Brasil em alerta: casos de doença erradicada são registrados

Doença respiratória altamente contagiosa volta a crescer no Brasil, principalmente devido à baixa cobertura vacinal.

Nos últimos meses, o Brasil tem registrado um aumento significativo nos casos de coqueluche, uma doença respiratória que muitos acreditavam estar sob controle.

Também conhecida como “tosse comprida”, a coqueluche é causada pela bactéria Bordetella pertussis e afeta principalmente crianças e bebês. A baixa cobertura vacinal é apontada como um dos principais motivos para o retorno desta doença que pode ser fatal em casos graves.

O retorno da coqueluche

De acordo com o infectologista José Cerbino Neto, do Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz), o aumento de casos de coqueluche é esperado a cada cinco anos devido ao comportamento cíclico do patógeno.

Contudo, a baixa taxa de vacinação tem criado um bolsão de pessoas suscetíveis, facilitando a transmissão da doença.

A situação é agravada pela melhoria nos sistemas de vigilância e diagnóstico, que aumentam a detecção dos casos.

Sintomas da coqueluche

A coqueluche se manifesta inicialmente com sintomas semelhantes aos de um resfriado comum, incluindo febre baixa, mal-estar geral e coriza. Essa fase, chamada de fase catarral, dura de uma a duas semanas e é a mais infectante.

Em seguida, a patologia evolui para a fase paroxística, em que ocorrem crises de tosse intensa, podendo levar a vômitos e dificuldade respiratória. Tal estágio pode durar de duas a seis semanas.

Dr. Rosana Richtmann, infectologista e consultora em vacinas, alerta que as crises de tosse podem ser tão fortes que causam saliência nos olhos, protusão da língua, salivação, lacrimejamento e até hemorragias.

Em casos mais graves, pode haver complicações neurológicas, como encefalites e convulsões.

A importância da vacinação

A vacinação é a principal medida preventiva contra a coqueluche. No Brasil, a vacina pentavalente, que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo B, é oferecida gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).

O esquema de vacinação inclui doses aos dois, quatro e seis meses de idade, com reforços aos 15 meses e aos quatro anos.

A baixa cobertura vacinal tem sido uma preocupação constante. Em 2022, a taxa de vacinação com a DTP, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, caiu para 77,25%, um índice muito abaixo dos 93,81% registrados em 2012.

Em 2024, a cidade de São Paulo registrou uma cobertura vacinal de apenas 45,25% para a DTP em menores de um ano de idade.

Cuidados e tratamento

Além da vacinação, o tratamento precoce com antibióticos é crucial para reduzir a gravidade e a transmissibilidade da doença.

Dr. Cerbino Neto enfatiza que quanto mais cedo o tratamento for iniciado, maiores as chances de evitar complicações graves.

É fundamental que gestantes recebam a vacina tríplice bacteriana tipo adulto (dTpa) a partir de 20 semanas de gestação para proteger o bebê nos primeiros meses de vida.

Tal proteção materna passiva é essencial, pois os recém-nascidos são mais vulneráveis às complicações graves da coqueluche.

*Com informações de O Globo, Drauzio Varella e Minha Vida.

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