Ambiguidade textual – Saiba como utilizá-la seu favor

Principal inimigo da clareza textual em escritas formais , a ambiguidade pode ser útil em produções poéticas e publicitárias.

Ambiguidade, ou anfibologia, é o nome que se dá a duplicidade de sentidos numa mesma sentença.

Por gerarem dúvidas constantes em relação à interpretação de um texto, a presença da ambiguidade ocasiona em desvios e desentendimento de discursos. Seu uso na escrita formal deve ser evitada. 

As ambiguidades são consideradas vícios de linguagem pelas regras da norma culta da língua portuguesa. Um rápido exemplo da confusão que seu uso causa, veja a seguinte frase: “Por fim, levou o filho para o seu quarto. Aqui, não fica claro de que quarto está sendo falado: de quem levou ou do filho?

Apesar dos riscos da sua utilização, as ambiguidades são comumente vistas em textos de caráter mais poético, pois assim oferecem mais brilho, intensidade e expressão à escrita e também em produções publicitárias.

Tipos de ambiguidade: estrutural e lexical

Um texto, frase, expressão ambíguos aparecem sob dois aspectos: ambiguidade estrutural e ambiguidade lexical

A primeira é causada pelo mau posicionamento das palavras em um enunciado, o que gera má entendimento do seu real sentido e significado.

Exemplo: O celular se tornou um grande aliado do homem, mas esse nem sempre realize todas as suas tarefas”.

Note que na frase é impossível identificar o que de fato as palavras “esse” e “suas” estão se referindo; dando margem a achar que é tanto do celular quanto do homem. 

No segundo caso, nos casos de ambiguidade lexical, as palavras de um enunciado podem assumir dois ou mais significados, assim como nos casos de polissemia. 

Exemplo: “ A mulher estava perto do banco”

Veja que nesse caso não é possível saber que tipo de banco está sendo referido, se é a instituição financeira ou objeto de sentar.

Exemplos de ambiguidade

Veja alguns exemplos de frases e situações em que a ambiguidade ocorre:

  • Uso dos pronomes possessivos

Frase: O professor do Pedro terminou a aula fazendo apontamentos no seu caderno.

Veja que não é possível identificar em qual caderno foram feitos os apontamentos, se no de Pedro ou do próprio professor.

Sugestão de utilização: O professor do Pedro terminou a aula fazendo apontamentos no caderno dele.

ou

O professor do Pedro terminou a aula fazendo apontamentos no seu próprio caderno.

  • Colocação das palavras 

Frase: As crianças felizes correram para a piscina.

Note que nesse caso fica a dúvida se as crianças são felizes ou estão felizes por irem à piscina.

Sugestão de utilização: Felizes, as crianças correram para a piscina.

  • Uso das normas nominais

Frase: A ajudante de cozinha ajudou o conceituado cozinheiro preparando a apresentação do prato.

Aqui fica a dúvida: a ajudante fez sozinha o preparo do prato ou ajudou o cozinheiro na apresentação do prato?

Sugestão de utilização: A ajudante de cozinha ajudou o conceituado cozinheiro com a apresentação do prato.

ou

Preparando a apresentação do prato, a ajudante de cozinha ajudou o conceituado cozinheiro.

  • Uso do pronome relativo e da conjunção integrante

Frase: Falei com o patrão que estava com vertigens.

Veja a dificuldade em identificar o dono das vertigens, o patrão ou o funcionário?

Sugestão de utilização: Com vertigens, falei como patrão.

Linguagem publicitária e a ambiguidade

Sabe-se que um texto ou enunciado pode transmitir mais de uma mensagem, seja por meio da linguagem oral, visual ou escrita.

Na área publicitária, isso é comum e utilizado à favor da criatividade; e propositalmente. Veja a relação entre a publicidade e ambiguidade na redação de um anúncio de bolachas:

“Encha seu filho de bolacha.”

Aqui, a ideia e missão da mensagem é incentivar o consumo de bolachas, e não incentivar que os pais batam em seus filhos. O jogo de palavras é divertido e brinca com os sentidos de bolacha como comida ou um tapa.

Ambiguidade e polissemia

Apesar de tratarem do mesmo tema, variedade de sentidos, a polissemia trata apenas dos possíveis significados que uma mesma palavra pode assumir. 

Veja alguns exemplos de polissemia: pata ( animal ou pé de animal); braço (parte do corpo ou braço da cadeira); letra (música, canção ou caligrafia ou letra do alfabeto); porco (animal ou pessoa de má higiene) e por aí vai.

Veja também: Texto Informativo  –  O que é, características, estrutura, exemplos e modelos

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