26 estados brasileiros e a história por trás de seus nomes
Os nomes dos estados brasileiros refletem aspectos indígenas, religiosos e geográficos.
Os estados do Brasil possuem uma rica diversidade de origens em seus nomes, com suas particularidades locais, culturais e históricas, e o nome de um estado pode revelar muito sobre sua formação.
Algumas denominações derivam de palavras indígenas, enquanto outras foram influenciadas por exploradores e colonizadores.
Tais nomes têm significados que variam desde descrições geográficas até homenagens a santos ou figuras históricas importantes.
Compreender as origens desses nomes é mergulhar na história do Brasil, o que proporciona um olhar sobre os elementos que moldaram a identidade de cada região. A seguir, desvendamos as origens dos nomes dos estados por região do Brasil.
Estados brasileiros apresentam nomes com origens bastante diversas – Imagem: reprodução
Norte
Acre (AC)
A origem do nome está ligada a um curioso erro de interpretação, que remonta ao século XIX, quando o processo de colonização estava em pleno andamento na Amazônia.
Em 1878, o colonizador João Gabriel de Carvalho Melo teve um papel crucial na difusão do nome ao fazer um pedido por escrito a um comerciante paraense de mercadorias destinadas a um local específico, denominado de “boca do rio Aquiri”.
No entanto, o comerciante enfrentou dificuldades para decifrar sua caligrafia. Ao receber o pedido, interpretou as letras de maneira confusa, entendendo-as como “acri” ou “aqri”.
O nome “Acre” provavelmente deriva do termo “aquiri”, uma corruptela do vocábulo indígena “uwákürü”. A palavra pertence ao dialeto Ipurinã, utilizado pelas populações locais para designar um rio da região.
Amapá (AP)
O nome do estado do Amapá tem suscitado debates por conta de suas possíveis origens. Enquanto alguns apontam para influências linguísticas, outros defendem a relação com aspectos naturais do local.
Independentemente disso, a palavra carrega um significado importante para a região, refletindo sua identidade cultural e ambiental.
A primeira teoria sugere que a denominação “Amapá” provém da língua tupi, em que “ama” significa chuva e “paba” quer dizer lugar. Essa explicação remete às características climáticas do estado, conhecido por suas chuvas frequentes.
O outro ponto de vista indica uma ligação direta com a árvore da região, a amapá (Hancornia amapa), uma espécie botânica bastante comum no estado.
Além de sua presença marcante na paisagem local, a seiva extraída dessa árvore possui propriedades medicinais. Ela é usada como um fortificante e estimulante de apetite, com benefícios reconhecidos pela população local há muitas gerações.
Amazonas (AM)
Em 1541, a região tornou-se palco de um confronto entre o explorador espanhol Francisco de Orellana e tribos indígenas locais.
Durante essa expedição, as mulheres indígenas tiveram papel importante contra Orellana e seus homens. Essa destemida resistência das indígenas foi comparada às lendárias amazonas, guerreiras da mitologia grega, o que gerou o nome do estado.
Essa comparação deve-se à força e tenacidade das mulheres que se destacaram na batalha para proteger suas terras. O nome Amazonas, portanto, carrega consigo uma história de resistência e coragem dos povos nativos.
Pará (PA)
O Pará é conhecido por sua vasta extensão territorial e por abrigar parte da Amazônia, assim como os estados do Amazonas e Tocantins.
A etimologia do nome “Pará” remonta à língua tupi, um dos idiomas nativos mais falados no Brasil. “Pa’ra” é a palavra tupi que significa “mar”.
Este termo foi atribuído pelos índios ao braço direito do rio Amazonas, que se assemelha ao mar quando se encontra com o Rio Tocantins.
Rondônia (RO)
Inicialmente, o estado era chamado de Território do Guaporé, mas a mudança de nome ocorreu em 17 de fevereiro de 1956, quando Rondônia foi adotado oficialmente.
A escolha do nome presta uma homenagem ao marechal Cândido Rondon, um engenheiro militar e sertanista renomado por suas importantes expedições na Bacia Amazônica.
Rondon teve papel crucial no mapeamento e na construção de linhas telegráficas na Amazônia. Essas ações não apenas conectaram regiões isoladas, mas também ampliaram o acesso às informações. Assim, sua liderança em expedições científicas impulsionou o conhecimento sobre a geografia e os povos da região.
