Como a proibição de celulares tem transformado escolas britânicas

Proibição do uso de celulares nas escolas do Reino Unido ganha força, gerando mudanças significativas no comportamento e nas interações sociais dos alunos.

Em Sheffield, Inglaterra, escolas enfrentam um dilema contemporâneo: o uso excessivo de smartphones entre os estudantes. O diretor de um colégio local refere-se aos alunos como “zumbis”, destacando a desconexão causada pelos dispositivos.

Recentemente, a Forge Valley School baniu o uso de smartphones, smartwatches e fones de ouvido, exigindo que os alunos entreguem os aparelhos à direção.

Com essas medidas, as interações sociais entre os alunos aumentaram, segundo relatos de estudantes. O diretor Dale Barrowclough acredita na eficácia da política e em sua permanência.

O movimento reflete uma crescente preocupação das escolas com o impacto negativo dos celulares no desenvolvimento acadêmico e social dos jovens.

Recentemente, o Departamento de Educação emitiu orientações para limitar o uso de celulares nas salas de aula, visando minimizar interrupções e melhorar o comportamento dos alunos.

A proibição ainda não é nacional, mas muitos colégios já implementam as próprias políticas.

Celulares em sala de aula têm se tornado proibidos em algumas escolas do Reino Unido – Imagem: reprodução

Movimento da Smartphone Free Childhood

No norte de Londres, 60 escolas revisam suas políticas sobre o uso de celulares após campanha da Smartphone Free Childhood (SFC).

A SFC incentiva pais a adiarem a compra de celulares para filhos até os 14 anos. A entidade também sugere que crianças tenham acesso a mídias sociais apenas após os 16 anos.

A SFC promove o uso de telefones mais simples, que permitem chamadas e mensagens, mas não acesso à internet.

Em Londres, mais de 2,5 mil pais de quase 200 escolas apoiam tal abordagem, buscando preservar uma infância mais saudável para suas crianças.

Impacto nas escolas britânicas

Na Boston Grammar School, a proibição de smartphones já reduziu incidentes relacionados aos aparelhos. Na UTC Plymouth, os aparelhos são entregues à direção no início do dia, elevando padrões acadêmicos e sociais, algo reforçado pelos alunos ao relatarem melhor concentração nas aulas.

Já na Fulham Boys School, David Smith, o diretor da escola, fez uma pesquisa que revelou que 97% dos alunos recebem mais de 50 notificações diárias.

Por isso, a escola decidiu proibir smartphones após constatar que 38% dos alunos usavam os aparelhos sem restrições. Os pais têm reações diversas à política, mas muitos reconhecem os benefícios.

Reações divergentes entre pais

Nem todos os pais concordam com a proibição total dos aparelhos. Joe Mayatt, de Hastings, considera a medida irresponsável, destacando a importância dos celulares para segurança e comunicação.

Stacey Holohan, por sua vez, apoia a restrição para crianças mais novas, mas questiona o limite de 14 anos.

A deputada Helena Dollimore levantou a questão no Parlamento, ressaltando preocupações com a segurança das crianças em suas idas e vindas da escola.

As políticas de proibição geram debates sobre o equilíbrio entre segurança e disciplina.

Posição do governo e desafios futuros

O governo britânico emitiu diretrizes neste ano, incentivando escolas a criarem ambientes sem telefones. A orientação destaca a importância da interrupção do uso durante o dia para garantir a qualidade das aulas.

No entanto, críticos acreditam que o foco deveria ser o conteúdo disponível online. Para a Association of School and College Leaders, o problema está na regulação de conteúdo digital acessado por crianças.

Geoff Barton, secretário-geral da associação, critica a medida como uma “não política” e sugere que esforços sejam direcionados a restringir plataformas online.

*Com informações da BBC News.

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