Cabelo de mega pode vir de ralos e do lixo e trazer doenças

Você ficará com vontade de arrancar os cabelos depois de ficar sabendo a origem das mechas do seu mega.

Você já se perguntou de onde vêm as extensões de cabelo que adicionam volume e comprimento aos cabelos? No coração do mundo da moda e da beleza, existe um mercado paralelo e surpreendente: o comércio global de cabelo humano. Este negócio que movimenta milhões, percorre continentes, esconde histórias fascinantes e, muitas vezes, nojentas sobre a origem das mechas que adornam cabeças ao redor do mundo.

De templos sagrados na Índia a oficinas discretas na Ásia, a jornada do cabelo humano até chegar aos salões de beleza é repleta de segredos, descobertas e algumas coisas nada agradáveis.

As extensões de cabelo, presentes em salões de beleza e lojas online, oferecem uma variedade inacreditável. As opções vão desde o ‘cabelo virgem’ do Brasil e do Peru até o ‘remy’ da Índia. Porém, raramente se menciona a China, mesmo que grande parte das mechas tenha essa origem. A China é o maior exportador e importador de cabelo humano, colhendo vastas quantidades de sua população.

A professora de antropologia Emma Tarlo, após uma pesquisa de três anos, descobriu que muitos desses cabelos começam sua jornada como resíduos de escovas e ralos. Sim, você leu direito, o cabelo do seu mega pode ter vindo de um ralo há milhares de quilômetros de distância. Este ‘cabelo padrão’, como é frequentemente chamado, é coletado e passa por um longo processo de transformação.

Em países como Mianmar e Índia, mulheres trabalham em oficinas desembaraçando e separando esses cabelos. Esse trabalho meticuloso, que exige até 80 horas para processar 1,5 kg de cabelo, é um testemunho da complexidade dessa indústria.

A qualidade das extensões varia e muito. No topo do mercado estão os cabelos ‘virgens’ e ‘remy’, cortados ou raspados diretamente do doador. Em contraste, as extensões de cabelo ‘padrão’, as quais muitas vezes são tratadas quimicamente para remover as cutículas e evitar emaranhados, resultando em uma qualidade inferior.

Além da China, a Índia é um player importante neste mercado. Templos hindus, como o de Tirumala, coletam cabelos de peregrinos em rituais sagrados e os vendem, gerando milhões de dólares anualmente. Esse cabelo é então processado e distribuído em escala mundial.

Por trás dessa indústria, há preocupações com relação à exploração. Inúmeros relatos sugerem que, em alguns casos, os cabelos são coletados de formas duvidosas, incluindo de lixões e ralos (drenos) urbanos. Além desse cenário inacreditavelmente nojento de cabelos que estavam em ralos serem usados para fazer extensões, eles vêm acompanhados de riscos à saúde. Esses riscos estão associados a extensões mal processadas, incluindo a presença de nitritos e, em alguns casos, até mesmo lêndeas e piolhos, além de contaminação por óleo, sujeira e restos de células da pele. Sem mencionar os riscos para a saúde do seu couro cabeludo, mas isso papo para outro dia.

Cabelos que ainda não foram processados nas ruas de Mianmar. Fonte: Emma Tarlo

Consultores como Eva Proudman (tricologista e fundadora do UK Hair Consultants) alertam sobre os perigos de comprar extensões baratas através de sites na internet. A falta de regulamentação e controle de qualidade levanta questões éticas e de saúde. Ela aconselha os consumidores a procurarem empresas respeitáveis e especialistas em extensões de cabelo.

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