Roraima (RR)
O termo Roraima, de origem indígena, pode ser traduzido como “serra verde” ou “monte verde”, uma descrição poética da paisagem local. Tal designação é composta por “roro” ou “rora”, que significa verde, e “imã”, que se refere a serra ou monte.
Os habitantes locais sempre mantiveram uma forte relação com a natureza, e o nome Roraima simboliza essa ligação. A escolha das palavras revela um profundo apreço pelos elementos naturais que moldam essa terra.
Tocantins (TO)
A língua tupi, rica em expressões que descrevem a natureza e a vida cotidiana, desempenhou um papel fundamental na designação de várias localidades brasileiras.
A origem do nome Tocantins remonta a um grupo indígena que viveu próximo à foz do Rio Tocantins, palavra da língua tupi que significa “bico de tucano”. A tradução para “bico de tucano” reflete uma observação direta da fauna característica da região.
Nordeste
Alagoas (AL)
O nome do estado deriva da grande quantidade de lagos e lagoas que adornam sua paisagem. No total, são 30 desses corpos d’água; apenas a capital, Maceió, destaca-se por abrigar 17 dessas maravilhas aquáticas.
A abundância de recursos hídricos na região não apenas embeleza a paisagem, mas também desempenha um papel crucial no ecossistema local.
Bahia (BA)
A Bahia, um dos estados mais emblemáticos do Brasil, possui um nome que carrega uma rica história, remontando ao início do século XVI.
Em 1º de novembro de 1501, dia dedicado a Todos os Santos no calendário católico, uma esquadra portuguesa atracou na região. Esse evento não apenas influenciou o nome do estado, mas marcou o início de uma série de transformações na região.
Assim, a chegada dos portugueses à Bahia de Todos os Santos representou o início de um processo de intercâmbio cultural e econômico, moldando a identidade do estado.
Ceará (CE)
“Ceará” deriva das palavras indígenas “ciará” ou “siará”, da língua tupi, e pode ser traduzido como “canto da jandaia”. A jandaia é um pequeno papagaio conhecido por seu canto alegre e característico.
Essa ave, comum na região, inspirou o nome do estado, simbolizando a riqueza natural e a sinergia entre a cultura indígena e a biodiversidade local.
Maranhão (MA)
Duas teorias foram propostas para explicar a origem do nome desse estado. Uma das mais divulgadas sugere que ele venha do termo em nheengatu “mara-nhã”, traduzido como “mar que corre”.
Outra possibilidade aponta para o tupi “mbarã-nhana” ou “para-nhana”, com significado similar: “rio que corre”.
Esses termos refletem a geografia do Maranhão, com seus rios abundantes e significativos para o modo de vida local. Essa teoria linguística se conecta também à forte presença indígena na história do estado.
Paraíba (PB)
O nome deriva do tupi, uma língua indígena amplamente falada na região antes da colonização europeia. “Paraíba” é formada pela junção de dois termos desse idioma: “pa’ra” e “a’iba”. Esta combinação significa “ruim, impraticável para a navegação”.
Inicialmente, essa denominação foi atribuída a um rio que atravessa o estado, refletindo as características desafiadoras de suas águas para o transporte naquela época.
Pernambuco (PE)
O nome “Pernambuco” é derivado do termo tupi-guarani “paranambuco”, uma combinação de “para’nã” e “pu’ka”, que significa “buraco no mar”. Essa nomenclatura foi adotada devido à característica geográfica da região.
Os recifes que cercam a costa pernambucana eram vistos pelos indígenas como um obstáculo. No entanto, quando os navegantes europeus começaram a explorar o litoral, os barcos faziam o “buraco no mar”, atravessando os recifes, dando origem ao nome.
Piauí (PI)
O termo Piauí é derivado das palavras tupis “pi’awa” ou “pi(‘ra)’awa”, que significam “piau”, um tipo especial de peixe frequentemente encontrado nos rios da região. Além disso, o sufixo “i” refere-se a “rio”, tornando a tradução literal “rio das piabas ou dos piaus”.
Rio Grande do Norte (RN)
O nome desse estado tem uma origem bastante curiosa, ligada a um dos elementos geográficos relevantes da área: o Rio Potengi, um dos mais extensos do estado.
