Anne Frank: uma vítima do Holocausto

A história da menina Anne Frank ficou mundialmente conhecida através de seu diário publicado em 1947.

A história da menina Anne Frank ficou mundialmente conhecida através de seu diário publicado em 1947. “O Diário de Anne Frank” foi traduzido para diversos idiomas, virou peça de teatro e filme, em suas páginas é possível entender um pouco sobre os horrores sofridos pelos judeus durante o regime nazista de Hitler.

“Quando escrevo, liberto-me de tudo; minhas tristezas desaparecem, minha coragem renasce. Mas _ e essa é a grande pergunta _ poderei algum dia escrever algo de realmente importante, ser jornalista ou escritora? Espero que sim, espero de todo o coração, pois quando escrevo recapturo tudo, pensamentos, ideias, fantasias, tudo…”

(Trecho extraído do livro “ O Diário de Anne Frank”. Pág. 167.)

Campo de Concentração de Auschwitz na Polônia, um dos maiores símbolos do Holocausto
Campo de Concentração de Auschwitz na Polônia, um dos maiores símbolos do Holocausto

Anne Frank era uma garota sonhadora e cheia de planos como a maioria das garotas de sua idade. No seu décimo terceiro aniversário ganhou de presente um caderno que seria transformado em um diário e em seu melhor amigo, companheiro nos momentos de angústia, alegria e solidão. Escrevia com naturalidade e desenvoltura, desejava ser escritora ou jornalista, ” para um dia escrever coisas importantes”, não viveu o bastante para concretizar esse sonho.

Biografia e História de Anne Frank

Annelies Marie Frank nasceu em 1929 na Alemanha, se mudou com sua família para a Holanda em 1933, onde viveria a maior parte de sua vida. Morava com seus pais e sua irmã mais velha Margot, eram de origem judia.

O período compreendido entre o nascimento e morte de Anne Frank (1929-1945) foi um dos mais conturbados do século XX. Nesse curto espaço de tempo o mundo presenciou uma grave crise econômica (A crise de 1929), a ascensão e queda dos regimes nazi fascistas, a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto.

A vida de Anne e sua família seria transformada drasticamente em 1933 quando Adolf Hitler seria nomeado chefe do governo alemão. Quando ele assumiu o poder a Alemanha enfrentava sérios problemas econômicos e uma intensa instabilidade política, os índices de desemprego eram altos e a República de Weimar (nome dado a Alemanha no final de Primeira Guerra Mundial) estava mergulhada no caos.

Nesse mesmo ano a família de Anne Frank se muda para a Holanda, em uma tentativa de escapar da fúria do partido nazista e sua ideologia antissemita (oposição aos judeus). Hitler surge nesse cenário como o salvador do povo alemão, desde o final da Primeira Guerra Mundial, eles ansiavam por um líder forte que os retirariam da crise e devolveria a eles a dignidade perdida com a derrota na Guerra.

Hitler aliava carisma e poder, reacendeu a esperança dos alemães em ver sua nação reconstruída, conquistou a confiança de diversos setores da sociedade. Para colocar em prática a sua promessa de reerguer a Alemanha deu início a uma política de perseguição a tudo aquilo que impedia o progresso do seu povo.

Segundo a ideologia nazista, o povo alemão descendia de uma raça superior, a ariana, sua origem era formada por brancos e nobres, e tudo o que fosse diferente deveria se exterminado, para não interferir na superioridade da raça.

A teoria da supremacia da raça ariana é o início de uma política de extermínio aos judeus e a outras minorias étnicas, não podemos esquecer que negros, homossexuais, ciganos, Testemunhas de Jeová também foram perseguidos, essa prática ficaria conhecida na História como Holocausto.

Originalmente esse termo designava os sacrifícios que os antigos hebreus ofereciam a Deus. Mas no século XX ele foi usado para se referir ao extermínio de judeus em todos os territórios europeus invadidos por Hitler.

Uma das estratégias adotas por Hitler para garantir a superioridade da raça ariana era a expansão territorial, seu objetivo era o de conquistar o maior número de territórios e dominar toda a Europa. Assim, em 1939 quando suas tropas invadiram a Polônia é deflagrada a Segunda Guerra Mundial, os alemães conquistaram uma série de vitórias nos primeiros anos da guerra.

Por onde suas tropas passavam, sua polícia política, a Gestapo iniciava uma “limpeza” étnica, assim judeus e outras vítimas eram enviados para os campos de concentração. Em 1942 quando os alemães invadiram a Holanda a família de Anne Frank passou a se esconder em um anexo secreto, permanecendo isolados do mundo até 1944 quando foram descobertos e levados para campos de concentração.

Os campos de concentração passaram a receber todos os prisioneiros do nazismo, estavam espalhados por toda a Europa, os mais famosos foram o de Auschwitz-Birkenau na Polônia e o de Bergen-Belsen na Alemanha. As vítimas eram obrigadas a realizar trabalhos forçados, eram constantemente agredidos, dormiam amontoados em espaços sem o mínimo de salubridade, o que facilitava a propagação de doenças.

Dos 9 milhões de judeus que moravam na Europa, dois terços morreram nesses campos, cerca de 6 milhões. Eram assassinados em massa nas câmaras de gás. Anne Frank e sua irmã foram enviadas para o campo de Auschwitz e depois transferidas para o de Bergen-Belsen onde morreram em 1945. As meninas sucumbiram ao tifo, uma doença infecciosa transmitida por pulgas, piolhos ou carrapatos. Anne tinha apenas quinze anos, seu pai Otto Frank foi o único sobrevivente de sua família.

Quando a guerra terminou Otto voltou para a Holanda onde teve acesso ao diário de sua filha e após muitos esforços conseguiu a sua publicação em 1947. “O Diário de Anne Frank” viria a se tornar um dos livros mais famosos do século XX.

A Alemanha de Hitler foi derrotada em janeiro de 1945 quando as tropas aliadas invadiram o seu território, a partir daquele momento o mundo tomou conhecimento da existência dos Campos de Concentração e dos horrores praticados pelos nazistas contra os judeus e outras minorias. Os prisioneiros que lá estavam foram libertados, os campos foram transformados em museus e atualmente recebem milhares de visitantes todos os anos.

Após a morte de Anne, com a divulgação do seu diário, milhares de pessoas em todo o mundo tiveram a oportunidade de conhecer a história da perseguição aos judeus sob a óptica de uma de suas vítimas, a menina se tornaria famosa e o Holocausto, um dos capítulos mais cruéis de nossa história deverá ser para sempre lembrado para nunca mais ser repetido.

Lorena Castro Alves
Graduada em História e Pedagogia

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