Sujeito
O sujeito é um importante elemento para a análise sintática. Ele recebe diferentes classificações. São elas: sujeito determinado simples; sujeito determinado composto; sujeito determinado elíptico e sujeito indeterminado. Existem ainda as orações sem sujeito (sujeito inexistente), formadas por verbos impessoais.
O sujeito cumpre uma importante função para a análise sintática. Na análise sintática, as palavras passam a exercer funções específicas, denominadas funções sintáticas. Por meio dela podemos compreender melhor as possibilidades de estruturação das frases em nosso idioma, o que nos permite elaborar mais adequadamente nossas próprias frases e também compreender com mais clareza o que ouvimos e lemos.
Na sintaxe, o sujeito é o termo (palavra ou conjunto de palavras) da oração que designa o ser a respeito do qual se declara alguma coisa; é também o elemento com o qual o verbo estabelece concordância. Veja só alguns exemplos:
A velha patrulha policial percorria, toda noite, as vielas da cidade.
- Que é que percorria?
As meninas atravessavam a rua correndo e falando alto.
- Quem é que atravessa?
Foi encontrada sob o armário a arma do crime.
- Que é que foi encontrada?
No escuro da noite, a luz da lua se revela.
- Que é que se revela?
Respondendo a essas perguntas descobriremos de que ou de quem se está falando. Sendo assim, as respostas identificam o sujeito de cada uma das orações. É importante observar que entre o sujeito e o verbo estabelece-se a correlação fundamental da oração: a concordância verbal. Observe:
Sujeito | Verbo |
|
Percorria (singular) |
|
Atravessavam (plural) |
|
Foi encontrada (singular) |
|
Se revela (singular) |
Podemos notar também que uma oração é constituída por duas partes. Uma delas é o sujeito; a outra é tudo aquilo que se diz do sujeito: o predicado.
Nas orações em estudo temos, portanto:
A velha patrulha policial percorria, toda noite, as vielas da cidade.
Sujeito Predicado
As meninas atravessavam a rua correndo e falando alto.
Sujeito Predicado
Foi encontrada sob o armário a arma do crime.
Predicado Sujeito
No escuro da noite, a luz da lua se revela.
Predicado Sujeito Predicado
O “comportamento” do sujeito e as vozes verbais
Quando o verbo exprime ideia de ação, ele pode flexionar-se para indicar quem pratica e quem recebe essa ação. O nome dessa flexão é voz verbal, que levará em conta o comportamento do sujeito da oração, que pode ser três, como vimos anteriormente. Observe:
Se o sujeito pratica a ação → voz ativa
A velha patrulha policial percorria, toda noite, as vielas da cidade.
Sujeito agente
Se o sujeito recebe a ação → voz passiva
Foi encontrada sob o armário a arma do crime.
Sujeito paciente
Se o sujeito pratica e recebe a ação → voz reflexiva
No escuro da noite, a luz da lua se revela.
Sujeito agente e paciente
Classificação do sujeito
Sujeito determinado simples
O sujeito classifica-se como determinado simples quando tem um único núcleo, isto é, uma única palavra principal. Exemplo:
Núcleo
A imensidão azul do mar causa encantamento nos turistas.
Sujeito determinado simples
Observe que no exemplo acima, o sujeito tem um núcleo (com o qual o verbo concorda) e outros três elementos: a, azul e do mar.
Sujeito determinado composto
O sujeito é determinado como composto quando tem dois ou mais núcleos. Veja o exemplo:
Núcleo Núcleo Núcleo
Raios, trovões e uma forte tempestade assustavam os moradores da cidade.
Sujeito determinado composto
Sujeito determinado elíptico (oculto)
Apesar de não ser explicitamente apresentado na oração, o sujeito determinado oculto pode ser reconhecido pela desinência do verbo ou pelo contexto em que a oração é empregada. Exemplos:
Enviaremos a encomenda a você assim que a greve dos Correios acabar.
Sujeito: nós (oculto → identificável pela desinência –emos)
O velho casal relembrava as viagens/ que fizeram quando jovens.
Duas orações → Sujeito da 1ª: o velho casal (determinado simples)
Sujeito da 2ª: eles (determinado oculto)
Sujeito indeterminado
O sujeito de uma oração será indeterminado quando o falante que a constrói não quer – ou não pode – fixar com exatidão o sujeito.
Existem duas estruturas sintáticas por meio das quais é possível indeterminar o sujeito. Veja a seguir:
- Oração com verbo na 3ª pessoa do plural.
Disseram que você não gosta da Priscila.
Quebraram os vidros da janela da biblioteca.
- Oração com verbo na 3ª pessoa do singular + pronome se.
Falou-se muito sobre os escândalos envolvendo o nome do presidente da Câmara.
Verbo na 3ª pessoa do singular + se → sujeito indeterminado
Era-se mais livre nos anos 70.
Verbo na 3ª pessoa do singular + se → sujeito indeterminado
Não se dorme e nem se come bem com este calor insuportável.
Verbo na 3ª pessoa do singular + se → sujeito indeterminado
Oração sem sujeito (sujeito inexistente)
Além das classificações do sujeito que estudamos anteriormente, existe ainda uma classificação muito interessante: o sujeito inexistente. Isso acontece porque alguns verbos da língua portuguesa apresentam uma particularidade sintática: eles não admitem sujeito. Esses verbos são chamados de impessoais, e formam orações sem sujeito. Veja a seguir os verbos impessoais mais comuns:
- Verbo haver
O verbo haver é impessoal quando empregado no sentido de “existir” ou de “acontecer” e quando indica tempo passado. Veja os exemplos:
Havia muitos alunos na escola.
(haver = existir)
Em novembro haverá eleições para diretor da escola.
(haverá = acontecer)
Ela viajou para Paris há alguns anos.
(haver = tempo passado)
- Verbo fazer
O verbo fazer é impessoal quando indica tempo (decorrido ou a decorrer). Exemplos:
Já fazia dois anos que não viajávamos para o Sul.
Oração sem sujeito
Amanhã, fará seis meses que nosso pai faleceu.
Oração sem sujeito
- Verbo ser (em expressões de tempo) e verbos indicativos de fenômenos da natureza. Exemplos:
Era verão naquele ano de 1990 quando você nasceu.
É madrugada: lá fora, na rua, já se ouvem passos.
Ainda não choveu em Goiânia esse ano.
Nessa região do país faz muito calor.
Luana Alves
Graduada em Letras
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