Saiba o que é o método fônico de alfabetização

Como funciona o método que veio para contrapor a soletração, bastante indicado logo no início da alfabetização de crianças pequenas.

O sistema alfabético da Língua Portuguesa é composto por 26 letras, entre vogais e consoantes. A partir delas, são formados os fonemas, estruturas que usamos para articular e pronunciar cada palavra que compõe o nosso vocabulário.

O aprendizado do alfabeto e a consequente leitura das palavras é chamado de alfabetização. Uma das grandes críticas de especialistas é quanto ao ensino mecânico das letras, mostrando-as de forma solta, sem sentido e desconexa da realidade.

Uma das estratégias criadas para se contrapor ao convencional de alfabetização é o método fônico. Nele, o alfabetizador despertará a consciência fonêmica de forma efetiva, desde que bem utilizado. Conheça mais sobre essa modalidade!

O que é o método fônico de alfabetização?

O método fônico de alfabetização é o sistema que consiste em ensinar os sons da primeira letra de cada palavra. A partir daí, a pronúncia completa do vocábulo é construída a partir da mistura de cada som, permitindo que a criança leia toda e qualquer palavra.

O surgimento dessa modalidade de alfabetização se deu como mais uma crítica ao método alfabético ou de soletração, majoritário até a década de 80. Mas, como funciona, exatamente, o método fônico?

A proposta do método fônico é ensinar os sons das letras e fonemas antes de, simplesmente, entregar o livro para uma criança ler. Quando alguns deles foram apreendidos, o próximo passo é combiná-los de forma a construir uma palavra.

Os principais objetivos do método fônico de alfabetização são:

  • mostrar à criança que cada palavra tem som um som diferente
  • relacionar as letras que representam determinados fonemas
  • quando é preciso mudar uma ou mais letras para formar uma palavra diferente
  • identificar os sons que cada letra representa e juntá-los para conseguir ler

Em suma, o método fônico é qualquer sistema de alfabetização que relacione fonemas e grafemas. Há diversas maneiras de aplicá-lo e as mais eficazes beneficiam todos os tipos de alunos, em especial quando aplicados de forma sistemática, e não casualmente.

Sua aplicação em sala de aula deve ter como suportes materiais didáticos diferenciados, como alfabetos móveis, letras, textos desenvolvidos por critérios semânticos, fichas e listas de palavras.

Passo a passo do método fônico de alfabetização

O primeiro passo do método fônico de alfabetização é o ensino das letras através de seus sons. O mais indicado é começar por histórias criadas para ajudar a criança a identificar a relação existente entre grafia e fonema, letra e som.

Funciona assim: o alfabetizador mostra uma letra e como é o seu som. Depois, cita exemplos de coisas conhecidas da criança cujo nome inicia, justamente, com aquela letrinha com a qual está trabalhando.

Para efetivar o aprendizado, é interessante pedir que a criança repita aquele som, principalmente após o alfabetizador escrever aquela letra na lousa. O passo seguinte é a combinação dos sons, o que pode ser iniciado antes mesmo de dominar todo o alfabeto.

Quando o alfabetizador perceber que a criança aprendeu boa parte dos fonemas, a sugestão é usar um alfabeto móvel, ou letras soltas, pedindo que o aluno forme palavras. Depois, ele deve ser incentivado a pronunciar o som de cada letra, uma por uma.

Em seguida, a criança combina os sons que pronunciou de forma a gerar a pronúncia completa daquela palavra. O ideal é usar, no início, palavra simples com, no máximo, duas sílabas, até sentir a segurança de aplicar palavras maiores.

Com a evolução do aluno, o alfabetizador insere vocábulos mais complexos, com dígrafos, diferenças entre z e s, entre outras particularidades da nossa língua. É importante revisar as combinações já aprendidas, ampliando a capacidade leitora do aluno de forma gradativa.

Quanto tempo leva o método fônico de alfabetização?

Assim como qualquer processo de alfabetização, o método fônico não consiste em mostrar sons e imagens para a criança. É preciso que o alfabetizador tenha em mente de tratar-se de um processo complexo composto pela superação de desafios.

Existem três deles, inclusive, que a criança precisa superar para aprender a ler. São eles a descoberta do princípio alfabético, ou seja, descobrir como são formadas as palavras; aprender a codificar, a relação para extrair os sons; e, aprender o princípio ortográfico.

O último consta de perceber quais são as regras que regem a grafia das palavras. O conjunto de desafios que acabamos de citar constitui o desenvolvimento da consciência fonêmica, quando a criança identifica os sons formadores de uma palavra.

