A 'Regra das Árvores' de Leonardo da Vinci pode estar equivocada; entenda
Estudo revela a clássica regra de desenho de 'Árvore de Da Vinci' não se encaixa nas complexas redes vasculares da plantas.
Há quase cinco séculos, um marco na história aconteceu: Leonardo da Vinci desenvolveu a icônica “Regra das Árvores” para orientar como desenhar árvores com precisão.
Essa regra foi adotada pela ciência para modelar e entender o funcionamento das árvores. No entanto, pesquisadores descobriram recentemente que ela pode não ser aplicável às estruturas internas das árvores.
O que diz a regra
A regra de Da Vinci descreve as proporções que devem ser seguidas ao desenhar uma árvore para obter uma representação precisa.
Ele observou que “todos os galhos de uma árvore, em cada estágio de sua altura, são iguais em espessura ao tronco quando colocados juntos”.
(Imagem: Wikicommons/reprodução)
Por muito tempo, a ciência também aplicou essa regra à teoria do escalonamento metabólico, que trata dos canais que transportam água pela árvore, da raiz até as folhas.
De acordo com essa teoria, os canais vasculares diminuiriam de tamanho na mesma proporção em que os galhos se tornam mais estreitos.
No entanto, um estudo recente publicado na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”, realizado por pesquisadores da Universidade de Bangor, no Reino Unido, e da Universidade Sueca de Ciências Agrícolas (SLU), demonstrou que a regra das árvores não se aplica às estruturas vasculares internas das árvores.
Para que a água e outros nutrientes sejam transportados eficientemente pelos canais internos da árvore, é necessário que o sistema mantenha a resistência hidráulica, o que implica determinadas dimensões dos canais.
Os pesquisadores calcularam que o volume dos canais deveria diminuir à medida que se aproximam das extremidades da árvore, resultando em uma maior capilaridade em relação à massa vegetal circundante.
Essas novas proporções refinam a teoria do escalonamento metabólico e aprofundam nossa compreensão sobre o sistema vascular vegetal.
Além disso, elas permitem entender por que as árvores maiores são mais suscetíveis à seca e aos impactos das mudanças climáticas.
Embora a regra das árvores de Leonardo da Vinci continue sendo uma valiosa dica para os artistas, sua aplicabilidade se limita ao nível macro, deixando para a ciência o desafio de desvendar os segredos das intricadas estruturas internas das árvores.
Ruben Valbuena, coautor do estudo, destacou que, além de aprimorar nossa compreensão sobre o funcionamento das árvores, a pesquisa visa proporcionar uma proporção mais precisa dos canais vasculares.
Isso auxiliará os cientistas na estimativa da biomassa e do carbono retido nas florestas, contribuindo para o cálculo global da captura de carbono pelas plantas.
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