Brasil está entre os países que mais consomem microplásticos? Veja o ranking
Descubra em quais países a ingestão e inalação de microplásticos atingem níveis alarmantes.
A presença de microplásticos em nosso cotidiano é uma preocupação crescente em todo o mundo. Essas partículas, com menos de 5 milímetros, são encontradas em alimentos, bebidas e até no ar que respiramos.
Invisíveis a olho nu, elas resultam da degradação de produtos plásticos maiores que se fragmentam ao longo do tempo devido à exposição ao sol, vento e ondas.
Com o passar dos anos, os microplásticos se acumulam nos ecossistemas, especialmente nos oceanos, e acabam entrando na cadeia alimentar, afetando tanto a vida marinha quanto os seres humanos.
Um estudo recente, liderado por pesquisadores da Universidade de Cornell e publicado na revista Environmental Science & Technology, mapeou a ingestão e a inalação de microplásticos em 109 países.
Segundo Fengqi You, professor de Engenharia de Sistemas Energéticos e coautor do estudo:
“A absorção de microplásticos em nível nacional é um indicador crítico da poluição plástica e dos riscos à saúde pública.”
O estudo oferece uma visão abrangente, levando em conta fatores como hábitos alimentares, tecnologias de processamento de alimentos, demografia etária e taxas de respiração para estimar como os microplásticos são consumidos em diferentes países.
Países que mais consomem microplásticos
O consumo de microplásticos através da alimentação é especialmente elevado em países do Sudeste Asiático, onde a dieta rica em frutos do mar contribui significativamente para isso.
A Malásia lidera o ranking global, com uma ingestão média de 15 gramas de microplásticos por pessoa a cada mês, proveniente principalmente de fontes aquáticas, como peixes e frutos do mar contaminados.
O estudo aponta que este nível de consumo representa um aumento de 59 vezes na ingestão diária de microplásticos entre 1990 e 2018.
Logo após a Malásia, a Indonésia ocupa o segundo lugar, com um consumo mensal estimado em 13 gramas por pessoa.
Países como Egito, Filipinas e Vietnã seguem na lista, com consumos que variam entre 10 e 12 gramas por mês. Tais países compartilham altos níveis de poluição marinha e dependem fortemente de frutos do mar na alimentação.
Em contrapartida, nações como Paraguai, Paquistão e Síria estão no extremo oposto, com as menores taxas de consumo, registrando menos de 1 grama por mês.
No Paraguai, por exemplo, o consumo médio é de apenas 0,85 gramas por mês, devido à menor exposição a alimentos de origem marinha e uma dieta menos industrializada.
10 países que mais consomem microplásticos (em gramas/mês)
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Malásia – 15g
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Indonésia – 13g
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Egito – 12g
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Filipinas – 11g
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Vietnã – 10g
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Laos – 9g
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Tailândia – 8,5g
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Camboja – 8g
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Gana – 7,5g
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Congo – 7g
Inalação de microplásticos também preocupa
A inalação de microplásticos é outra preocupação significativa, especialmente em grandes centros urbanos com alta poluição do ar.
China e Mongólia encabeçam a lista dos países que mais inalam microplásticos, com os residentes respirando mais de 2,8 milhões de partículas diariamente.
Esse número alarmante reflete o alto nível de industrialização e a poluição atmosférica intensa nessas regiões.
No Reino Unido e na Irlanda, que ocupam a terceira posição, a inalação de microplásticos também é alta, com uma média de 791 mil partículas inaladas diariamente por pessoa.
O dado é reforçado por estudos anteriores, como o realizado pelo King’s College London, que encontrou concentrações elevadas de micropartículas plásticas no ar de Londres, em parte devido às microfibras provenientes de têxteis acrílicos.
Top 10 países que mais inalam microplásticos (em partículas/dia)
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China – 2,8 milhões
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Mongólia – 2,8 milhões
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Reino Unido – 791 mil
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Irlanda – 791 mil
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Gâmbia – 600 mil
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Egito – 580 mil
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Laos – 550 mil
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Mianmar – 530 mil
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Malásia – 520 mil
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Filipinas – 500 mil
Comparação global e impactos na saúde
Ao comparar os dados entre diferentes regiões, torna-se evidente que os países em desenvolvimento estão mais expostos aos microplásticos, tanto em termos de consumo quanto de inalação. Fengqi You destaca que:
“A industrialização em economias em desenvolvimento, particularmente no Leste e Sul da Ásia, levou ao aumento do consumo de materiais plásticos, geração de resíduos e absorção humana de microplásticos.”
Isso se deve, em grande parte, à poluição dos oceanos, à gestão inadequada de resíduos e à falta de regulamentação ambiental eficaz.
Nos Estados Unidos, a ingestão média de microplásticos é de cerca de 2,4 gramas por mês, o que é significativamente menor do que em países asiáticos.
Em termos de inalação, os americanos respiram aproximadamente 300 mil partículas de microplásticos diariamente, um número elevado, mas ainda inferior ao dos países líderes nesse ranking.
O Brasil, embora não esteja entre os maiores consumidores ou inaladores de microplásticos, ocupa a 60ª posição entre os 109 países avaliados.
No entanto, o índice tem crescido, com microplásticos sendo encontrados em quantidades crescentes na água, alimentos e até mesmo no ar.
A exposição contínua a microplásticos representa um risco sério à saúde pública. Segundo o estudo, tais partículas podem transportar contaminantes e patógenos, além de liberar substâncias químicas tóxicas no organismo humano.
Isso pode levar a problemas respiratórios, inflamações e, potencialmente, a doenças crônicas como câncer e distúrbios hormonais.
*Com informações de Universidade de Cornell e Daily Mail.
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