E por que é importante estimular esse desenvolvimento? Porque, sem ele, o aluno pensa que as palavras são desenhos e, em vez de aprendê-las, vai apenas decorá-las, limitando o seu próprio vocabulário.

Usando os procedimentos e programas de forma correta, o alfabetizador perceberá que a criança constrói seu próprio vocabulário e pronúncia. Algumas combinações, incluindo as mais complexas, podem ser ensinadas em poucos meses.

A média é que uma criança alfabetizada pelo método fônico tenha resultados completos entre quatro a seis meses. A partir daí, é possível pedir que ela leia textos um pouco mais complexos e variados, inclusive de forma independente.

Sugestões de exercícios

Trouxemos duas sugestões de exercício iniciais expostos pelo Instituto AlfaeBeto.

Decompondo palavras:

O adulto convida a criança para uma brincadeira. Ele pode iniciar dizendo ”vou falar uma palavra em duas partes, e você vai descobrir que palavra estou querendo dizer”. O adulto lê cada palavra pronunciando cada parte com clareza, fazendo pausa entre as duas partes.

Por exemplo: PAPA_gAiO = PAPAgAiO.  Outro exemplo: teLe_visãO = teLevisãO.

Em seguida, deve convidar a criança a descobrir as próximas palavras. Uma pode falar uma parte e outra a segunda parte, ou o adulto pode utilizar um boneco para ser o “parceiro” na brincadeira. O objetivo é fazer com que a criança descubra qual palavra está escrita nos seguintes exemplos: elefante, passarinho, marinheiro, bicicleta, corda, quadro, fogueira

Os sons dos nossos nomes

O adulto explica à criança que os nomes têm pedaços menores e pode dizer: “agora você vai aprender a bater palmas para separar as várias partes ou pedaços dos nomes de seus colegas”.

Por exemplo: o nome Ernesto (escolha um nome de um amiguinho ou parente). Fazemos assim: er  (palma) nes (palma) to (palma)”.

Em seguida, convida a criança o mesmo com o próprio nome. Depois, repetir com mais nomes de colegas de classe ou parentes. O objetivo é mostrar que alguns nomes têm números diferentes de palmas. Após mostrar essa diferença, ele deve fazer isso em ordem:

  • nomes com duas sílabas (Al-fa; Be-to; Ma-ra; Ti-to; etc.)
  • nomes com três sílabas (Ma-ri-a; Fer-nan-do; Ro-ber-to)
  • nomes com mais de quatro sílabas: (Da-go-ber-to;  Fe-lis-ber-to; Ca-ta-ri-na; etc.)

A criança deve compreender que uma palavra tem um som que é só dela, mas dentro dela há vários outros sons.

Quais são os programas existentes?

No Brasil, o alfabetizador pode encontrar os seguintes programas de alfabetização pelo método fônico:

  • “Alfabetização: método fônico” de Alessandra G. S. Capovilla, Professora da USP
  • “Alfabetização com as Boquinhas” de Renata Jardini
  • “História da Abelhinha” de Almira Sampaio Brasil da Silva, conhecido como “Método da Abelhinha”
  • “História da Casinha Feliz” de Iracema Meireles, chamado de “Método Iracema Meireles”
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3 Comentários
  1. Flavio Diz

    Este sistema é um inferno. Não há uma criança na faixa dos 14 anos que escreva corretamente as palavras sozinha. Mesmo estudante de escola particular dançou, e de escola pública a situação não pode nem mesmo ser lamentada. Péssima escolha desde o início.

  2. Angélica Diz

    Meu filho foi educado com o sistema fônico e desde o início percebi um grande avanço em sua capacidade de ler e escrever. Inclusive meu irmão mais novo teve dificuldade em compreender os sons das letras e demorou para ser alfabetizado. Por isso minha preocupação com o sistema adotado! E pude usar também o livro infantil daqui http://www.minhaprimeiraleitura.com.br. Ajudou muito!!! Não faz ideia.

  3. Daniel Diz

    Curiosamente, ao ler o artigo apercebi-me que já usei esse sistema e ainda uso de forma inconsciente com o meu filho.
    Eu leio as histórias e as palavras principais eu leio e voi dando a lacuna para a palavra que ele já sabe. Por vezes leio metade e ele dá-me o resto. Muito interessante que embora pareça um inferno para as crianças, acho que no fim tem a haver com o envolvimento emocional que conseguimos gerar na criança perante aquele momento.

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