Esse rio se estende por mais de 170 quilômetros e, por ser muito longo, é uma das características mais marcantes do local, razão pela qual deu nome ao estado.
Sergipe (SE)
A denominação “Sergipe” deriva da expressão tupi “si’ri-ï-pe” e pode ser traduzida como “rio dos siris”, uma referência direta aos siris abundantes na região.
Tais crustáceos eram uma presença comum nos rios do estado, marcando não apenas o ecossistema, mas também a cultura local.
Centro-Oeste
Goiás (GO)
O nome remonta ao período em que os indígenas guaiás habitavam a região no final do século XVI, quando os bandeirantes chegaram.
O contato entre povos resultou na assimilação cultural e influenciou a denominação do local. Dessa forma, o nome Goiás surgiu em homenagem aos guaiás, mantendo viva a memória dos primeiros habitantes.
Mato Grosso (MT)
A vasta extensão de florestas espessas inspirou os bandeirantes a nomearem a área de Mato Grosso. Assim, em 1730, essa denominação foi consolidada, marcando a história da região.
Mato Grosso do Sul (MS)
Em 1977, Mato Grosso do Sul tornou-se um estado independente, sendo desmembrado de Mato Grosso. O desmembramento atendeu a uma demanda antiga dos moradores da região, que buscavam maior autonomia e representatividade política.
Sudeste
Espírito Santo (ES)
A história do nome remonta ao período das capitanias hereditárias, quando o Brasil ainda estava em processo de colonização pelos portugueses.
O responsável pela capitania, Vasco Fernandes Coutinho, chegou ao local em um momento particularmente simbólico: em 23 de maio de 1535, uma data especial no calendário cristão, o Domingo de Pentecostes.
Pentecostes, celebrado 50 dias após a Páscoa, é uma data significativa dentro do cristianismo, pois marca a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo. Tal ligação espiritual influenciou diretamente a escolha do nome do estado.
Minas Gerais (MG)
Durante o século XVII, bandeirantes exploradores desbravaram a região em busca de riquezas, encontrando vastas reservas de minerais.
Essa atividade transformou o local em um dos principais polos de mineração do país na época, ao ponto de nomear o estado.
Rio de Janeiro (RJ)
Em 1º de janeiro de 1502, uma expedição portuguesa liderada por Gaspar de Lemos desembarcou na Baía de Guanabara, no que hoje é conhecido como Rio de Janeiro.
Os exploradores, ao avistarem a baía, acreditaram tratar-se da foz de um rio, nomeando o local como Rio de Janeiro. Essa nomeação peculiar deveu-se à inclusão inadvertida do mês da chegada, criando uma denominação que perdura até os dias atuais.
São Paulo (SP)
A origem da cidade de São Paulo está intimamente ligada à criação do Colégio de São Paulo de Piratininga, fundado no dia 25 de janeiro de 1554.
Esse evento significou um passo importante para o desenvolvimento da região e marcou o início da cidade em si, ao estabelecer uma base educacional e religiosa.
Sul
Paraná (PR)
O termo “Paraná” resulta da junção das palavras “pa’ra” e “aña”, que, juntas, apontam para uma ideia de semelhança com o mar. No Sul, este é o único estado com o nome de origem tupi.
Rio Grande do Sul (RS)
O nome atual do estado não foi sempre esse; originalmente, a região era chamada de São Pedro do Rio Grande, um importante canal que conecta a Lagoa dos Patos ao oceano Atlântico.
Com o passar do tempo, o nome foi simplificado para Rio Grande do Sul, uma mudança que refletiu a necessidade de uma denominação mais prática e direta, mantendo, porém, a essência geográfica e histórica da região.
Santa Catarina (SC)
Duas teorias disputam a verdadeira razão por trás do nome do estado, ambas ligadas a figuras femininas importantes na história do local.
A primeira hipótese remonta ao navegador italiano Sebastião Caboto, que esteve a serviço da Espanha. Em 1526, ele teria chegado à ilha que hoje é parte do estado e a teria nomeado em homenagem a uma mulher chamada Catarina. No entanto, a identidade dessa Catarina permanece um mistério.
Já a segunda sugere que o nome foi uma oferenda à Santa Catarina de Alexandria, uma santa reverenciada pela Igreja Católica e celebrada anualmente em 25 de novembro.
Comentários estão fechados.