Preconceito linguístico – O que é, causas, exemplos, no Brasil

Conceito está diretamente relacionado aos aspectos socioeconômicos e culturais de uma sociedade.

Por definição, preconceito é um sentimento ou opinião hostil em relação a pessoas ou grupos sociais sem sequer conhecê-los. Embora geralmente tenha origem individual, o preconceito é um reflexo de uma sociedade que demonstra intolerância à diversidade.

O preconceito linguístico, portanto, diz respeito às variações de um mesmo idioma. Assim, o modo de falar de uma pessoa é motivo de preconceito por ser distinto daquele que é considerado ideal.

Isto é, ele ocorre quando um indivíduo não segue regularmente a gramática normativa de seu idioma, devido ao sotaque ou uso de gírias e expressões típicas da localidade onde vive, por exemplo.

Entenda mais sobre o conceito de preconceito linguístico a seguir.

O que é preconceito linguístico?

Preconceito linguístico é o juízo de valor negativo às diferenças linguísticas observadas entre as pessoas que falam o mesmo idioma. Assim, observa-se uma reprovação ou desrespeito em relação às variantes informais da língua.

Ele ocorre devido à tentativa da imposição de um padrão “culto” do idioma por parte da elite econômica e intelectual, que considera como erro as formas de falar que diferem desse modelo.

Esse tipo de comparação não faz sentido principalmente devido às diferenças socieconômicas da população, uma vez que classes sociais menos favorecidas não possuem o mesmo nível de acesso à educação.

Portanto, o preconceito linguístico é diretamente ligado a outros tipos de preconceito presentes na sociedade. Além do aspecto socioeconômico, o preconceito linguístico pode estar relacionado a:

  • Região — aversão ao sotaque ou regionalismos típicos;
  • Cultura — preconceito contra o que se refere a culturas de massa e variações linguísticas das pessoas que apresentam essa identidade cultural;
  • Racismo e homofobia — aversão a elementos linguísticos típicos da cultura negra e da comunidade LGBT.

Desta forma, observa-se que o preconceito linguístico acaba reforçando os preconceitos acima mencionados. Isso porque criam-se estereótipos profundamente enraizados na sociedade, favorecendo a exclusão dessas pessoas.

Preconceito linguístico no Brasil

Em um país com grande extensão territorial como o Brasil, e com uma população tão miscigenada, com influências culturais variadas (indígenas, africanas e imigrantes), é possível encontrar diversas variações linguísticas.

Alguns grupos sociais utilizam gírias específicas, outros apresentam sotaques e expressões regionalistas, ou mesmo não tiveram acesso à educação formal. Assim, não existe uma unidade linguística no país.

O preconceito linguístico no Brasil é observado principalmente nos aspectos regionais e socioeconômicos. As regiões Sul e Sudeste, que são o centro da economia, mídia e cultura do país, carregam diversos rótulos relacionados às outras regiões.

De forma geral, as classes econômicas mais altas também utilizam a língua como determinante para dominar aquelas menos favorecidas. Por apresentarem menor qualificação profissional, elas são mal remuneradas, e essa prática acaba reforçando a divisão de classes.

Preconceito linguístico – Marcos Bagno

Marcos Bagno é professor, doutor em Filologia, linguista e escritor. Atua nas áreas de sociolinguística, literatura infanto-juvenil e ensino da Língua Portuguesa no Brasil.

Bagno é o autor do livro Preconceito linguístico: O que é, como se faz (1999), no qual descreve os principais aspectos da língua e as consequências do preconceito linguístico na sociedade.

O professor defende que, quando se trata da língua, não existe certo ou errado. Segundo ele, os dicionários e a gramática apresentam um modelo idealizado, repleto de regras, construções sofisticadas e palavras eruditas, baseado na norma escrita.

Entretanto, esse modelo é impossível de ser seguido na língua falada, uma vez que existem modos de falar muito diferentes entre si. Por isso, o preconceito linguístico seria apenas um pretexto para discriminar outros grupos sociais devido a suas características socioculturais e socioeconômicas.

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