O Ciclo do Ouro

Tudo sobre o Ciclo do Ouro no Brasil - O que foi, resumo, história e fim do ciclo.

O que foi o ciclo do ouro? Na primeira metade do século XVIII, a descoberta de ouro na região de Minas Gerais provocou uma intensa migração de pessoas de todas as regiões do Brasil em busca do enriquecimento fácil.

Estrangeiros vindos principalmente de Portugal também vieram tentar a sorte na colônia, causando muitas vezes atritos com os garimpeiros locais. O ciclo do ouro modificaria as estruturas da colônia provocando o surgimento de novas vilas e cidades dependentes economicamente desse metal extremamente valioso.

Crise açucareira

No final do século XVII, a economia açucareira começou a apresentar sinais de crise. A concorrência com o açúcar produzido pelos holandeses nas ilhas da América Central obrigaram os portugueses a diminuir o valor de seu produto, o que ocasionou uma significativa queda nos lucros obtidos.

Portugal se afundava em dívidas, a metrópole era sustentada basicamente por suas colônias, os altos custos com a Coroa e a diminuição da renda obtida com o açúcar gerava a necessidade de encontrar novas fontes de lucro.

Coincidentemente, a crise do negócio do açucareiro ocorreu no mesmo período em que foram encontradas as primeiras minas de metais preciosos na região correspondente ao estado de Minas Gerais. A mineração se tornaria a principal atividade econômica da colônia, o que não significava a extinção das lavouras de cana-de-açúcar e dos engenhos.

Desde a chegada dos portugueses até a primeira metade do século XX, o Brasil sobreviveu economicamente falando, de três produtos: o açúcar, o ouro e o café. As demais atividades praticadas nos períodos desses ciclos eram voltadas quase que essencialmente para a subsistência.

A Descoberta das Minas

Com a descoberta do ouro, a maioria dos escravos passou a trabalhar nas minas, as lavouras perderiam um considerável número de trabalhadores. A riqueza gerada pela descoberta do ouro não possibilitou o enriquecimento de todos os habitantes da colônia, mas sim, de uma pequena parcela da população que passou a ostentar luxo e riquezas. Apesar disso, houve uma intensa transformação na sociedade, o lucro gerado pelos metais preciosos era investido no desenvolvimento e embelezamento das vilas, além de contribuir para a efervescência cultural.

A descoberta de ouro na colônia causou uma grande agitação em todo o território dominado pelos portugueses. A esperança em se obter um enriquecimento rápido promoveu um deslocamento de trabalhadores de todas as partes para a região das minas, o que provocou uma crise de abastecimento, havendo surtos de fome, em especial na região das minas.

Mapa das Minas no Mato Grosso

As regiões que hoje correspondem os estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso atraíram milhares de homens em busca de uma vida melhor: negociantes falidos, comerciantes, desocupados, imigrantes portugueses, todos vieram com o sonho de uma oportunidade que lhes proporcionassem o enriquecimento. Estima-se que a população da colônia passou de trezentos mil habitantes no ano de 1700 para mais de três milhões um século mais tarde.

Crescimento Urbano e Transferência da Capital

A mineração estimulou a criação de novas vilas e cidades, os mineradores construíam casas próximas às minas para facilitar o seu trabalho, dessa forma os centros urbanos iriam adquirindo importância em um cenário que antes era dominado por elites rurais.

Essas mudanças ocasionadas pela nova atividade transferiu à região sudeste a importância socioeconômica que antes era dedicada ao Nordeste do país. Com o deslocamento das atenções para a nova região, fez se necessário mudar a capital da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro.

A transferência da capital foi uma estratégia da Coroa para se aproximar da região mineradora. A proximidade do centro do poder com as minas, facilitava o controle e fiscalização do governo. Para abastecer as vilas e cidades em volta dos centros de garimpo e liga-las ao porto do Rio de Janeiro, foram construídas estradas que favoreciam a intensificação do comércio.

O crescimento populacional e as riquezas obtidas com o ouro estimularam o crescimento do mercado consumidor. Houve um aumento da produção de alimentos e da criação de gado, a oferta de excedentes também possibilitou a exportação de produtos como: vinho, azeite de oliva, sal, tecidos, calçados, louças, ferragens, etc.

A Intensificação do Domínio sob as Minas

Na intenção de exercer total domínio sobre a mineração, Portugal criou em 1702 a Intendência das Minas, órgão responsável por distribuir as datas (pedaços de terra a serem explorados pelos garimpeiros) e cobrar os impostos dos mineradores.

Entre os principais impostos estavam: o quinto, pagamento de um quinto do ouro encontrado; derrama: imposto que visava complementar os mil e quinhentos quilos de ouro que os mineradores deveriam repassar para a Coroa todos os anos. Caso essa meta não fosse atingida, os soldados portugueses invadiam as casas daqueles que não conseguiam cumpri-la a fim de tomar o que eles tivessem de valor.

Os altos impostos cobrados pelo governo deu origem à prática do contrabando. Os mineradores tentavam burlar a sistema de fiscalização da Coroa transportando ouro nas botas, nas roupas, nas unhas e em santos de madeira, o que fez surgir à expressão “santo do pau oco”.

Na busca de evitar a sonegação, a Coroa criou as Casas de Fundição no ano de 1520. Todo ouro encontrado deveria ser encaminhado para esse órgão, onde ele seria transformado em barras que receberiam o selo real. O ouro que circulasse dentro da colônia deveria apresentar essas características, caso contrário era considerado contrabando.

Com a descoberta de diamante em 1729, a Coroa decidiu que a exploração ficaria a cargo dos contratadores, homens de confiança do governo. Os mineradores foram expulsos das regiões das minas e as terras arrendadas a esses empresários. Com o esgotamento das minas, os governantes aumentaram a pressão pela cobrança de impostos, o que incentivou a eclosão de diversas rebeliões coloniais.

Confira também:

Lorena Castro Alves
Graduada em História e Pedagogia

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1 comentário
  1. Janiel Fernandes Diz

    As Casas de Fundição foram criadas em 1520? Tá correto?

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