Vinicius de Moraes

Na biografia de Vinicius de Moraes, importante poeta e compositor brasileiro, está a composição de Garota de Ipanema e outras obras que falam sobre o amor.

O carioca Vinicius de Moraes foi um importante poeta, compositor, dramaturgo e diplomata brasileiro.

Um clássico de suas composições é a música Garota de Ipanema, escrita em conjunto com Antônio Carlos Jobim.

Além de ser um dos importantes nomes da Música Popular Brasileira (MPB), Vinicius de Moraes é um dos fundadores do movimento da Bossa Nova, estilo musical da década de 1950.

Na literatura, o seu nome está entre os participantes da segunda fase do Modernismo.

Biografia de Vinicius de Moraes

Marcus Vinicius de Melo Moraes, mais conhecido como Vinicius de Moraes, filho do funcionário público e poeta Clodoaldo Pereira da Silva e da pianista Lídia Cruz, nasceu no Rio de Janeiro, em 19 de outubro de 1913. O poeta teve três irmãos: Lygia, Helius e Laetitia.

Desde jovem apresentava aptidão para composições poéticas. No Colégio Jesuíta Santo Inácio iniciou os estudos secundários e no coral da igreja aprimorou habilidades musicais.

Em 1928, aos 15 anos de idade, iniciou as suas composições musicais.

Carreira de Vinicius de Moraes

Com 16 anos de idade, em 1929, Vinicius de Moraes começou a cursar direito na Faculdade Nacional do Rio de Janeiro. Formou-se em 1933, apesar de não ter exercido a profissão.

No mesmo ano, publicou O Caminho para a Distância, seu primeiro livro de poemas.

Atuou na censura cinematográfica como representante do Ministério da Educação, até 1938. Depois, foi agraciado com uma bolsa de estudos em Londres para estudar Literatura Inglesa, na Universidade de Oxford.

Vinicius atuou na BBC Londrina até 1939. Um ano depois, em 1940, deu o pontapé inicial na profissão de jornalista ao ser colunista de crítica de cinema no jornal A Manhã.

Ainda na década de 1940, mais precisamente em 1943, Vinicius de Moraes conseguiu a aprovação no concurso para Diplomata. Diante disso, foi para os Estados Unidos assumir a função de vice-cônsul em Los Angeles.

Logo após, em 1953, exerceu a função em Paris; no ano de 1959, em Montevidéu; e em 1963, mais uma vez em Paris. O poeta retornou ao Brasil em 1964, aposentando-se compulsoriamente pelo AI-5 (Ato Institucional Número Cinco), em 1968.

Poesia de Vinicius de Moraes

Uma importante expressão da segunda fase do Modernismo, ao publicar sua Antologia Poética, em 1955, o poeta afirma que a obra está elencada em duas fases.

A primeira etapa teria início em O Caminho para a Distância (1933) e término com o poema Ariana, a Mulher (1936), sendo completa por misticismo e crenças cristãs. Já a segunda fase começa com Cinco Elegias (1943) e apresenta uma poesia mais viril.

Tendo o mundo material como parte de suas produções, os poemas de Vinicius de Moraes abrangem a preocupação com o cotidiano e os anseios sociais.

Teatro e Cinema

A peça teatral Orfeu da Conceição foi publicada em 1956. Apresentada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, a obra era encenada com composições de Vinicius e Tom Jobim.

Além do teatro, o título foi levado para o cinema por Marcel Camus, com o filme Orfeu Negro. O longa-metragem obteve sucesso por todo o mundo, ganhando a Palma de Ouro e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Música de Vinicius de Moraes

Ao regressar ao Brasil, Vinicius de Moraes se dedicou à poesia e à música popular brasileira.

Realizou parcerias com Chico Buarque, Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Francis Hime, Edu Lobo e Carlos Lyra.

Além disso, Vinicius fez participação em vários shows e esteve presente nas gravações de notórios cantores e compositores, tais como Chico Buarque de Holanda, Elis Regina e Maria Bethânia.

E o mundo infantil também foi contemplado, mediante o lançamento do álbum Arca de Noé, em 1980. Depois, ele teve um especial para a televisão.

Vida amorosa

Vinicius de Moraes teve uma vida amorosa tumultuada, com muitas experiências conjugais. Ele se casou nove vezes e teve cinco filhos.

As suas mulheres foram Beatriz Azevedo, Regina Pederneira, Lila Bôscoli, Maria Lúcia Proença, Nellita de Abreu, Cristina Gurjão, Gesse Gessy, Marta Rodrigues e a empresária e assessora de imprensa, Gilda Matoso, a última de suas esposas.

O poeta faleceu na sua cidade natal, em 09 de julho de 1980, em razão de um edema pulmonar.

Garota de Ipanema

Tom Jobim e Vinicius de Moraes compuseram, em 1962, o maior hino da Bossa Nova, a canção Garota de Ipanema.

A letra da canção tem como inspiração Helô Pinheiro, a moça que passava próximo ao bar Veloso (hoje Garota de Ipanema), em Ipanema, com destino ao mar.

O sucesso foi regravado mais de 200 vezes por todo o mundo. Inclusive, há pesquisadores que a consideram como a segunda música mais ouvida no século 20, perdendo apenas para Yesterday, dos Beatles.

Obras de Vinicius de Moraes

  • O Caminho Para a Distância (1933) – poesia
  • Forma e Exegese (1935) – poesia
  • Ariana, a Mulher (1936) – poesia
  • Novos Poemas (1938) – poesia
  • Cinco Elegias (1943) – poesia
  • Poemas, Sonetos e Baladas (1946) – poesia
  • Pátria Minha (1949) – poesia
  • Orfeu da Conceição (1954) – teatro
  • Antologia Poética (1955) – poesia
  • Livro de Sonetos (1956) – poesia
  • O Mergulhador (1965) – poesia
  • O Amor dos Homens (1960) – prosa
  • Para Viver um Grande Amor (1962) – prosa
  • Pobre Menina Rica (1962) – teatro
  • Cordélia e o Peregrino (1965) – teatro
  • Para uma Menina com uma Flor (1966) – prosa
  • A Arca de Noé (1970) – poesia

Poemas de Vinicius de Moraes

Soneto de separação (1938)

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Soneto de fidelidade (1939)

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Poema dos Olhos da Amada (1959)

Ó minha amada
Que olhos os teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe nos breus…

Ó minha amada
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus…

Ó minha amada
Que olhos os teus
Se Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas eras
Nos olhos teus.

Ah, minha amada
De olhos ateus
Cria a esperança
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus.

Frases de Vinicius de Moraes

Amai, porque nada melhor para a saúde que um amor correspondido.

A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.

Quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém.

Com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia eu fiz o cimento da minha poesia.

Críticos são sujeitos que têm mau hálito no pensamento.

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