Lenda do Saci-Pererê

Conheça um pouco mais sobre uma das lendas mais famosas do folclore brasileiro: a do Saci-Pererê.

O Saci-Pererê é um personagem muito famoso do folclore brasileiro.

Ele é representado por um jovem negro de uma perna só, que fuma cachimbo e usa um gorro vermelho mágico que lhe permite desaparecer e aparecer onde quiser.

Considerado uma criatura potencialmente perigosa e maliciosa, ele ainda concede desejos a qualquer um que consiga prendê-lo ou roubar seu gorro.

A lenda do Saci

O Saci não causa grandes danos, mas não há pouco mal que ele não faça. Ele esconde os brinquedos das crianças, solta os animais da fazenda, provoca cães e amaldiçoa os ovos de galinhas, impedindo-os de chocar.

Na cozinha, o ele derrama sal, azeda o leite, queima o feijão e derruba as moscas na sopa. Em resumo, as pessoas culpam o Saci por qualquer coisa que dê errado, dentro ou fora de casa.

Além de desaparecer ou ficar invisível, o Saci pode se transformar em Matita Perê, uma ave cuja canção melancólica parece vir do nada.

Pode-se escapar do Saci ao cruzar uma corrente de água, pois ele não se atreve a atravessá-la, já que assim perderia todos os seus poderes.

Outra maneira de fugir é fazer vários nós em cordas. Ele é obrigado a parar e desfazer os nós. Também é possível tentar apaziguá-lo deixando para trás cachaça ou tabaco para o cachimbo.

Todo redemoinho, diz a lenda, é causado pela dança giratória do Saci invisível. Pode-se capturá-lo jogando no redemoinho um rosário ou atacando-o com uma peneira.

Com cuidado, o Saci capturado pode ser persuadido a entrar em um frasco de vidro escuro, onde ele pode ser aprisionado por uma rolha marcada com uma cruz.

Ele também pode ser subjugado por quem conseguir roubar o seu gorro, que é a fonte de seu poder.

No entanto, dependendo do tratamento que ele recebe de seu mestre, o Saci que recupera sua liberdade pode se tornar um guardião e amigo confiável, ou um inimigo desonesto e terrível.

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Origem da lenda do Saci

Embora algumas fontes históricas afirmem que o mito desse personagem do folclore brasileiro se originou na Europa, no século XIII, com o personagem do Monopé, a origem mais aceita é a do Ŷaci-ŷaterê (Jaci Jaterê), da mitologia tupi-guarani, uma criança mágica com cabelos ruivos e que tinha uma perna só.

Ele assustava pessoas e quebrava o silêncio da floresta com seus gritos e assobios altos. E era originalmente uma criatura da noite — ŷaci significa “Lua” no Velho Tupi.

Esse caráter indígena foi apropriado e transformado no século XVIII pelos africanos escravizados que foram trazidos em grande número para o Brasil. Eles eram obrigados a trabalhar em fazendas e contavam histórias sobre o Saci para divertir e assustar as crianças.

Nesse processo, o menino passou a ser representado como negro e seu cabelo vermelho se metamorfoseou em um gorro vermelho.

Com o passar do tempo, como eram os anciãos africanos que costumavam relembrar os contos, eles diziam que o Saci vinha sempre fumando seu cachimbo de barro.

O gorro vermelho pode ter sido inspirado no Trasgo, uma criatura mítica portuguesa com os mesmos poderes que o Saci.

O conceito do Saci-Pererê também demonstra algum sincretismo com elementos cristãos: ele foge quando se depara com cruzes, deixando para trás um cheiro sulfuroso — atributos clássicos do demônio no folclore cristão.

A ação de aprisionar um ser sobrenatural em uma garrafa com uma rolha magicamente marcada, e de forçá-lo a conceder desejos em troca de sua liberdade, tem paralelos óbvios com o gênio da lâmpada da história de Aladdin, de As Mil e Uma Noites.

Isso pode ser mais que apenas uma coincidência, já que alguns dos africanos trazidos para o Brasil eram muçulmanos, portanto, presumivelmente, familiarizados com os contos da Arábia.

Além disso, a ocupação de partes do território português pelos mouros muçulmanos, entre os anos 711 e 1249, fornece outro caminho possível para a influência árabe sobre a lenda do Saci.

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