Cientistas detectam movimentações estranhas na placa tectônica indiana, abaixo do Tibete

O local, que abriga a maior cadeia de montanhas do planeta, tem um histórico de intensas movimentações geológicas.

Uma análise recente de dados sísmicos coletados no sul do Tibete, combinada com uma nova abordagem às pesquisas anteriores, proporcionou uma representação surpreendente das imensas forças que operam abaixo da cordilheira do Himalaia.

Os pesquisadores, provenientes de instituições dos Estados Unidos e China, compartilharam os resultados durante a Conferência da União Geofísica Americana, realizada em São Francisco (EUA), no último mês de 2023. Eles alertaram para a desintegração em curso da placa tectônica indiana, à medida que ela avança ao longo do “porão” da placa eurasiana, situada imediatamente acima.

A movimentação geológica descrita pelos especialistas desencadeou a formação do planalto tibetano e da colossal cordilheira do Himalaia, onde se ergue o Monte Everest, a montanha mais alta da Terra.

Há aproximadamente 60 milhões de anos, a placa indiana foi subduzida sob a placa eurasiana, impulsionada por correntes de rocha derretida em direção ao manto. Esse processo gradual resultou na elevação da massa terrestre do sul da Eurásia, originando as maiores montanhas do planeta.

Estudos adicionais sobre a densidade do manto e da crosta indicam que a placa continental indiana, caracterizada como “bastante flutuante”, não afundará facilmente. No entanto, isso sugere a possibilidade de que as seções submersas da crosta continuem a ser fragmentadas sob a placa eurasiana.

Outra hipótese considerada é a distorção da placa indiana, levando algumas partes a se “enrugarem” e se dobrarem, enquanto outras “mergulham” no manto terrestre abaixo.

Tudo isso está acontecendo no “porão” do Tibete

(Imagem: zelvan/Shutterstock/reprodução)

Em uma pesquisa liderada pelo geofísico Lin Liu, da Universidade Oceânica da China, uma onda em forma de “S”, movendo-se “para cima e para baixo”, foi detectada abaixo do sul do Tibete. A descoberta foi realizada por meio de 94 estações sísmicas de banda larga distribuídas por toda a região.

Os dados obtidos levaram os cientistas a concluir que os movimentos sísmicos agressivos, que deram origem ao Himalaia no passado, continuam a ocorrer. Embora o significado preciso ainda seja desconhecido, essa foi a primeira vez que esse movimento foi registrado.

Sistemas semelhantes ao utilizado pela equipe de Lin Liu já conseguiram identificar terremotos subterrâneos imperceptíveis na superfície e até mesmo o esmagamento de fragmentos antigos e desgarrados de placas tectônicas a uma profundidade de 100 quilômetros.

Atualmente, os cientistas empenham-se na obtenção de uma amostra tridimensional das assinaturas captadas. Ter uma descrição 3D nítida dos limites e bordas das placas à medida que se movem juntas não só facilita a compreensão da evolução da superfície terrestre, mas também poderia orientar futuros métodos de previsão de terremotos.

* Com informações de Science Alert

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