusiva requer formação contínua dos professores para ser efetiva, segundo relatório da Unesco Brasil.
A educação é um direito humano fundamental, assegurado por tratados internacionais como a Declaração de Salamanca.
Este documento, criado em 1994, celebra agora seus 30 anos e destaca a importância do aprendizado conjunto em escolas comuns. No entanto, a efetivação desse direito depende crucialmente da formação contínua de professores.
A pesquisa ‘Educação inclusiva e a formação continuada de professores’, desenvolvida pelo Instituto Alana e pela Unesco Brasil e coordenada pela Vindas Educação Internacional, revela a necessidade de formação contínua para a educação inclusiva e destaca a importância da capacitação profissional dos educadores.
Beatriz Benedito, analista de Políticas Públicas do Instituto Alana, celebrou os avanços na educação inclusiva no Brasil ao lançar a pesquisa. Em 2023, 1,8 milhão de alunos estavam na educação especial, sendo 91% em escolas comuns. No entanto, a formação dos 2.355.000 professores da rede básica ainda enfrenta desafios significativos.
Educação inclusiva possibilita que todas as crianças tenham acesso a um ensino de qualidade – Imagem: reprodução
Desafios na formação dos educadores
De acordo com a pesquisa, 94% dos 2.315.000 professores regentes não possuem formação continuada em educação inclusiva.
Além disso, 58% dos 60 mil professores de Atendimento Educacional Especializado também carecem dessa formação, o que ressalta a urgência de melhorias nesse segmento educacional.
Dimensões a serem analisadas
O documento sublinha que a educação focada na inclusão precisa ir além da simples adição de conteúdos ou disciplinas sobre deficiências comuns em sala de aula. Para tanto, a pesquisa identifica dez dimensões para análise.
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Legislação;
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Estruturas de formação;
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Demandas prioritárias;
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Perfil dos formadores;
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Impacto das formações;
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Ambientes de formação;
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Temáticas;
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Metodologias;
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Avaliação dos participantes;
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Políticas públicas e financiamento.
Experiências nacionais internacionais inspiradoras
O estudo analisou oito casos que mostram ser indispensável uma formação de qualidade para que professores performem uma educação inclusiva eficiente. Os locais dessas experiências são:
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Buenos Aires (Argentina)
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Comunidade Autônoma Valenciana (Espanha);
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Glasgow (Escócia);
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Portugal;
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Uruguai;
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Maracanaú (Ceará);
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Pinhais (Paraná);
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Santos (São Paulo).
Conforme o documento: “A investigação de casos diversos evidencia que oferecer uma formação de qualidade aos professores promove melhorias para uma educação inclusiva em que todas as crianças e todos os adolescentes podem aprender mais e melhor juntos em uma mesma escola”.
Exemplo de Pinhais (PR)
Em Pinhais, a educação especial é transversal e as formações são presenciais. Todos os profissionais, não apenas professores, mas também motoristas e monitores, estão incluídos. Formações adicionais para funcionários da educação especial são oferecidas, abrangendo diversas categorias.
As experiências analisadas reforçam a necessidade de uma abordagem coletiva na formação docente. Portanto, não se trata apenas de exemplos individuais de sucesso, mas de uma reflexão sobre o papel das gestões públicas e da sociedade civil em promover uma educação mais inclusiva.
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