Casal fatura R$ 1,7 milhão com pipoca colorida que aprendeu a fazer no Japão
A 'Pop's Fantasy' faz o maior sucesso em Marília (SP), e tudo começou quando Toshio e Suzana mudaram de ares depois de 10 anos no Japão.
A mudança de carreira pode acontecer em qualquer momento da vida. Toshio Hito, de 51 anos, é a prova disso. Após uma carreira como publicitário, ele desistiu das agências e entrou para o ramo alimentício.
Com a esposa, o homem mantém uma franquia de pipocas coloridas em Marília, interior de São Paulo, que fatura R$ 1,7 milhão anualmente. E tudo isso começou do outro lado do mundo, no Japão. Entenda essa história inspiradora!
Publicidade: a alma do negócio, mas não do homem
Toshio, desde tenra idade, sonhava em ser publicitário. Em 1990, deu o pontapé para realizar esse sonho e começou a trabalhar em uma pequena agência de publicidade de Marília.
Lá, ele era desenhista e arte finalista. Mesmo sem curso superior – por não ter conseguido passar no vestibular na época –, subiu posições no mercado de publicidade e chegou a ser diretor de arte e criação.
Mas ele viu que esse não era o caminho que o faria feliz e que não se sentia realizado. “Ganhava pouco e sentia que, embora me esforçasse tanto, o sonho alimentado desde a infância de fazer campanhas marcantes em grandes agências não iria se realizar”, disse Toshio ao UOL.
Bom dia, Brasil; Boa noite, Japão
Sete anos depois de entrar na carreira de publicitário, decidiu abandonar tudo e mudar-se para o Japão. Por lá, fez de tudo um pouco: trabalhou em fábricas de componentes eletrônicos, na limpeza de peixes e também na coleta de reciclados.
O trabalho foi pesado, mas o dinheiro compensou. Em apenas três anos, conseguiu juntar dinheiro suficiente para construir uma casa de alvenaria para os pais.
Alguns anos depois, ele conheceu Suzana, sua atual esposa, enquanto ambos trabalhavam em fábricas diferentes em uma província de Kyoto. Cinco anos depois, voltaram ao Brasil para se casar e para em seguida voltar ao Japão, mas um problema familiar fez com que ficassem de vez.
Então, começaram a vender pipoca. “Foi uma necessidade para gerar renda para nos manter no Brasil, com um investimento de baixo valor”, disse. “Também percebemos a oportunidade que havia nesse segmento de snacks, com um produto popular, mas que carecia totalmente de inovação”.
Cheiro de pipoca no ar
Com um investimento de R$ 5 mil, o casal colocou a Pop’s Fantasy nas ruas de Marília. À época, o negócio era um carrinho de pipoca que circulava pela cidade.
Mas não eram pipocas comuns; elas tinham aquela inovação que faltava: algumas pipocas tinham queijo crocante, cores e embalagens chamativas e diferentes e aromas que chamavam a atenção. “A ideia é que o saco de pipoca parecesse um presente”, explicou Hiro ao UOL.
Além disso, eles investiram em um diferencial que sempre dá certo: deram atenção especial ao cliente e não ao dinheiro dele. Toshio anotava nomes, sabores favoritos e até mesmo nome do animal de estimação dos consumidores. Assim, criava fidelidade.
Milho quase queimou
A empresa passou por uma dificuldade séria em 2008 e quase foi à falência. Toshio e Suzana quiseram dar um passo maior com a empresa e resolveram abrir um ponto físico para a Pop’s Fantasy.
Entretanto, o local não foi o mais adequado. Segundo Hito, era uma rua com muito movimento de carros, porém poucos pedestres. Com isso, adquiriram uma dívida de R$ 70 mil.
O que os salvou foi uma incubadora de empresas de Marília. No local, Hito e Suzana tinham consultoria, mas também faziam pipoca e guardavam alguns utensílios. Em três anos, recomeçaram.
Futuro promissor
A partir daí, investiram em participar de eventos e, em 2012, se estabilizaram com mais novidades no mercado: pipoca de chocolate belga, napolitana, aromas de frutas e também incorporaram algodão-doce saboreado no cardápio.
Hoje, a empresa está estabilizada com suas guloseimas coloridas, vendidas no atacado e no varejo, por preços que variam de R$ 9,90 a R$ 12,90. Em 2022, o faturamento anual da Pop’s Fantasy foi de R$ 1,7 milhão.
A Pop’s tem nove funcionários, entre eles quatro imigrantes venezuelanos. Toshio vê como uma forma de retribuir o acolhimento e as oportunidades que tiveram no Japão no início dos anos 2000.
“Os venezuelanos buscam aqui aquilo que os dekasseguis brasileiros e nós mesmos buscamos no Japão quando precisamos”, salientou.
*com informações do UOL
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