Cientistas criam protótipo de ‘biocomputador’ unindo tecido neural sintético e sistema de IA
No experimento, foram usados ‘minibrains’, que são pequenos cérebros cultivados em laboratório.
Em um novo estudo publicado na última segunda-feira (11) na revista Eletrônica Natureza, cientistas explicaram como uniram organoides cerebrais sintéticos com modelos de IA no que pode ser a estrutura precursora dos biocomputadores.
Também conhecidos como “minibrains”, os organoides são feitos a partir de tecido neural cultivado em laboratório. Ou seja, são mini cérebros sintéticos.
Resumidamente, os organoides funcionam como a peça central do experimento, recebendo e transmitindo informações que são originadas e depois captadas pela Inteligência Artificial utilizada.
Com isso, a IA acaba aprendendo mais sobre a estrutura e o funcionamento do cérebro humano, o que pode revolucionar essa tecnologia que ganhou destaque em 2023.
Ainda é cedo para afirmar que estão sendo desenvolvidos supercomputadores “metade humanos, metade robóticos”, mas, como supracitado, as bases para futuros biocomputadores com alto poder de processamento podem ter sido lançadas.
(Imagem: divulgação)
A interação entre o orgânico e o sintético
Em outro ponto do estudo, os especialistas responsáveis observaram como a IA interagiu com os estímulos elétricos dos minibrains, decodificando e aprendendo novas informações.
Um dos coautores do estudo, o professor Feng Guo, da Universidade de Indiana Bloomington, explicou esse resultado.
“Basicamente, podemos codificar a informação — algo como uma imagem ou informação de áudio — no padrão temporal-espacial de estimulação elétrica”, disse.
Vale destacar que o organoide cerebral não é nem de perto tão complexo quanto o cérebro humano. De qualquer forma, contém neurônios suficientes para emular a atividade da massa cinzenta “original”.
Outros resultados do estudo
Ao correlacionar os minibrains com Inteligência Artificial, os cientistas observaram a ampla capacidade do novo sistema de processar mecanismos de fala e conhecimento matemático.
Para se ter uma ideia, num dos primeiros experimentos o sistema de IA e minibrains foi capaz de processar palavras japonesas e formular respostas para problemas matemáticos.
Esses resultados animadores demonstraram de uma vez por todas que os biocomputadores podem sim ser reais um dia, mesmo que isso demore a acontecer.
De qualquer forma, ter máquinas de Inteligência Artificial com estruturas baseadas nos circuitos neurais do cérebro humano impulsionaria a IA a níveis jamais vistos.
Ademais, isso geraria economia de energia, uma vez que os nossos cérebros otimizam e reutilizam pouquíssimas quantidades de energia, em comparação com computadores não orgânicos.
A junção entre cérebro humano e aprendizado de máquina é também uma forma entender melhor como se dão patologias neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson.
Em última análise, os biocomputadores serão ferramentas úteis na busca por tratamentos para doenças que atingem o sistema nervoso central e afetam a cognição.
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