A satisfação na vida dos homens diminui quando as mulheres são as provedoras

As antigas normas de gênero na família estão mudando, com homens e mulheres desempenhando papéis variados.

Em eras passadas, as estruturas familiares e de relacionamento eram bem delimitadas e em grande medida, inquestionáveis. Os homens eram tipicamente vistos como os provedores, os que saíam para trabalhar e garantir o sustento da casa, enquanto as mulheres eram normalmente as encarregadas dos cuidados do lar e da educação dos filhos. No entanto, com a evolução do tempo, a sociedade foi se transformando, as estruturas familiares foram se alterando e os papéis tradicionais foram se diluindo.

Nos dias de hoje, é cada vez mais comum vermos as responsabilidades compartilhadas, tanto em termos financeiros quanto nas tarefas do lar. A noção contemporânea de igualdade de gênero tem reforçado a ideia de que ambos os sexos devem dividir as obrigações e os desafios que um lar e um relacionamento trazem. Homens e mulheres estão cada vez mais dividindo as responsabilidades de trabalho, cuidado com a casa e criação dos filhos.

Um fenômeno particularmente interessante que tem emergido é o do aumento de casos onde a mulher assume o papel de principal provedora. Seja por escolha ou circunstância, cada vez mais mulheres estão liderando a frente financeira da família, enquanto os homens se envolvem mais ativamente nos afazeres domésticos e no cuidado com os filhos. Esta mudança significativa está redefinindo os contornos da dinâmica familiar e das relações de gênero, à medida que continuamos a explorar novas formas de convivência e responsabilidade compartilhada.

Estaria tudo bem, porém, não é o que se observa na maioria dos homens. Segundo um estudo recente, homens desempregados tendem a ter dificuldade em aceitar a situação em que a mulher é a principal provedora financeira.

Pesquisadores da Universidade de Bath constataram uma diminuição nos níveis de bem-estar entre homens cujas parceiras eram as únicas provedoras do relacionamento. Em contrapartida, quando o homem é o único a contribuir financeiramente, ou quando ambos os parceiros estão empregados, eles demonstram níveis mais altos de bem-estar.

Estes resultados são oriundos da análise de informações coletadas de mais de 42.000 sujeitos em nove nações distintas. Para medir o bem-estar, os pesquisadores questionaram os participantes sobre a satisfação com a vida numa escala de zero (absolutamente insatisfeito) a dez (extremamente satisfeito). A maioria das pessoas tendeu a marcar entre cinco e oito. Quando as parceiras eram as únicas responsáveis pelo sustento financeiro, os homens avaliaram sua “satisfação com a vida” em 5,86, diferentemente de quando eles mesmos eram os provedores, com uma avaliação de 7,16.

A pesquisa indica que a satisfação com a vida dos homens é impactada negativamente quando estão “desempregados” e a mulher é a provedora. No entanto, quando a mulher está desempregada e o homem é o provedor, o bem-estar masculino melhora.

O efeito do desemprego é sentido tanto por homens quanto por mulheres, mas os homens podem ser mais afetados devido ao isolamento, expectativas de gênero e falta de apoio social. Mesmo considerando diversos fatores, a satisfação com a vida dos homens é reduzida quando a mulher é a única provedora, destacando o papel central que o provedor desempenha na identidade masculina.

Este estudo reforça a necessidade de desafiar a correlação entre ser provedor e a masculinidade.

“Em última análise, precisamos continuar desafiando a crença arraigada de que os homens devem ser o ganha-pão, para que os homens não se sintam fracassados quando não conseguem atender a essa expectativa.”, enfatiza o pesquisador.

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