As maiores manifestações populares da história brasileira
Movimentos populares foram responsáveis por grandes transformações na sociedade ao longo de nossa história. Relembre os mais marcantes!
A greve dos caminhoneiros é o assunto mais tratado pelos noticiários desde sua deflagração no dia 20 de maio. Imagens das filas quilométricas nas rodovias, postos sem combustível e falta de produtos nas prateleiras são as mais frequentes em jornais e revistas.
Como já foi, extensamente, falado, a greve foi iniciada por motoristas autônomos, contratados por transportadoras e outras associações da categoria. Tudo começou depois que a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos apresentou ofício pedindo o congelamento do preço cobrado pelo óleo diesel, além da abertura das negociações.
Para que o preço seja reduzido, o pedido é que o governo estabeleça regras para reajustes do produto. Como assim? Simples! Atualmente, os valores cobrados dependem da variação do petróleo no mercado internacional, além da cotação do dólar.
Os caminhoneiros afirmam que o valor praticado hoje inviabiliza o transporte de mercadorias. Mas, o grupo foi ignorado, o que configurou o estopim das paralisações. Ao longo dos dias, os grevistas têm conseguido o apoio de motoristas de carros particulares, motociclistas, transportes por aplicativo e outros que pedem pela redução dos preços dos combustíveis, como gasolina e etanol.
No domingo (27), o presidente da República, Michel Temer, proferiu pronunciamento anunciando concessões na tentativa de acabar com a greve, incluindo o congelamento do preço do óleo diesel por 60 dias e a queda de R$ 0,46 p/litro nas refinarias.
Mas, o impasse continua. Os grevistas afirmam que as exigências não foram atendidas por completo, por isso, as manifestações seguem adiante.
Há quem diga que a greve pode mudar os rumos do país, tendo em vista as consequências sérias que já provocam. Mas, essa não é a primeira situação do tipo ocorrida em nossa História!
Vamos relembrar, então, as maiores manifestações populares que foram capazes de transformar a realidade do Brasil!
Greves Operárias (início do século XX)
No início do século XX, os trabalhadores industriais não tinham acesso aos direitos trabalhistas mais básicos de conhecemos hoje. Baixos salários, condições insalubres, jornadas excessivas, além da mão de obra infantil montavam o cenário daquela época nas fábricas das grandes cidades.
Boa parte dos trabalhadores da época era composta por imigrantes europeus que traziam, consigo, ideais comunistas e anarquistas. A primeira grande greve aconteceu em 01º de maio de 1907 e durou até meados de junho. Mesmo que reprimida de forma violenta, conseguiu instituir a adoção do regime de 8h trabalhadas.
A segunda aconteceu dez anos depois, em razão da crise instalada pelo fim da Primeira Guerra Mundial. Salários baixos, escassez de alimentos e o aumento das jornadas trabalhadas culminaram em uma passeata no dia 09 de julho, em São Paulo. O movimento foi, duramente, reprimido e terminou com a morte do sapateiro Antônio Martinez.
O assassinato provocou uma paralisação que chegou 45 mil funcionários parados, a maior parte, operários de São Paulo.
Revolta da Vacina (1904)
O sanitarista Oswaldo Cruz, na época, chefe da Diretoria de Saúde Pública e prometeu resolver o problema da febre amarela em três anos. Para isso, criou uma lei que tornava a vacina obrigatória.
No texto da Lei, os agentes de saúde poderiam adentrar nas casas, levantar braços e pernas dos moradores para aplicar a medicação. Muitos, obviamente, entenderam isso como invasão de privacidade, mais ainda, como um atentado ao pudor.
As ações arbitrárias, invasões de lares, interdições forçadas e os despejos foram os ingredientes que levaram 3 mil pessoas às ruas. Os moradores foram apoiados pelos alunos da Escola Militar da Praia Vermelha que queriam voltar ao poder afastando o Presidente Rodrigues Alves.
A revolta da Vacina tomou a cidade por oito dias, mais precisamente, entre 10 e 18 de novembro daquele ano. O saldo foi de 30 mortos, 110 feridos, 1.000 detidos, centenas de deportações, além do fechamento da escola militar.
Passeata dos 100 Mil (1968)
Movimento estudantil, intelectuais, artistas, setores da Igreja e outros representantes organizaram protesto contra a ditadura militar em junho de 1968. Naquele ano, dois estudantes foram mortos em confrontos com forças policiais, mas, a passeata seguia com clima festivo. O evento acabou com cinco estudantes presos.
Quatro meses depois, agressões verbais entre anticomunistas da Mackenzie e esquerdistas da USP culminaram em briga com direito a rojões, pedras, paus, molotov e tiros. Um dos alunos da USP foi morto. Dias depois, congresso realizado pela União Nacional dos Estudantes em Ibiúna, São Paulo foi invadido pela polícia.
A ação terminou com a prisão de 900 estudantes e a perseguição a alguns pais funcionários públicos. Em 13 de dezembro, foi declarado o AI5, que dava plenos poderes ao presidente da República para retirar direitos políticos e civis de dissidentes, confiscar seus bens e dissolver o Congresso.
A repressão foi o estopim para guerrilhas rurais e urbanas que tentaram atacar os militares nas décadas de 60 e 70. Os movimentos foram derrotados, mas, a resistência de 1968 tornou-se o modelo de luta pela redemocratização do país.
Diretas Já (1984)
As eleições presidenciais estavam extintas desde 1964 e, entre janeiro e abril de 1984, comícios de grandes proporções foram realizados pedindo a volta das eleições diretas, movimento conhecido como Diretas Já. As maiores foram realizadas no final do período – 1 milhão de pessoas na Candelária (RJ) e 1,5 milhão no Vale do Anhangabaú, em São Paulo.
Mas, é importante relembrar o comício realizado na Praça da Sé que reuniu entre 300 e 400 mil pessoas. O coro que cantava “Um, dois, três, quatro, cinco, mil, queremos eleger o presidente do Brasil” engrossou a mobilização que levaria multidões às ruas em todas as capitais brasileiras.
Impeachment do Presidente Collor (1992)
As intensas denúncias de corrupção contra Fernando Collor de Mello, medidas que levaram o país à recessão, inflação acumulada e o confisco das cadernetas de poupança foram os ingredientes perfeitos para as manifestações realizadas naquele ano.
Milhares de pessoas saíram às ruas pedindo a saída do presidente. Uma das mais expressivas foi a realizada em São Paulo no dia 18 de setembro, reunindo cerca de 750 mil pessoas.
Protestos de 2013
“Não são só vinte centavos”. Quem não se lembra dessa frase que deu nome às manifestações realizadas em 2013 contra o aumento das passagens de ônibus? Quatro grandes protestos tomaram corpo na cidade de São Paulo, no mês de junho.
Porém, estudantes, jornalistas e manifestantes em geral se mobilizaram em diversas cidades brasileiras. Os protestos tomaram grandes proporções e conseguiram com que as tarifas fossem reduzidas em algumas capitais.
Outras passeatas, ainda, foram feitas depois disso, porém, sem objetivos tão claros. O fato é que culminaram na crise política resultantes em outro impeachment, dessa vez, da presidente Dilma Roussef.
Manifestações de 2016
O Brasil saiu às ruas em 2016, mais uma vez, para pedir a saída de outro governante. Mais de três milhões de pessoas em 229 cidades brasileiras.
A movimentação configurou o maior ato político da História, superando as Diretas Já. Naquele momento, o discurso tornou-se mais afinado que nas edições de dois anos atrás, demonstrando apoio às investigações da Operação Lavajato e repudiando o governo petista.
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