Alunos do 5º ano de vários municípios não sabem fazer contas básicas

A maioria dos maus resultados foram observados em cidades das regiões Norte e Nordeste.

Não é segredo para ninguém que a educação brasileira enfrenta desafios há décadas. Na verdade, nunca esteve em níveis aceitáveis de fato para um país com a importância do Brasil.

No último dia 14, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou os alarmantes resultados da última rodada de avaliações do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), realizada em 2023, que ilustram esse quadro que parece insolúvel.

Os dados revelam um cenário preocupante: estudantes do ensino básico, especificamente do 5º ano, de 20% dos municípios brasileiros, não conseguem realizar operações matemáticas básicas.

Dentre as habilidades que tais crianças ainda não dominam estão a soma de moedas de R$ 0,25 ou R$ 0,50, a conversão de uma hora em minutos, a identificação de um retângulo entre outros quadriláteros e até a leitura de horários em relógios analógicos.

Avaliação detecta maus resultados

O Saeb é uma avaliação anual conduzida pelo Ministério da Educação (MEC) com o objetivo de aferir as capacidades dos estudantes da educação básica nacional oriundos de escolas públicas.

O exame avalia principalmente conhecimentos em matemática e português, servindo como um termômetro da qualidade da educação básica no Brasil.

Os resultados mais preocupantes divulgados no dia 14 enquadram cerca de 1.137 cidades, todas de pequeno porte e localizadas nas regiões Norte e Nordeste.

Em tais localidades, os estudantes atingiram uma média de 200 pontos em matemática, o que representa um patamar de 3/10.

Isso indica que esses alunos são capazes apenas de realizar tarefas elementares, muito abaixo do esperado para a faixa etária e o nível escolar.


Mais de mil cidades brasileiras apresentam péssimos resultados no ensino fundamental – Imagem: reprodução

Fatores que agravaram os resultados

De acordo com especialistas, a lacuna educacional provocada pelas restrições durante a pandemia, quando as escolas foram fechadas, agravou ainda mais a situação.

No entanto, problemas estruturais antigos continuam sendo os principais culpados. A falta de investimentos na educação e a precariedade dos sistemas públicos municipais de ensino, por exemplo, são barreiras quase intransponíveis.

A baixa atratividade da carreira docente, causada por salários desmotivadores e condições de trabalho inadequadas, contribui para a escassez de professores qualificados.

Além disso, muitos cursos de formação de professores no Brasil carecem de qualidade, oferecendo uma preparação insuficiente.

A má distribuição de professores pelo país, especialmente nas regiões mais carentes, e a desigualdade social agravam mais o cenário.

Tem jeito?

Para reverter esse quadro, é essencial investir pesadamente em educação, melhorar a formação dos professores e garantir que eles sejam adequadamente remunerados e distribuídos.

Além disso, é preciso combater a desigualdade social e fortalecer os sistemas públicos de ensino, assegurando que todas as crianças tenham acesso a uma educação de qualidade.

Porém, somente com um esforço conjunto será possível salvar o futuro de milhões de brasileiros.

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