Cientistas propõem novos parâmetros para definir o que é um planeta

Pesquisadores teorizam uma nova definição para planetas, mas Plutão ainda permanece fora dessa classificação.

A definição de planeta é um tema que desperta intenso debate na astronomia, especialmente desde que Plutão foi desclassificado como planeta em 2006.

Naquela ocasião, a União Astronômica Internacional (International Astronomical Union – IAU) revisou os critérios para classificar planetas, excluindo Plutão, que foi rebaixado a planeta-anão.

Agora, quase duas décadas depois, um grupo de cientistas propõe uma nova definição para o que é um planeta, baseando-se em critérios mais quantitativos, mas que ainda não resgata Plutão ao status planetário.

O que define um planeta?

Segundo a definição da IAU de 2006, um planeta é um corpo celeste que atende a três critérios principais:

  • Orbita uma estrela;

  • Possui massa suficiente para que sua gravidade o molde em uma forma quase esférica;

  • ‘Limpa’ sua vizinhança orbital, ou seja, domina sua órbita ao ponto de não compartilhar espaço com outros corpos de tamanho similar.

Foi esse último critério que excluiu Plutão da lista de planetas, já que ele divide sua órbita com vários objetos do Cinturão de Kuiper.

Apesar de seu uso generalizado, tal definição não está isenta de críticas. Um dos principais problemas apontados é a sua limitação ao Sistema Solar, excluindo planetas que orbitam outras estrelas, os chamados exoplanetas.

Além disso, a exigência de ‘limpar a vizinhança’ é vista como subjetiva e difícil de quantificar. Como destacou Brett Gladman, astrônomo da Universidade da Colúmbia Britânica:

“O problema no passado era que você tinha a palavra ‘planeta’, mas não tinha uma definição quantitativa dela”.

A nova proposta de classificação dos planetas

Reconhecendo essas limitações, Gladman e seus colegas propuseram uma nova definição mais universal e baseada em números claros.

De acordo com a proposta, um planeta seria definido principalmente por sua massa. Um corpo celeste seria considerado um planeta se tivesse uma massa mínima de 102310^{23}1023 kg e uma massa máxima de até 13 vezes a massa de Júpiter. Gladman explica:

“Essa abordagem elimina a ambiguidade dos critérios anteriores, focando em medidas objetivas”.

Essa mudança de foco para a massa como critério principal também aborda a dificuldade de determinar a esfericidade de objetos distantes, especialmente exoplanetas.

Jean-Luc Margot, astrônomo da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e um dos autores da proposta, argumenta que:

“O critério da esfericidade é simplesmente inobservável. Não temos a tecnologia para isso e não a teremos tão cedo”.

Portanto, ao adotar a massa como referência, a nova definição busca simplificar e tornar mais precisa a classificação planetária.

Plutão ainda fica de fora da lista

Mesmo com essa redefinição, Plutão não se qualificaria como planeta, pois sua massa está abaixo do limite mínimo proposto. Tal exclusão continua a ser uma questão emocional e científica para muitos.

“Os seres humanos estão muito ligados à linguagem, nomes e classificações, porque é assim que entendemos o mundo”.

Gladman faz esta observação e ressalta que, embora a ciência precise de definições precisas, há um impacto significativo nas percepções públicas.

A proposta dos cientistas também destaca que planetas em sistemas fora do nosso Sol, os exoplanetas, agora poderiam ser classificados de maneira mais consistente.

Isso remove a limitação do critério de ‘limpar a órbita’, permitindo que corpos que coabitam suas órbitas com outros objetos sejam considerados planetas, desde que tenham a massa necessária.

O futuro dos planetas

A nova proposta certamente impulsionará discussões dentro da comunidade científica, especialmente durante a próxima Assembleia Geral da IAU, onde será formalmente apresentada. Segundo Gladman:

“Não importa quantas críticas você possa fazer à definição atual da IAU, pelo menos você pode estar satisfeito que o resultado, os oito planetas, é uma classificação razoável”.

No entanto, ele e seus colegas esperam que essa definição recente inspire uma reavaliação global de como classificamos planetas.

Para Mike Brown, astrônomo no Instituto de Tecnologia da Califórnia que foi uma das figuras centrais na desclassificação de Plutão, qualquer novo conceito deve equilibrar avanços científicos com a compreensão pública.

*Com informações de Smithsonian Magazine, Live Science e CNN.

você pode gostar também

Comentários estão fechados.