Alergia ao amendoim? Ciência testa adesivo de pele como tratamento
A alergia ao amendoim, em caso de desconhecimento, pode levar o paciente a situações de riscos, mas a ciência busca soluções.
A alergia ao amendoim é amplamente reconhecida como uma das alergias alimentares mais prevalentes e perigosas entre todas as outras.
Os pais de crianças alérgicas, por exemplo, estão sempre em alerta, enfrentando constantes preocupações para evitar situações que possam transformar momentos de diversão, como festas de aniversário e brincadeiras, em inesperadas visitas à emergência médica.
Uma promissora solução experimental para o tratamento de crianças altamente alérgicas ao amendoim é o uso de um adesivo aplicado na pele, que tem como objetivo treinar seus corpos para lidar com uma possível exposição acidental.
É claro, não há cura para a alergia ao amendoim e o único tratamento disponível é para crianças a partir dos 4 anos, que podem consumir um pó especial para protegê-las de uma reação grave.
Diante dessa perspectiva assustadora, surge um adesivo experimental chamado Viaskin, que tem como objetivo fornecer esse tipo de tratamento através da pele. Confira a nova proposta de tratamento!
Adesivo na pele pode evitar alergia ao amendoim
De acordo com pesquisadores, em um grande teste com crianças de 1 a 3 anos que não toleravam nem mesmo uma pequena fração de amendoim, o adesivo mostrou-se promissor, permitindo que elas ingerissem pequenas quantidades do alimento com segurança.
Conforme as palavras do Dr. Matthew Greenhawt, especialista em alergias do Children’s Hospital Colorado e um dos líderes da pesquisa, caso os testes adicionais obtenham resultados positivos, o adesivo experimental destinado ao tratamento da alergia ao amendoim poderia suprir uma necessidade significativa que até então não foi abordada.
Aproximadamente 2% das crianças nos Estados Unidos sofrem de alergia ao amendoim, sendo que algumas apresentam um quadro tão grave que mesmo uma pequena quantidade desse alimento pode desencadear uma reação potencialmente fatal.
O sistema imunológico dessas crianças responde de forma exagerada aos alimentos que contêm amendoim, desencadeando uma resposta inflamatória que se manifesta através de sintomas como urticária e dificuldade respiratória, podendo até evoluir para situações mais graves.
A empresa francesa DBV Technologies está explorando a imunoterapia cutânea como uma abordagem alternativa para dessensibilizar o corpo aos alérgenos. O adesivo Viaskin contém uma pequena quantidade de proteína de amendoim e é aplicado sobre a pele.
O adesivo é colocado diariamente entre as omoplatas, uma área onde as crianças não conseguem removê-lo facilmente.
Dessa forma, a proteína de amendoim é absorvida gradualmente pela pele, visando induzir uma resposta imunológica que reduza a sensibilidade alérgica ao amendoim ao longo do tempo.
Resultado do estudo
No estudo recente, um total de 362 crianças com alergia ao amendoim foram submetidas a um teste inicial para determinar a dose máxima de proteína de amendoim que elas poderiam tolerar.
Em seguida, elas foram divididas aleatoriamente em dois grupos: um grupo utilizou o adesivo Viaskin, enquanto o outro grupo usou um adesivo placebo, ambos aplicados diariamente.
Após um ano de utilização dos adesivos, os participantes foram submetidos a novos testes e os resultados indicaram que cerca de dois terços das crianças que usaram o adesivo Viaskin conseguiram ingerir com segurança uma quantidade maior de amendoins, correspondente a cerca de três a quatro.
Já com relação ao grupo que utilizou o adesivo falso, apenas cerca de um terço conseguiu ingerir essa mesma quantidade com segurança. De acordo com o Dr. Greenhawt, é possível que este grupo também tenha incluído crianças que já estavam superando a alergia.
Os resultados do estudo, que foram publicados no New England Journal of Medicine, foram uma notícia positiva para crianças pequenas e suas famílias, representando um avanço importante no desenvolvimento de tratamentos para alergias alimentares.
Essa perspectiva de avanço foi destacada pelo Dr. Alkis Togias, do National Institutes of Health, em um editorial que acompanhou a publicação dos resultados, apesar de não ter participado diretamente do estudo.
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