Banidos! Há livros infantojuvenis que estão sendo banidos nos EUA

De acordo com especialistas e defensores do livro, esta tem sido uma forma para o governo silenciar os autores no país.

O renomado romance fantástico “A Bússola de Ouro”, escrito pelo autor britânico Philip Pullman, conquistou um lugar de destaque na lista dos 100 melhores livros infantis de todos os tempos, em uma votação organizada pela BBC Culture. Com a sexta posição na lista, Pullman se torna o autor vivo com a melhor colocação.

O livro censurado é o primeiro da saga “Fronteiras do Universo” do escritor britânico. Ao ser lançado nos EUA em 1996, ele enfrentou proibições em algumas regiões do país. Em 2008, quase 10 anos após a estreia, alcançou um posicionamento crítico quanto ao conteúdo estando entre os livros mais questionados do país.

A obra do autor despertou controvérsias devido à visão de mundo relatada, considerada por alguns como um livro de cunho ateísta, o que se tornou suficiente para perturbar alguns grupos estadunidenses. Foi quando a Liga Católica questionou a inclusão do livro entre as publicações proibidas da ALA (Associação Norte-Americana de Bibliotecas).

No Reino Unido, o escritor Philip Pullman recebeu críticas do colunista Peter Hitchens, que o descreveu como um autor contra as perspectivas de C.S. Lewis, referindo-se ao autor das “Crônicas de Nárnia”.

Hitchens afirmou que Pullman era o escritor que os ateus teriam desejado, caso os ateus fizessem orações. Aqui, vemos que se trata de um posicionamento ideológico para determinar o banimento da obra.

Vale ressaltar que “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa”, o primeiro livro da série de Lewis, ocupa a sétima posição na lista dos 100 melhores livros infantis de todos os tempos, que também foi elaborada pela BBC.

Banimento de livros nos EUA tem se tornado comum

A proibição de “A Bússola de Ouro” pode ser vista como um exemplo inicial da censura de livros com base em motivos altamente ideológicos, morais ou religiosos. No entanto, nos Estados Unidos, a questão da censura e questionamento de livros atingiu níveis sem precedentes.

De acordo com a Associação Norte-Americana de Bibliotecas, houve um aumento significativo no número de questionamentos de livros em 2022, chegando a mais de 2.500 títulos individuais. Essa é a maior quantidade de tentativas de proibição de livros registrada desde que a ALA começou a rastrear esses dados, há mais de 20 anos.

Conforme destacado pela presidente da instituição, Lessa Kanani’opua Pelayo-Lozada, as tentativas de proibir livros são, em essência, uma forma de silenciar os escritores que têm a coragem de compartilhar suas histórias.

A diversidade de vozes na literatura é fundamental para promover o entendimento, a empatia e a construção de uma sociedade mais inclusiva.

Conforme ressaltado por Pelayo-Lozada, grande parte dos livros questionados são escritos por autores LGBTQ+ ou pertencentes a minorias étnicas, ou abordam questões relacionadas a essas comunidades. Esses livros estão disponíveis nas bibliotecas porque são solicitados e desejados por membros da comunidade.

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