Inconfidência Mineira – Resumo, objetivos, consequências e atuação de Tiradentes

Apesar de fracassado, o movimento pode ser considerado como um exemplo da luta dos brasileiros pela independência.

O que foi a Inconfidência Mineira? A Inconfidência Mineira foi um movimento de caráter separatista ocorrido em 1789, cujo palco foi a província de Minas Gerais. É tido como um dos movimentos sociais mais importantes da história do Brasil.

Contexto histórico e causas da Inconfidência Mineira

Uma das principais causas para o declínio do ciclo do ouro foi a queda na produção. A partir de 1760, a cada ano a quantidade de ouro disponível para o garimpo ficava menor, causando o empobrecimento da população, uma vez que a atividade consistia no principal pilar da economia.

Ainda que a produção estivesse em queda, os impostos cobrados pela Coroa, sendo o quinto o mais conhecido, permaneciam com as mesmas taxas. Quando o total dos impostos arrecadados não atingia o limite mínimo, fixado em 100 arrobas anuais, era determinada a derrama.

A prática da derrama consistia em usar a força dos aparatos armamentícios da Coroa para cobrar da população a quantidade de ouro que faltava para atingir o esperado. Apesar de só ter acontecido uma vez, era algo que podia voltar a acontecer a qualquer momento, causando temor geral.

Somado a isso, o custo de vida na província ficava mais alto a cada dia, já que todas as compras eram feitas a prazo, sendo o ouro a principal moeda de compra. Isso fez com que aqueles que tinham o controle do metal começassem a se endividar.

Quadro Inconfidência Mineira

Comerciantes, traficantes de escravos e agricultores deixaram de ser pagos, alastrando a crise para diversos setores da sociedade. O Alvará de 1785 foi outro catalisador do colapso.

Ele determinou o encerramento das atividades de todas as manufaturas, obrigando a população a consumir apenas produtos importados, vendidos a preços exorbitantes.

As ideias do Iluminismo, lançadas na Europa, acabaram chegando no Brasil, apesar da censura. Temas como a liberdade dos povos e o questionamento do sistema político vigente foram colocados em pauta por estudantes brasileiros que haviam feito curso superior no continente europeu.

Por fim, mas não menos importante, a Independência dos Estados Unidos, onde os colonos se rebelaram com o sistema fiscal imposto pela metrópole e se desvencilharam da Inglaterra, inspirou a elite brasileira a acreditar que podia fazer o mesmo em relação a Portugal.

Tiradentes e outros líderes inconfidentes

Apesar de não ter idealizado a Inconfidência Mineira, Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, tornou-se o mais popular entre os insurgentes. Ele era filho de um pequeno proprietário de terras e ao longo da vida exerceu atividades como militar, dentista, comerciante e tropeiro.

Foto de Tiradentes

Tiradentes teve um papel muito importante ao disseminar as ideias revolucionárias entre a população. Mas, além dele, outros inconfidentes tiveram atuação notória no movimento. A maioria deles eram padres, grandes fazendeiros e homens com alto grau de instrução.

Ocupando um alto posto político, estando hierarquicamente abaixo apenas do governador, o tenente coronel e comandante do Regimento dos Dragões, tropa militar de Minas Gerais, Francisco de Paula Freire, também é considerado uma das principais lideranças dos amotinados.

Outros nomes importante são do escritor e poeta Tomás Antônio Gonzaga e de Cláudio Manoel da Costa. O primeiro, depois de concluir os estudos jurídicos na Europa, regressou ao Brasil, tornando-se ouvidor em Vila Rica.

Manoel da Costa, por sua vez, era proveniente de uma família que tinha muitas posses graças ao enriquecimento pela mineração. Além de ter estudado em Coimbra, exercia alto cargo na administração da colônia.

Objetivos e consequências

Os inconfidentes pretendiam implantar uma série de novas medidas em Minas Gerais. Para torná-las possíveis, o primeiro passo seria o rompimento com Portugal e a adoção de um regime republicano. A cidade de São João del Rei deveria ser a capital do novo país.

Por consequência, o monopólio comercial com Portugal deveria chegar ao fim. Além disso, haveria adoção do serviço militar obrigatório, criação de indústrias e uma universidade em Vila Rica.

Prevendo apoio da população revoltada, a deflagração da revolta estava marcada para o dia da derrama, que aconteceria em 1788. Entretanto, três dissidentes do movimento procuraram o governador, Visconde de Barbacena, e deletaram os planos da conspiração.

Por conta da delação do tenente coronel Basílio de Brito Malheiro do Lago, do mestre de campo Inácio Correia Pamplona e do coronel Joaquim Silvério dos Reis a conjuração foi suspensa.

Em 10 de maio de 1789 Tiradentes estava no Rio de Janeiro para comprar armas quando foi preso. Ele foi condenado à morte e sua execução foi marcada para 21 de abril de 1792, no campo de São Domingos, localizado na mesma cidade de sua prisão. Depois de morto ele teve o corpo esquartejado e exposto em praça pública.

Os outros inconfidentes foram processados durante três anos. Como resultado, muitos deles foram perdoados ou tiveram o exílio decretado. Apenas Tiradentes teve a morte como pena.

Curiosidades da Inconfidência Mineira

  • A bandeira do novo país, além de cores da Revolução Francesa, teria a inscrição Libertas quae sera tamen, em português, “Liberdade ainda que tardia”. O pavilhão foi usado como inspiração para a atual bandeira do estado de Minas Gerais;
  • O dia 21 de abril, data de execução de Tiradentes, é feriado nacional em lembrança à Inconfidência Mineira;
  • Falando nisso, reza a lenda que, na data em que ele foi morto, sua cabeça foi exposta em praça pública. Porém, acabou furtada, sem que o paradeiro jamais fosse descoberto;
  • A casa do célebre inconfidente foi destruída e o local foi salgado para se tornar infértil;
  • Por mais que a imagem que se tem de Tiradentes seja de um homem de cabelo e barba longos, é muito provável que ele nunca tenha sido assim. Isso porque, na condição de alferes, o máximo permitido era o bigode. Enquanto ficou na cadeia, assim com os demais presos, tinha os cabelos aparados periodicamente. Na data de sua execução ele estava careca e sem barba.
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