Apple pode estar diminuindo a vida útil de seus dispositivos de propósito

A Apple está sob investigação por alegações de práticas supostamente relacionadas à programação da obsolescência em seus dispositivos, um comportamento que está sendo supostamente desenvolvido na França desde dezembro de 2022.

Em outras palavras, a empresa estaria lançando dispositivos com uma “data para o fim”, onde, a partir dali, não prestaria mais nenhum tipo de suporte, “matando” o dispositivo.

Essas suspeitas surgiram com base em uma denúncia feita pela Halte à l’Obsolescence Programmée (HOP), uma organização que monitora esse tipo de conduta na indústria de grande escala.

De acordo com um artigo da agência AFP, divulgado na última segunda-feira (15), a acusação está mais diretamente relacionada ao programa de reparos da Apple, que requer o número de série do produto antes de disponibilizar peças de hardware para substituição.

Essa medida, que passou a valer recentemente e é considerada “estranha”, restringiria a possibilidade de conserto de iPhones, iPads e MacBooks mais antigos.

Além disso, o programa de reparos tende a não aceitar a inclusão de peças não vendidas pela própria Apple em possíveis substituições.

Com isso, muitos proprietários de dispositivos da marca podem ficar sem opções, uma vez que as peças de reposição originais da Apple têm preços elevados e nem sempre estão disponíveis.

Para endossar as dúvidas em relação à conduta da Apple, o HOP também expressa preocupação com o modo como a empresa permite a realização de reparos.

De acordo com a organização, a empresa envia peças aos seus usuários para que façam reparos em casa, o que estaria afetando, ainda que indiretamente, o meio ambiente.

Segundo o Halte à l’Obsolescence Programmée, o ideal seria a disponibilização de lojas autorizadas para os consertos, pois os reparos do tipo “faça você mesmo” podem gerar resíduos que são posteriormente descartados de forma incorreta pelos usuários.

Em outra denúncia feita recentemente, o HOP fez com que a Apple pagasse uma multa de € 25 milhões (cerca de R$ 134 milhões na cotação atual).

Na ocasião, a entidade apontou que a empresa estava reduzindo o desempenho de iPhones mais antigos à medida que as suas baterias ficavam velhas e eram trocadas por outras não originais.

Ainda segundo a matéria divulgada pela AFP, a Apple ainda não foi notificada pelo Ministério Público francês acerca das novas denúncias.