Conheça a biografia e as obras de Almeida Garrett

Almeida Garrett foi um poeta que deu início ao romantismo em Portugal. Conheça o poeta que deu início ao romantismo em Portugal

Quem foi Almeida Garrett? O poeta, prosador e dramaturgo, João Batista da Silva Leitão de Almeida Garrett, mais conhecido como Almeida Garrett, nasceu na cidade do Porto em Portugal em 4 de fevereiro de 1799. Ele escreveu as primeiras obras,  “Camões” (1825) e “Dona Branca” (1826), referentes ao Romantismo na literatura e no teatro português.

O tema da primeira obra romântica literária mais famosa, “Camões”, trata  da vida do também escritor português, Luís de Camões, e, em especial, dos momentos em que este escrevia o clássico “Os Lusíadas”.

Biografia de Almeida Garrett

Durante o período de invasão napoleônica em Portugal, Almeida Garrett mudou-se com a família para o arquipélago dos Açores, na Ilha Terceira, onde, ainda adolescente, começou seus primeiros estudos sobre o romance na literatura. Cabe destacar que, desde cedo, o poeta demonstrava gosto pela literatura e pela política.

Retrato de Almeida Garrett
Retrato de Almeida Garrett

Com ideais liberais, lutou contra o absolutismo e foi exilado mais de uma vez. Como muitos escritores, utilizou o jornalismo para transmitir suas ideias.

No ano de 1816, Almeida Garrett voltou ao território de Portugal no continente e começa a cursar Direito na Universidade de Coimbra. Nesse ano ele escreveu seus primeiros poemas com características do Arcadismo, os quais foram reunidos em uma obra de nome “Lírica de João Mínimo”.

Em 1821, o poeta concluiu o curso em Coimbra e publicou o poema “Retrato de Vênus”. A obra foi considerada uma ameaça à moral e aos bons costumes do povo português e, por isso, o poeta teve que responder a um processo judicial que o acusou por ateísmo e imoralidade.

Devido a sua participação na Revolução Liberal do Porto, no ano de 1823, Almeida Garrett exila-se na Inglaterra com a esposa Luisa Midosi. Em 1824, segue para a França, onde trabalha como correspondente comercial em Havre. Durante esse período Garrett leu Shakespeare, Lord Byron, Walter Scott e outros autores ingleses, dessa forma entrou em contato com o movimento romântico. Foi em Paris que o poeta publicou “Camões”.

De volta para Portugal, com a vitória da causa liberal, o escritor é nomeado Ministro dos negócios estrangeiros do país. Porém, em 1828 Garrett volta para a Inglaterra, devido ao restabelecimento do regime absolutista por D. Miguel. Somente em 1832, regressa para a cidade de Porto como combatente da causa liberal.

O escritor foi eleito deputado em 1845. Em 1851 foi nomeado para a redação das instruções ao projeto de lei eleitoral e sucessivamente para a comissão de reforma da Academia de Ciências de Portugal. Nesse mesmo ano, o autor recebeu o título de Visconde. Em 1852, foi eleito novamente deputado e, por um curto período, ocupou o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros.

Almeida Garrett faleceu em Lisboa, Portugal, no dia 9 de dezembro de 1854, aos 55 anos.

A poesia romântica portuguesa apresentou dois momentos distintos, ao primeiro, pertencem Garrett, Alexandre Herculano e Castilho, poetas que tentaram introduzir os motivos medievais, históricos e místicos no domínio poético. O segundo momento, que aparece em meados do século XIX, denomina-se poesia ultra romântica, que tem como maiores representantes, Camilo Castelo Branco e Soares de Passos.

Obras de Almeida Garrett

Com textos de temática patriótica, Almeida Garrett ficou conhecido pelo trabalho na poesia e no teatro. Em suas obras é possível notar uma mistura de conteúdo clássico e popular. Uma marca de seu trabalho é o fato do narrador se comunicar com o leitor, assim como acontece nos livros do escritor brasileiro Machado de Assis.

Confira algumas obras de Almeida Garrett:

Retrato de Vênus

Vénus, Vénus gentil! – Mais doce, e meigo

Soa este nome, Ó Natureza augusta.

Amores, graças, revoai-lhe em torno,

Cingi-lhe a zona, que enfeitiça os olhos;

Que inflama os corações, que as almas rende.

Vem, ó Cipria formosa, oh! Vem do Olimpo,

Vem com mago sorriso, com terno beijo,

Fazer-me vate, endeusar-me a lira. (…)

Na dramaturgia se destacam as obras “Um Auto de Gil Vicente” (primeira peça romântica do autor publicada em 1842), “O Alfageme de Santarém” (1842), “Frei Luís de Souza” (uma tragédia, obra prima da dramaturgia romântica portuguesa, 1844) e “D. Filipa de Vilhena” (1846).

Na prosa, Almeida Garrett eleva esse gênero literário através da narrativa de viagens, escrevendo prosas de ficção, entre elas: “O Arco de Santana”, romance histórico (1845-1850), “Viagens na Minha Terra” (1843-1845) baseada em uma excursão em que o autor realizou a Santarém. Na obra autor relata, em estilo dissertativo, a narrativa do percurso, entremeado de comentários a respeito de tudo que observava.

Folhas Caídas, publicada em 1853, é a última das obras líricas de Garrett e a melhor de suas composições amorosas. São poesias inspiradas na paixão tardia por Maria Rosa, esposa do Visconde da Luz. Nelas, o autor retrata os aspectos verídicos do amor que partem dos desejos sensuais para concretizar-se através dos sentimentos, como na poesia “Quando Eu Sonhava”.

Quando Eu Sonhava

Quando eu sonhava, era assim

Que nos meus sonhos a via,

E era assim que me fugia,

Apenas eu despertava,

Essa imagem fugidia,

Que nunca pude alcançar.

Agora, que estou desperto,

Agora a vejo fixar…

Para que? – Quando era vaga,

Uma ideia, um pensamento,

Um raio de estrela incerto

No imenso firmamento,

Uma quimera, um vão sonho,

Eu sonhava – mas vivia:

Prazer não sabia o que era,

Mas dor, não na conhecia…

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