Por que o português do Brasil não é igual ao falado em Portugal?
Diferentes sotaques do português falado no Brasil revelam a riqueza cultural do nosso país.
A Língua Portuguesa, falada especificamente no Brasil, mantém-se unificada em seu núcleo, mas é inegável a diversidade dos sotaques existentes em cada canto do país.
Embora o idioma seja compreendido por todos, o modo de pronunciar as palavras varia significativamente.
Essa variação está intrinsecamente ligada à rica história de migração e intercâmbio cultural que moldou a identidade brasileira ao longo dos séculos.
Sotaques são formas de expressão que refletem a história e as influências culturais de uma região.
Desde o período de colonização, o Brasil tem sido um ponto de encontro para diferentes povos. Tal diversidade fez com que o português aqui falado absorvesse várias influências.
O português do Brasil é composto por muitos sotaques, devido à interação histórica com outras línguas e à extensão territorial do país – Imagem: reprodução
Contribuição das línguas indígenas e africanas
Os diversos sotaques brasileiros são fruto da interação entre as línguas indígenas, faladas antes da chegada dos colonizadores, e o português.
Além disso, a chegada forçada de africanos durante a escravidão também deixou marcas no idioma.
Por sua vez, imigrantes de diversos países europeus e asiáticos também contribuíram para essa mistura linguística.
Italianos, japoneses e alemães, entre outros, trouxeram características próprias de suas línguas nativas e, assim, enriqueceram ainda mais o português brasileiro.
O “R” e o “S” como marcas regionais
Os sotaques são marcas no idioma que foram sendo feitas em cada região conforme a interação da população do local.
Muitas dessas marcas linguísticas são evidenciadas pela forma como cada brasileiro pronuncia determinados fonemas.
Variedades de pronúncia do “R”
Santa Catarina ao Mato Grosso: O “R” retroflexo é o famoso “R caipira”, emitido quando as laterais da língua tocam a arcada dentária de cima.
Esse fonema é uma herança dos Bandeirantes e é muito comum no Brasil, sobretudo em cidades mais interioranas.
Já na cidade de São Paulo, há uma influência italiana marcante na pronúncia mais seca do “R”, em que as margens da língua encostam de modo mais sutil nos dentes e o som do “R” vem mais da garganta.
Recife: nessa cidade, o “R” é pronunciado de forma mais enfática, uma herança dos holandeses no século XVII.
Rio de Janeiro: o som do R fluminense é semelhante ao francês e foi adotado após a chegada da corte portuguesa em 1808.
O “S” chiado e suas influências
No Rio de Janeiro, o “S” chiado, introduzido pela influência da corte portuguesa no estado, também se espalhou para outras regiões, como Florianópolis e Manaus.
Nestes locais, a presença de línguas indígenas e de migrantes nordestinos durante o ciclo da borracha é evidente.
Tais exemplos ilustram como a história de migração e colonização brasileira resultou numa vasta gama de sotaques.
Cada região possui peculiaridades que contam uma parte única da nossa história.
Dessa maneira, a Língua Portuguesa no Brasil, rica e diversificada, continua a ser um reflexo vivo da complexidade cultural do país.
Comentários estão fechados.