A tendência que está transformando os jovens canadenses – o estilo de vida DINK!
Especialistas estão estudando o crescimento na aderência a esse comportamento, que é conhecido como “estilo de vida DINK”.
Na década de 1980 começou a se popularizar no Canadá e em todo o mundo o chamado estilo de vida DINK (Dual Income, No Kids). Em resumo, os adeptos dessa filosofia são casais em que ambos trabalham mas não querem ter filhos.
Há décadas atrás, quando surgiu, esse estilo de vida ganhou muitos adeptos, mas foi perdendo força com o passar dos anos. Porém, agora está voltando com força em alguns lugares do mundo.
Para ilustrar essa tendência, o The Canadian Press divulgou um relatório produzido por especialistas que estão observando um crescimento no percentual de jovens canadenses que estão adotando essa prática.
Quando entrevistada sobre o assunto, uma jovem chamada apenas de “Norris”, explicou que adotou o DINK por causa da situação atual do mundo.
“Em termos de economia, em termos de natureza, com tudo acontecendo, como pandemias e questões mundiais, decidi que não queria trazer uma criança para este mundo”, disse.
Norris disse ainda que o seu parceiro, que não teve o nome divulgado, também não quer ter filhos. “Eu sempre soube que não queria ter filhos. Quando conheci meu parceiro, descobri que ele também não”, completou.
Em vez de ter filhos, o casal, que reside na cidade de Vancouver, decidiu adotar um cachorro. Além dos gastos com o animal de estimação, os dois afirmaram que utilizam o dinheiro que gastariam com um filho em passeios, jantares e para investimentos.
Ainda segundo Norris, o que mais atrai no estilo de vida DINK é a liberdade de não ter que se preocupar ou gastar com filhos.
“Em Vancouver, moramos no centro da cidade, mas podemos ir para uma ilha próxima, podemos ir a um Airbnb, podemos investir e não sentir que estamos atrasados na vida”, afirmou a jovem.
Motivos pelos quais o DINK está mais popular
O demógrafo Don Kerr, que leciona no Kings University College, da Western University, é um dos especialistas que têm estudado o aumento na aderência do DINK no Canadá.
Segundo Don, em 1980 o estilo de vida tornou-se mais popular por causa do crescimento na taxa de aceitação de mulheres no mercado de trabalho. Mas, atualmente, as motivações em torno do DINK são bem mais complexas.
Don Kerr afirma que atualmente problemas como insegurança sanitária, guerras, instabilidade financeira, inflação e o aumento de preço de itens básicos, como moradia e alimentação, têm motivado os novos adeptos do DINK.
Além disso, Kerr aponta que os jovens canadenses estão encontrando cada vez mais problemas para se estabelecer financeiramente. “As pessoas que estão lutando e tentando se estabelecer no mercado de trabalho, mas com muitas dificuldades”, disse o demógrafo.
“E então, de quem estamos falando? Estamos falando de jovens adultos que abandonam o ensino médio, a faculdade ou a universidade, bem como de canadenses mais jovens, adolescentes”, explica Don Kerr.
Não é o fim do mundo para quem sonha em ter filhos
Apesar do crescimento da filosofia de vida DINK, o percentual de casais que sonham em ter filhos ainda é o prevalente.
Respondendo à reportagem do The Canadian Press, Angela Lermieri, planejadora financeira da cooperativa de crédito Desjardins, incentivou os jovens a terem filhos, desde que com um planejamento prévio.
“Informe-se sobre ajudas que você pode obter, tanto do governo quanto a partir de orientações de educação financeira, a fim de economizar recursos para quando a criança nascer”, recomenda.
Angela cita como exemplo de assistência governamental o Benefício para Crianças do Canadá, um fundo de recursos públicos que visa justamente ajudar no sustento de casais que acabaram de ter filhos.
“Existem maneiras pelas quais você pode ser ajudado e guiado nesse processo [de ter filhos]. Por isso, não tome os problemas do mundo como seu único exemplo nessa decisão”, recomenda Angela Larmieri.
Se referindo aos casais que estão pensando em aderir ao movimento DINK, Lermieri recomendou que, antes de qualquer tomada de decisão, sejam feitas conversas francas sobre as finanças domésticas.
Segundo a especialista em finanças, um orçamento familiar bem ajustado tem como principal característica a continuidade. “Tem que ser para o orçamento de hoje, mas também para seus objetivos e planos de longo prazo”, afirmou.
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