Autoras negras da literatura brasileira

Saiba um pouco mais sobre algumas autoras negras da literatura brasileira!

O Brasil sempre contou com autoras negras em sua literatura. Entretanto, durante muito tempo, o poder da fala foi basicamente direcionado às pessoas brancas mais abastadas. Com isso, os discursos voltados à população negra, pobre e periférica foi sendo deixados à margem.

As últimas décadas presenciaram uma certa modificação desse cenário, com o surgimento de leitores que passaram a demandar por uma maior representatividade na literatura nacional.

Com isso, autoras negras que antes não eram conhecidas, passaram a ocupar lugar de destaque na literatura brasileira.

Além disso, o advento das redes sociais, aliado ao fortalecimento de discursos que problematizam o racismo, o machismo e as desigualdades sociais, fizeram com que a população negra se sentisse mais impelida a buscar leituras que a representasse.

É nesse contexto que surge uma grande busca por autoras negras que trabalham questões voltadas ao povo negro e às mulheres negras, em específico.

Confira algumas autoras negras da literatura brasileira e suas obras!

Autoras negras da literatura brasileira

1 Carolina Maria de Jesus (1914-1977)

Carolina Maria de Jesus (1914-1977)
Carolina Maria de Jesus

Carolina Maria de Jesus foi uma das primeiras autoras negras do Brasil, ocupando um lugar de destaque na literatura nacional.

Moradora da favela do Canindé, em São Paulo, ela foi mãe solo e trabalhou como catadora de papéis. Suas obras se concentravam em tratar temas referentes à discriminação vivida pelas mulheres negras e suas experiências de vida.

Alguns livros escritos por Carolina Maria de Jesus foram:

  • Quarto de despejo (1960)
  • Casa de alvenaria (1961)
  • Pedaços de fome (1963)

2 Maria Firmina dos Reis (1822-1917)

Maria Firmina dos Reis (1822-1917)
Maria Firmina dos Reis

Maria Firmina dos Reis é considerada a primeira romancista da América Latina. Sua obra literária Úrsula é vista como um dos primeiros livros escritos por uma mulher negra no Brasil.

Com uma postura antiescravista, ela foi a compositora do Hino da Libertação dos Escravos. Além disso, Maria Firmina fundou a primeira escola mista e gratuita da época, sendo uma ferrenha defensora da educação e da igualdade de gênero e racial.

Algumas de suas obras literárias são:

  • Úrsula (1859)
  • A escrava (1877)
  • Cantos a beira-mar (2019)

3 Stela do Patrocínio (1941-1997)

Stela do Patrocínio (1941-1997)
Stela do Patrocínio

Stela do Patrocínio foi uma poetisa brasileira que trabalhou como empregada doméstica na juventude. Ainda jovem recebeu o diagnóstico de esquizofrenia e, por isso, morou em algumas instituições de internação. Por essa razão, pouco se sabe a respeita da vida da autora.

Como não era alfabetizada, Stela recitava seus poemas, que foram gravados e expostos no Museu do Paço Imperial, no Rio de Janeiro.

4 Conceição Evaristo (1946-)

Conceição Evaristo (1946-)
Conceição Evaristo

Maria da Conceição Evaristo de Brito é doutora em Literatura Comparada e atua ativamente no movimento negro. Sua primeira publicação ocorreu na década de 1990, quando publicou poemas e contos.

Suas obras alcançaram alguns países como a Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos. Além disso, seus escritos já foram objetos de pesquisa de alguns pesquisadores brasileiros.

Algumas de suas publicações são:

  • Poncia Vicencio (2003)
  • Becos da memória (2006)
  • Olhos d’água (2014)

5 Ruth Guimarães (1920-2014)

Ruth Guimarães (1920-2014)
Ruth Guimarães

Ruth Guimarães Botelho foi a primeira autora negra a conseguir ficar conhecida em todo o país desde a publicação de sua primeira obra.

Aos 10 anos publicou seus primeiros versos em alguns jornais paulistas. Graduou-se em Filosofia e Letras Clássicas pela Universidade de São Paulo (USP).

Alguns de seus livros publicados são:

  • Água funda (1946)
  • Calidoscópio – A saga de Pedro Malazarte (2006)
  • Lendas e fábulas do Brasil (1967)

6 Esmeralda Ribeiro (1958-)

Esmeralda Ribeiro (1958-)
Esmeralda Ribeiro

Esmeralda Ribeiro é jornalista, poetisa e escritora de contos. Ela participa de seminários e palestras falando sobre sua profissão e apresentando escritoras negras.

