Cientistas sugerem que existe um 'vulcão de gelo' em Plutão; entenda essa teoria
Ao contrário dos fumegantes vulcões de lava da Terra, o planeta anão teria 'criovulcões' que expelem água gelada, amônia e outros materiais congelados.
Em nosso planeta, quanto mais interior for a camada terrestre, mais alta será a temperatura. Em vista disso, é impossível imaginar um vulcão sem fazer a associação a elevados níveis térmicos.
Isso porque a lava expelida com o dinamismo das placas tectônicas vem das camadas mais interiores da Terra. Portanto, um vulcão ativo expele o magma, material que é basicamente o substrato de rochas derretidas em altas temperaturas.
Contudo, o contrário acontece em Plutão. Os cientistas descobriram o que pode ser um impressionante “vulcão gelado”. A descoberta foi revelada por uma equipe liderada pelo cientista planetário, Dale Cruikshank.
A teoria do vulcão gelado de Plutão foi publicada como artigo no repositório arXiv, que analisa a estrutura do planeta anão e apresenta uma fascinante explicação para a existência do que agora é denominado de “criovulcão”.
O “criovulcão” de Plutão
A cratera Kiladze fica na região de Hayabusa Terra e é o epicentro dessa descoberta. Com quase 44 quilômetros de diâmetro, a cratera é notável por seu histórico de erupções.
(Imagem: NASA, Johns Hopkins University/APL, Southwest Research Institute/Reprodução)
Porém, ao contrário dos vulcões terrestres que lançam lava incandescente, as erupções em Kiladze liberam “criolava”, uma substância formada por compostos voláteis, como água congelada e amônia.
Uma das características mais intrigantes da cratera Kiladze é sua relativa juventude, sugerindo que sua atividade observada agora ocorreu ao longo dos últimos milhões de anos.
A equipe de pesquisa acredita que várias erupções podem ter ocorrido desde a criação da estrutura. Além disso, a cratera se destaca por seus arredores peculiares, onde a água congelada e a amônia cobrem a superfície. Isso contrasta com a maior parte de Plutão, caracterizada por metano e nitrogênio congelados.
A combinação desses elementos sugere a presença de um processo interno que transporta tal mistura de compostos do interior de Plutão para a superfície do planeta anão.
Como essa “lava gelada” é criada?
A hipótese de um criovulcão ativo implica que algo tem acontecido dentro do astro, possibilitando o surgimento de água congelada na superfície.
Os cientistas acreditam que esse calor seja gerado pelo decaimento de elementos radioativos no núcleo de Plutão. Tal descoberta levanta a possibilidade de um oceano de água líquida ou até bolsões de gelo e lama em seu interior.
A presença de amônia na superfície de Plutão também é um enigma a ser desvendado. Acredita-se que a amônia tenha se originado no interior do planeta anão, pois ela tem a capacidade de reduzir o ponto de congelamento da água, facilitando que ela flua como “magma” congelado através dos criovulcões.
No entanto, é importante observar que o estudo, que levanta inúmeras questões fascinantes sobre Plutão e sua geologia, foi publicado no repositório arXiv e ainda não passou pelo processo de revisão por pares.
Isso significa que a comunidade científica agora terá a oportunidade de avaliar e debater os resultados dessa pesquisa inovadora, que lança uma nova luz sobre os mistérios de Plutão e seu potencial vulcânico criogênico.
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