Cabanagem

Conheça os motivos que provocaram esta revolta regencial, como ela aconteceu e quais foram as suas consequências.

A cabanagem foi um dos conflitos populares mais intensos, e com maior número de vítimas fatais acontecidos no Brasil Império.

Para entender o contexto dessa revolta, antes de tudo, é preciso saber que naquele momento, durante o Império, o Brasil vivia o período regencial. Em 1981 Dom Pedro I abdicou do poder, deixando seu filho como herdeiro do trono.

Na época, Dom Pedro II tinha apenas cinco anos de idade, por isso, foi instaurada a regência. Assim, o país foi governado por regentes até 1840.

Localização do conflito

A Cabanagem aconteceu entre os anos de 1835 e 1840, na região norte do país, na província do Grão-Pará, onde hoje estão localizados os estados do Pará, Amazonas, Amapá, Roraima e Rondônia.

Cabanagem Mapa
Cabanagem Mapa

Justamente pelo tamanho do território, o conflito teve uma grande abrangência, espalhando-se por importantes rios da região, como o Rio Amazonas e o Rio Tocantins. O nome da revolta é um termo depreciativo, relacionado ao tipo de moradia usual daquela região, que eram as chamadas palafitas ou cabanas.

Motivos

Muitas províncias estavam insatisfeitas com o governo regencial. O principal incômodo era o poder centralizado, e a consequente falta de autonomia. Por conta disso, muitas delas desejavam se separar do Império do Brasil. Assim, muitos conflitos como este foram registrados.

Naquele período, a capital do Brasil era o Rio de Janeiro, mas mesmo assim, a Província do Grão-Pará tinha mais contato com a Lisboa do que com o centro administrativo do país. Portanto, foi uma das últimas a reconhecer a independência, o que aconteceu somente em 1823.

A Revolta da Cabanagem

Cabanagem

Um fato muito curioso relacionado ao conflito, é que, apesar de ter sido uma revolta popular, pois os cabanos, na maioria eram índios e mestiços, a elite da província também estava extremamente insatisfeita com o cenário político.

Assim, os grupos se uniram em nome da disputa da independência. Entre as principais causas levantadas para fundamentar a Cabanagem, estão, além da insatisfação política e territorial da elite, o considerável abandono do território por parte do governo imperial e as exigências de melhor qualidade de vida e trabalho por parte dos cabanos.

Liderados principalmente pelos fazendeiros Félix Clemente Malcher e Francisco Vinagre, os combates começaram no ano de 1935 e aconteceram entre os cabanos e as tropas do governo central.

Naquele ano os revoltosos ocuparam a cidade de Belém, que era a capital da província. O governador Bernardo Lobo de Sousa foi executado e Malcher foi instituído como presidente.

Entretanto, pouco tempo depois o fazendeiro mostrou-se um impostor, quando fez acordos com o governo regencial para tentar suprimir a revolta, inclusive, mandando prender Eduardo Angelim, um dos líderes do movimento.

Essa traição gerou um combate sangrento, que culminou na morte de Félix Malcher. Com isso, Francisco Vinagre assume o poder e posteriormente será sucedido por Angelim. Porém, naquele momento o movimento estava enfraquecido e com muitas desordens internas.

Fim dos conflitos – consequências e desfecho

Foram estes fatores, que possibilitaram que em 1836, sob ordens do regente Diego Antônio Feijó, o comandante mor das forças regenciais da Província do Grão-Pará, Brigadeiro Francisco José de Sousa Soares de Andréa, determinasse guerra total à Revolta da Cabanagem.

Contando com a ajuda de mercenários europeus e soldados do governo, e depois de diversos ataques à Belém e aos acampamentos dos cabanos, a revolta finalmente foi sufocada. Neste momento Eduardo Angelim foi capturado e encaminhado ao Rio de Janeiro.

De 1836 a 1840, quando Dom Pedro II assume o trono, os revoltosos que não foram mortos em combate acabaram se dissipando, ou ainda foram presos e mortos em combate. Portanto, a revolta não atingiu suas pretensões. Contudo, em 1840 Dom Pedro II anistiou todos os presos.

A Revolta da Cabanagem provocou intensas consequências para a região. Calcula-se que mais de 30 mil pessoas morreram nos combates. Este número representa entre 30 a 40% da população total do Grão-Pará.Muitos membros da elite local, índios, quilombolas e a população ribeirinha acabaram mortos.

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1 comentário
  1. Matheus de Souza Diz

    Cuidado com a troca de números. Uma simples data representa muito mais do que apenas quatro dígitos. Fora isso,o texto é excelente

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