Além disso, Esmeralda coordena o grupo Quilombhoje, coletivo cultural e editora de São Paulo.

Seus principais escritos são:

  • Malungos e milongas (1988)
  • Ogun (1985)
  • Orukomi – meu nome (2007)

7 Jarid Arraes (1991-)

Jarid Arraes (1991-)
Jarid Arraes

Jarid Arraes é uma escritora, poetisa e cordelista. Seus escritos abordam questões referentes à escravidão, tráfico humano, gênero e direitos humanos. Além disso, é colunista na revista Questão de Gênero.

Algumas de suas obras literárias são:

  • As lendas de dandara (2016)
  • Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis (2017)
  • Um buraco com meu nome (2018)

8 Jenyffer Nascimento (1984-)

Jenyffer Nascimento (1984-)
Jenyffer Nascimento

Jenyffer Nascimento é escritora, poetisa, ativista e feminista. Seus escritos são imbuídos de muita intensidade ao abordar temas como: identidade, negritude, racismo, amor e machismo.

Utiliza a poesia como uma ferramenta para expor as injustiças sociais contra a população negra.

Alguns de seus escritos são:

  • Pretextos de mulheres negras (2013) – Coletânea que reúne textos de 22 escritoras negras
  • Terra fértil (2014)

9 Djamila Ribeiro (1980-)

Djamila Ribeiro (1980-)
Djamila Ribeiro

Djamila Taís Ribeiro dos Santos é uma filósofa, escritora, feminista e acadêmica. É um dos nomes mais conhecidos do país que aborda sobre a questão do ativismo negro no Brasil.

Bastante conhecida nas redes sociais, ela reúne milhares de seguidores. Além disso, Djamila marca presença em vários espaços de debate sobre a luta pela diversidade.

Conhecida como uma filósofa pop, ela é convidada para dar entrevistas em diversos meios de comunicação.

Algumas de suas publicações são:

  • Lugar de fala (2017)
  • Quem tem medo do feminismo negro? (2018)
  • Pequeno manual antirracista (2019)

10 Miriam Alves (1952-)

Miriam Alves (1952-)
Miriam Alves

Miriam Aparecida Alves integrou o coletivo Quilombhoje, sendo responsável pelos Cadernos Negros, que publica contos e poemas.

Seus primeiros escritos foram imbuídos de um discurso de protesto voltado para a comunidade negra. Intelectual moderna, ela também se concentra em analisar as relações entre a poesia, a ficção e a metalinguagem.

Suas principais obras são:

  • Momentos de busca (1983)
  • Mulher mat(r)iz (2011)
  • Maréia (2019)

11 Sueli Carneiro (1950-)

Sueli Carneiro (1950-)
Sueli Carneiro

Aparecida Sueli Carneiro Jacoel é escritora, filósofa e ativista antirracista. É considerada uma das principais autoras do feminismo negro no Brasil.

Sueli Carneiro é doutora em Educação pela USP e criadora do Geledés – Instituto da Mulher Negra.

Ela desenvolve pesquisas e ações voltadas para as mulheres negras, por meio do único programa nacional que visa a saúde mental e física das mulheres negras.

Suas obras se concentram nas questões de raça, gênero e direitos humanos. Alguns dos livros publicados pela intelectual são:

  • A mulher negra brasileira na década da mulher (1985)
  • A cor do preconceito (2006)
  • Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil (2011)

12 Lélia Gonzalez (1935-1994)

Lélia Gonzalez (1935-1994)
Lélia Gonzalez

Lélia Gonzalez foi uma escritora, intelectual e professora. Doutora em Antropologia política, sua pesquisa se concentrou na questão do gênero e etnia.

Lecionou no curso de Cultura Negra na Escola de Artes Visuais no Parque Lage e contribuiu para a fundação do Movimento Negro Unificado (MNU), Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN), Coletivo de Mulheres Negras N’zinga e o Olodum.

Seus escritos estão voltados para as demandas da população negra, em especial das mulheres negras. Suas obras são:

  • Lugar de negro (1982)
  • Festas populares no Brasil (1987)
  • Por um feminismo afro-latino-americano (2020)

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