Cientistas enviam esperma de rato ao espaço: o que isso tem a ver com o nosso futuro?

Pesquisadores do Centro de Biotecnologia Avançada da Universidade de Yamanashi, no Japão, têm investigado a viabilidade de reprodução de mamíferos no espaço.

Tal estudo inovador utiliza esperma de camundongos armazenado na Estação Espacial Internacional (ISS), com o objetivo de compreender o impacto do ambiente espacial na reprodução.

O material, protegido em uma caixa contra a intensa radiação espacial, vai retornar à Terra no próximo ano. Em seguida, os cientistas conduzirão análises detalhadas para avaliar a viabilidade da criação de descendentes saudáveis a partir do esperma exposto às condições espaciais.

A pesquisa liderada pelo professor Teruhiko Wakayama busca desenvolver um sistema seguro para preservar recursos genéticos terrestres no espaço. Tal iniciativa visa assegurar a continuidade da vida, mesmo diante de possíveis desastres catastróficos no planeta.

Esperma de camundongos tem sido congelado e enviado ao espaço – Imagem: reprodução/Carlito Canhadas/Pixabay

Desafios e avanços dos experimentos espaciais

Desde 2013, os cientistas enfrentam dificuldades em manter mamíferos vivos no espaço. Por isso, optaram por metodologias mais simples, como o uso de esperma liofilizado.

Em uma experiência anterior, o esperma de camundongo foi enviado à ISS e, posteriormente, usado na Terra para fertilizar fêmeas, o que resultou em filhotes saudáveis.

Os testes iniciais confirmaram que a radiação no espaço provoca danos menores no DNA, mas tais prejuízos são corrigidos após a fertilização. Além disso, novos experimentos envolvem embriões congelados, que foram recentemente descongelados e cultivados na ISS.

Já em agosto de 2021, embriões congelados de ratos foram enviados à ISS, onde passaram por um processo de cultivo de quatro dias. Os resultados indicaram que eles se desenvolveram normalmente em blastocistos, sem alterações significativas no DNA. A gravidade, por sua vez, não influenciou o desenvolvimento.

Perspectivas futuras para a reprodução no espaço

A pesquisa de Wakayama se destaca por sua abordagem inovadora em relação à reprodução de mamíferos no espaço. Embora experimentos anteriores tenham sido realizados com outras espécies, como peixes e pássaros, os mamíferos representam um desafio maior.

Essa linha de estudo pode ser crucial para as futuras missões de exploração e colonização espacial, pois os avanços obtidos até agora já mostram que a reprodução em condições espaciais é viável.

Com isso, abre-se um leque de possibilidades para a preservação da vida fora da Terra, o que contribui significativamente para a biotecnologia espacial.